Xadrez de Trump e o controle da moeda pelos bilionários, por Luís Nassif

Trump explora o nacionalismo, a crítica pela ultradireita, as reclamações do americano branco para simular defesa da reindustrialização.

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Se quiser entender os movimentos erráticos do presidente norte-americano Donald Trump, mire-se no financista escocês John Law, e não no presidente norte-americano James Madison, o primeiro a utilizar tarifas para implementar a industrialização.

O que está em jogo, por parte de Trump e do clube dos bilionários, não é uma mera guerra tarifária e uma competição com a China. Eles querem, efetivamente, é o controle do sistema monetário nacional, criando um caos completo que permita a implantação das moedas universais, as criptomoedas, em substituição aos sistemas monetários nacionais.

As maiores tacadas da história ocorreram em processos de mudança nos padrões monetários. Ocorreu na França napoleônica, no Brasil do Encilhamento, no início da República, e no Brasil do Plano Real. 

Peça 1 – John Law e o papel moeda

A reforma monetária de John Law foi uma série de medidas econômicas e financeiras implementadas na França no início do século XVIII, durante a Regência de Filipe II, Duque de Orleães (1715-1723), após a morte de Luís XIV. John Law, um economista e financista escocês, propôs soluções para resolver a crise financeira do reino francês, que estava endividado após anos de guerras e gastos excessivos.

  1. Introdução do Papel-Moeda (1716-1720):
    • Law fundou o Banco Geral (Banque Générale) em 1716, que emitia notas lastreadas em moedas de prata. Esse banco foi transformado em Banco Real (Banque Royale) em 1718, sob controle do Estado.
    • A ideia era substituir o metal (ouro e prata) por papel-moeda, aumentando a circulação de dinheiro e estimulando a economia.
  2. Criação da Companhia do Mississippi (1717):
    • Law fundou a Companhia do Ocidente (depois Companhia das Índias Orientais), que detinha o monopólio do comércio colonial francês, especialmente na Louisiana (América do Norte).
    • A empresa absorveu outras companhias comerciais e a dívida pública francesa, tornando-se uma gigante financeira.
  3. Conversão da Dívida Pública em Ações:
    • Law propôs que os detentores de títulos da dívida pública os trocassem por ações da Companhia do Mississippi, reduzindo o endividamento do Estado.
    • Isso gerou um grande interesse especulativo, levando a um aumento artificial no valor das ações (o que ficou conhecido como “Bolha do Mississippi”).
  4. Expansão do Crédito e Inflação:
    • O Banco Real emitiu grandes quantidades de papel-moeda sem lastro suficiente, levando a uma desvalorização da moeda.
    • A confiança no sistema diminuiu quando as pessoas perceberam que as riquezas prometidas na Louisiana eram exageradas.
  5. Colapso do Sistema (1720):
    • Em 1720, a bolha especulativa estourou, e o valor das ações despencou.
    • Muitos investidores ficaram arruinados, e o papel-moeda perdeu quase todo seu valor.
    • Law foi demitido e fugiu da França, enquanto o governo retomou o padrão-ouro.

Peça 2 – o Encilhamento e o Plano Real

Deu-se esse nome, de Encilhamento, ao vendaval especulativo que explodiu no país, no início da República, estimulado pelas decisões do então Ministro da Fazenda Ruy Barbosa.

Houve uma mudança do padrão monetário – do padrão ouro para o papel-moeda – e, aproveitou-se o momento para grandes “tacadas”, denominação dos golpes financeiros aplicados principalmente por Carlito, o Carlos de Sá Barbosa, sobrinho de Ruy e principal articulador dos golpes financeiros do tio. Ruy entregou a um banco particular – do Conselheiro Mayrink – o controle das emissões monetárias. E se tornou sócio do banqueiro.

Carlito foi o principal responsável por uma das primeiras bolhas especulativas da história do Brasil, a da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, através de “tacadas” na Companhia de Gás do Rio de Janeiro, em companhias ferroviárias e de telégrafos.

Caiu o governo Deodoro e Ruy Barbosa precisou se exilar na Inglaterra.

O Real foi bem sucedido, em cima das lições trazidas pelo Encilhamento – e que foram tema de um trabalho do jovem Gustavo Franco. Todas as regras de conversão da moeda privilegiavam os detentores de dólares. E a ação do governo no controle do câmbio foi central para as grandes tacadas dos economistas do Real no mercado futuro de câmbio.

Conto em detalhes sua história no livro “Os Cabeças de Planilha”.

Peça 3 – o controle da moeda pelos bilionários

Linha do Tempo – Bilionários e a Ascensão das Criptomoedas


📌 2017

  • Peter Thiel investe pessoalmente e através da Founders Fund em Bitcoin, comprando centenas de milhões de dólares em BTC, apostando no ativo como reserva de valor futura.
  • Chamath Palihapitiya (ex-Facebook) declara publicamente que já tem Bitcoin desde 2012 e que o ativo vai “descentralizar o poder financeiro”.

📌 2018

  • Jack Dorsey (Twitter/Square) afirma: “O Bitcoin será a única moeda global no futuro.”
  • A Square começa a permitir a compra e venda de BTC em seu app Cash App, dando um passo para uso mainstream.

📌 2020

  • MicroStrategy, sob liderança de Michael Saylor, compra seus primeiros US$ 250 milhões em Bitcoin, transformando o BTC em parte do caixa corporativo.
  • Paul Tudor Jones, bilionário gestor de fundos, chama o Bitcoin de “o cavalo mais rápido na corrida contra a inflação”.
  • Jack Dorsey e Jay-Z criam um fundo para desenvolver o Bitcoin como moeda global, especialmente na África.

📌 2021

  • Tesla compra US$ 1,5 bilhão em Bitcoin, e Elon Musk anuncia que aceitará BTC como pagamento por veículos (embora depois reverta).
  • Cathie Wood da ARK Invest aumenta exposição institucional ao Bitcoin e à Coinbase.
  • El Salvador se torna o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial, com apoio direto de várias figuras do mercado cripto.
  • CZ (Binance) anuncia expansão agressiva para países em desenvolvimento e integração de mais soluções DeFi.

📌 2022

  • Jack Dorsey renomeia a Square para Block, para reforçar o foco em blockchain e finanças descentralizadas.
  • Lançamento da Lightning Network integrada ao Cash App, permitindo micropagamentos em BTC com taxa quase zero.
  • Michael Saylor deixa o cargo de CEO da MicroStrategy para focar exclusivamente em Bitcoin institucional.

📌 2023

  • Tim Draper afirma publicamente que até 2030 o Bitcoin será a principal moeda de transações globais.
  • Andreessen Horowitz investe bilhões em startups de Web3 e blockchain (via fundo a16z Crypto).
  • Coinbase (Brian Armstrong) intensifica lobby em Washington para criar regras claras pró-cripto nos EUA.

📌 2024

  • Michael Saylor anuncia que a MicroStrategy acumulou mais de 200.000 BTC.
  • BlackRock, maior gestora do mundo, lança ETF de Bitcoin, dando respaldo institucional definitivo.
  • Elon Musk sugere que o X (Twitter) poderá integrar criptoativos diretamente para pagamentos globais.
  • CZ (Binance) é processado, mas o mercado se fortalece com maior transparência e regulação.

🔮 Tendências futuras (2025 e além)

  • Mais bilionários devem adotar estratégias de proteção contra inflação via cripto.
  • Crescimento de nacionais digitais baseadas em blockchain, pressionando o dólar e moedas fiat.
  • Adoção de Stablecoins privadas e públicas em pagamentos internacionais.
  • Fortalecimento do papel de Bitcoin como ouro digital, com países acumulando BTC em reservas.

Peça 4 – é a moeda, estúpido!

À luz dessas informações, é possível identificar o método na loucura de Donald Trump. Alguém poderia supor que, por mais tosco que fosse, Trump não imaginou o caos que provocaria com suas investidas? Até o cachorrinho da sua secretária sabia.

Trump explora o nacionalismo norte-americano, a crítica ao Estado pela ultradireita, as reclamações do americano branco para simular uma defesa da reindustrialização.

O que busca, na verdade, é o caos completo, a partir do qual – imagina ele – surgirá um novo mundo, com os bilionários controlando corações, mentes e a moeda.

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21 Comentários

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  1. vamos chamuscar o banco central dos eua. o fed vai feder.

    Tem que acontecer alguma coisa, neném
    Parado é que eu não posso ficar
    Quero tocar fogo onde bombeiro não vem
    Vou rasgar dinheiro, tacar fogo nele
    Só pra variar

    (Raul Seixas, Só pra variar, Abra-te Sésamo)

  2. Minhas leituras, ao longo da minha vida, e a observação, absolutamente leiga, das movimentações econômicas tupiniquins – o corta-corta de zeros da moeda, o câmbio flutuante fixado artificialmente, os juros projetados para que investidores estrangeiros possam ganhar, aqui, o que jamais ganhariam em seus países, etc., etc., etc. -, me fizeram reduzir minha visão sobre economia a duas máximas: “Não existe fraude no sistema financeiro, o sistema financeiro é, em si, uma fraude”, e “dinheiro é coisa de pobre”.
    Esta é minha modesta contribuição à Economia Política, a contribuição de alguém que apenas sente, na pele (e no bolso), as consequências da transformação da economia real em economia financeira.
    Dinheiro é coisa de pobre: para 99% da população do planeta, dinheiro é sinônimo de salário. Salário é a parte que volta (zero vírgula alguma coisa), para o trabalhador, do que ele produziu, como bens, mercadorias, e serviços, sob a forma de dinheiro – que só possui, assim, valor de face. Já se vê que, a parte que fica com o empregador não tem a forma de dinheiro; transforma-se em capital (investimentos, bens, tudo que, verdadeiramente, tem valor, que, nessa ponta do problema, não é de face, é de fato. O salário do trabalhador é, assim, pago por ele mesmo, a ele mesmo, num montante infinitesimal em relação ao que ele produziu. O industrial bilionário, Henry Ford, que vivia a mesma situação, analogamente, com os bancos – deixando não parte infinitesimal, mas, como qualquer capitalista sabe, substancial, de seus ganhos com as sanguessugas bancárias, dizia que, no dia que o homem comum soubesse coo funcionava o sistema financeiro, começaria uma revolução no dia seguinte. Na verdade, a massa trabalhadora sequer sabe que seu salário é pago por ele mesmo, e não pelo patrão, e, no dia que souber, não começará uma revolução; apenas intensificará seu sonho louco de, um dia, ser rico – pois não sabe que ele, trabalhador pobre, é a causa da existência dos bilionários. Dinheiro é coisa de pobre: a moeda dos ricos são os juros, os títulos de dívida, pública e privada, etc.
    O que me leva à minha segunda máxima: não existe fraude no sistema financeiro, o sistema financeiro é, em si, uma fraude. Basta ler as peças 1,2, e 4 (ficou faltando a 3, Nassif) desse xadrez. Mais claro, impossível. E o vulgo, que ainda pensa que 1) quando se diz que um bilionário qualquer desses tem patrimônio de 20 bilhões de dólares, isso quer dizer que ele tem esse valor depositado em suas contas bancárias – literalmente, por exemplo, 200 milhões de notas de U$ 100 – ou 2) quando se diz que uma empresa perdeu 1 trilhão de dólares em seu valor de bolsa – idem ibidem, 10 bilhões de notas de U$ 100 – também imagina que, a partir desses infaustos acontecimentos, esses desafortunados cidadãos terão que se preocupar com o preço do tomate, da cebola, e da gasolina.
    O dinheiro é, longe, o mais poderoso instrumento de fé, que foi criado para controlar, e, diga-se tudo de uma vez, manter escravizado o ser humano despossuído – os tais 99% da população deste planeta. Já existiu materialmente, em diversas formas; e hoje, à semelhança de seu modelo (não digo o nome, mas é aquele que se deve escrever com inicial maiúscula), é invisível, virtual, e, certamente, apenas uma miragem, para nós. Mas nunca teve tanto poder como tem, hoje. Comparem o poder que, outrora, uma bola de futebol tinha sobre nós, moleques de pés descalços nas ruas, ou nos espaços vazios cada vez mais escassos nas cidades de hoje, com o poder que o mundo virtual sediado em um celular tem sobre não apenas os tais moleques de pés descalços, mas sobre toda a humanidade ainda possuidor de meios para consumir. Para os primeiros, bastavam alguns gritos das mães, para voltar ao mundo real; hoje, até as mães estão imersas nessa loucura. Ia dizer, para finalizar: “Meu Deus, salve-se quem puder”, mas creio que a primeira oração já pode ser dispensada. Salve-se quempuder.

  3. Trump e equipe tiveram 4 anos para criar um fenômeno de laboratório. Fizeram uma mistura de Jose Sarney com Fernando Collor.

    O resultado, um sub politico inseguro e errático , que vive como uma sanfona em forró.Se apertado, entrega o som. Falastrão, impulsivo, demagogo mas com aquilo roxo .

  4. Os eventos narrados com tom proféticos, ou melhor tipo Galileu Galilei, são meros efeitos de circunstâncias históricas bem mais complexas.

    Socorro Marx.

    Em todos os tempos, nunca houve um movimento como esse.

    Sempre se buscou o controle da moeda, ao mesmo tempo que se impunha esse padrão como “universal”, tudo na base das assimetrias entre a riqueza relativa das nações entre si.

    Claro que isso sempre foi acompanhado por um poder militar correspondente.

    Agora é totalmente o contrário.

    Não há mais valor (e mais valor), só anti valor.

    Então, não faz mais sentido ter um padrão internacional de troca.

    As capacidades soberanas de emissão de moeda e da tributação foram substituídas pelas dívidas, e emissões de dívidas e seus produtos derivados.

    Como esse enorme PIB não pode mais depender ou ser referenciado em moedas(valor), porque, justamente, esse enorme PIB é a antítese da ideia que gera valor, faz-se necessário autenticar os ativos através da disseminação dessa validação entre os agentes financeiros, onde os países soberanos(que deixaram de sê-lo, como dissemos acima) e suas moedas deixam de ser relevantes.

    Um pouquinho de leitura ajuda, Nassif.

  5. NÃO ERA ISSO Q EU DENUNCIAVA, A APROPRIAÇÃO DOS SISTEMAS DA INTERNET Q DEVERIAM SER PÚBLICOS PELOS BILIONÁRIOS ATÉ ME PRENDEREM E EU TER Q IR PARA A AOUTRA VIDA !!! ASS.:AARON SCHWARTZZ

  6. Valeu Nassif, essa evolução histórica do “fiat” bem demonstra que o mundo é dos espertos e que ao povo só resta contribuir com a boa fé e muito trabalho. Mas que é cansativa essa servidão voluntária, isso é.

  7. Hoje de manhã eu vi a entrevista na DW de um historiador militar alemão. Ele tem dito inclusive nos círculos militares alemães que frequenta que o mais provável é uma guerra entre Alemanha e Rússia em 2026. Ele quer que o novo governo acelere a produção de armamentos e o treinamento de soldados. O clima de paranoia que está sendo criado pelos alemães não vai tranquilizar os russos nem colaborar para a pacificação da Europa. Ao que parece os bilionários alemães estão dispostos a fazer qualquer coisa para não assumir a conta do colapso na Alemanha modelo neoliberal e industrial em que eles apostaram (e do qual se beneficiaram nas últimas décadas). Eles preferem causar uma guerra 3 deixar os alemães pobres serem incinerados sob as bombas enquanto fogem para os EUA com suas indústrias e riquezas. O problema é que os bilionários americanos parecem dispostos a fazer o mesmo com os pobres dos EUA. Desse jeito a ganância por lucro provoca uma guerra mundial, a destruição de toda vida de toda a riqueza e até mesmo de qualquer possibilidade de lucro.

    1. Os alemães terão que sucumbir à China e a Rússia se quiserem sobreviver. E eles querem. A Europa vai deixar de existir em breve tempo. Será simples Eurásia. O conto do vigário americano chega ao fim mesmo sob protesto dos bilionários.

  8. Sun Tzu disse :

    Se não é vantajoso, nunca envie suas tropas; se não lhe rende ganhos, nunca utilize seus homens; se não é uma situação perigosa, nunca lute uma batalha precipitada.

  9. In God We Trust.

    Os papéis-moeda eram lastreados em metais: Ouro ou prata. Embora depois
    eles tenham tirado esses lastros para lastrear por “confiança”, que não tem
    ligação de materialidade. A “confiança” de que o papel-moeda seja convertido
    em ouro ou prata é hoje um valor moral. Embora ainda permanecessem
    essa “confiança” nos ativos (ou supostos) ativos de quem emitiam esses papéis.
    E muito embora que não existam há muito tempo mais esse ouro ou prata para
    garantir mais essa troca desse pápel moeda em metais. É tudo imaginário na
    base da confiança em Deus: “In God We Trust”.

    Já os BITCOINS é uma moeda-digital, ou digital-moeda em tentiva de substituição
    ao papel-moeda; registrados em um simples banco de dados mysql em algum servidor
    pelo mundo da internet. Com cada registro com a segurança de um token (criptografia)
    único e controlado sua propriedade (quem é dono de cada pedaço de token) por
    um controle chamado “blockchain”. E são oferecidos ao mercado através de
    balcão de negócios para compra e venda. O lastro desses registros é a confiança
    de que esses “balcões” convertam os Bitcoins em moedas “reais” ou papéis-moeda,
    ou que você possa pagar por algum produto ou serviço usando eles.
    Ouro e Prata? Nem se falam. Esse banco de dados, seus registros, a segurança
    do token que unidos ao controle do Blockchain (que indica quem é o proprietário),
    o último a comprar. A “confiança” nesses registros mysqls? Continua em Deus.

    1. Essa é uma parte da história.

      Não é um deus, mas deuses.

      Não é só confiança.

      A unificação de padrões de troca, com lastros em metal, pedras, papel ou tesoura dependem da garantia militar dos países que emitem as moedas, e podem exigir, com mais ou menos, digamos, argumentos, que se confie mais ou menos neles, e em suas moedas.

      Com o fim desses “padrões soberanos”, a tarefa de “proteger essa confiança” vai recair sobre exércitos particulares.

      Mais ou menos como os feudos, só que não é uma repetição da história, porque se for, não será farsa, logo, será tragédia…

  10. Qual os segredos (geo)política de Trump e sua associação com as bigtechs? O quem tem a China para ser a inimiga da vez? O que está se desvelando ao mundo até então não percebido?

    Em geral, o que acontece nos recintos dos palácios são segredos de Estados e traduzidos em discursos públicos em inverdades, meias verdades, dubiedades, despistes (false flag), metáforas enigmáticas ou expressões codificadas. Cabem aos analistas astutos decifrarem cada palavra, expressão, gestos para deduzir as reais intenções de governos. Daí as muitas informações desencontras, notícias especulativas, fake news, “teorias de conspirações”. boatos. Dificilmente o povo, “senhor poder”, pouco sabe realmente o que acontece nos labirintos palacianos, até que vazem. E quanto vaza, o bisbilhoteiro é silenciado. Os jornalistas são as principais vítimas.

    Mas o que Trump e seus sócios intencionam? E a China por de trás de suas cortinas, o que trama?

    O xadrez metódico de Nassif apenas tangencia os fatos. E pouquíssimos outros jornalistas e analista fazem o mesmo. Todavia o quebra-cabeça aos poucos vai sendo montado. E o véu cai…

    Observa-se aos poucos as razões factíveis do Pres. Trump quanto ao controle exclusivo da moeda cripto universal, as ameaças de retaliações a países e blocos que prescindirem o dólar no comércio internacional, antes do implante do sistema cripto; as firmes declarações de apropriação diretas, incondicionais, de regiões ricas em minerais estratégicos, aplicação pesadas tarifas de importações e taxas, e proibições, de importação de produtos seletos, atração de empresas, fazem parte da implantação da Tecnocracia Ocidental privada em contraposição a construção da Tecnocracia Estatal oriental.

    Ambas as tecnocracias querem o controle exclusivo da moeda universal. O dólar está condenado pela dívida pública dos EUA e pelo excesso de moeda física (US$), esta, em última análise, também um título resgatável moralmente, ou seja, quando perder a confiança, se malogrado o sistema monetário global cripto, terão o calote a vista.

    A China pensa em yuan lastreado, já que (ainda, até que crie o sol artificial ou atinja o magma sub crosta) não tem energia para sustentar uma moeda cripto.

    Ambas as tecnocracias (naturalmente de direita) precisam de muito e muito dinheiro (reserva de energia termodinâmica, segundo Marx) para manter exércitos poderosos que defendam seus parques produtivos, e garanta o saque das poucas reservas minerais e fontes de energia para produção de tecnologias cada vez mais avançadas, a tecnologia aeroespacial e militar combinadas.

    De um e de outro lado hemisférico a corrida espacial em direção à Marte definirá a hegemonia estadunidense (Europa descartada) ou chinesa (e Ásia e o Global Sul controlado).

    O controle exclusivo da moeda universal, o poder militar e o avança tecnológicos combinados definirão se “Marte será território dos EUA ou na China). Quem controlar Marte controlará a expansão espacial. A Lua é pequena e instável. A Terra está esgotada e agonizante.

    A atual geopolítica, é a geopolítica de corso. A confusão na economia global é para reorientar e aumentar o fluxo de riqueza aos impérios ascendentes e descendentes. Revivemos o período mercantilista. De colônia à neocolônia, pelo menos enquanto houver bons gerentes de quintal.

    Enfim, parece que se revelam as intenções estadunidenses e chinesa.

    E o Brasil e o BRICs?

    Grosso modo, resta brigar por um sistema monetário unificado por moedas lastreadas em ativos e conversível num banco central de compensação crédito, rejeitando qualquer moeda cambiável, inclusive a cripto moeda universal. Mas o que é isto, companheiro?

    Fortalecer o bloco Sul Global, defender os recursos estratégicos, se puder, e desenvolver tecnologias coparticipativas, como fazem Índia, Irã, Japão, para entrar na corrida espacial em condições mínimas. Desafiar a produção de foguetes, investir em plataformas orbitais… Porém, desde já, abrir discussão sobre o Direito Espacial. Ista é imprescindível, antes que as instituições internacionais importantes cerrem as portas. Caso contrário, “esqueceram de mim”, numa terra inóspita.

    Este tema está sendo amplamente abordado na rede social VK (https://vk.com/vunusbunuscanis).

    1. Não acredito em padrão universal de troca em curto prazo.

      Vai ser uma carnificina, com a pulverização de moedas e emissões, levando ao estabelecimento de trocas ponta a ponta (crypto?).

      Talvez o ressurgimento de riqueza física para lastro seja determinada pela demanda das enormes fazendas de mainframes enterradas em desertos.

      Uma é impossível de estocar, que energia elétrica a outra não, é passível de estocagem e pilhagem, como vem sendo feito, que é a água que resfria esses sistemas.

      Enfim, o capitalismo está sendo superado, há uma nova corrida pela acumulação primitiva necessária para se definir quem deterá a hegemonia futura.

      Tenho dúvida se chamaremos de novo modo de organização de produção.

      Não existirá mais produção como conhecemos.

      Talvez será o modo organização de fluxos de riqueza e recursos.

  11. uma coisa é a física quantica e suas superstições. outra é a fissão nuclear e os computadores superquânticos. se Alan Turin quebrou a criptografia da comunicação enigma dos alemães à segunda grande guerra imagine quebrar a criptografia das moedas digitais cujo lastro é essa ficção chamada segurança digital, uma contradição interna, uma aporia.

    1. Quanto mais materialista o ser humano se torna mais “etéreos” são os seus valores. Pura ficção. Dados importantes, evolução histórica, conhecimento científico, tudo na nuvem. Nossos valores, todos nas nuvens, nosso dinheiro, nosso esforço, nosso trabalho, todo etéreo. O que vai pro espaço, como sabemos, “já era!” Dinheiro cujo lastro se fia na “segurança digital”, uma vez perdida a chave, nem nos “centros de mesa branca” será recuperado, já que é de lá que se alcança quem está no éter. (rsrs)

      1. é impossível dissociar-se da materialidade. primum vivere, deinde philosophari. o eu que está imerso no nós dos marginalizados e periféricos precisa alimentar antes de divagar, devagarinho.

  12. Senti falta de uma contextualização desse início de governo Trump com alguns fatores relevantes:

    1 – O fim da campanha midiática que associava Trump a crimes sexuais e financeiros, ocorrida durante o governo Biden, que ameaçava seus direitos políticos. Ora, não é preciso ser renomado cientista político para saber que Trump ganhou o direito de disputar as eleições e voltou ao poder através da benevolência de quem exerce o poder de fato nos EUA.

    2 – A velha fórmula da fabricação de crises como instrumento de concentração de renda. Trump está agindo em conformidade com o que prometeu na campanha. Até aí tudo bem. Mas existem promessas e promessas de campanha. Algumas são perseguidas imediatamente. Outras, a depender dos ventos políticos, podem ser viabilizadas no começo do mandato ou no final. Trump claramente tem muita pressa para levantar barreiras fiscais. Já se perguntaram o motivo? Ora, qualquer barreira ao livre fluxo de capitais tem um resultado inevitável que é contração do mercado. E a quem interessa a contração do mercado? Sempre a quem está no andar de cima, nunca a quem está abaixo. Resumindo, as barreiras fiscais são meramente um pagamento de contas de campanha que Trump vêm fazendo a quem permitiu que ele voltasse a ser presidente.

    3 – A transformação do tema “barreiras fiscais nos EUA” em uma novelinha midiática. Ora, os fiéis frequentadores do GGN sabem bem do que a grande mídia é capaz. Logo, considerando que é fato que ela vem trabalhando diariamente como um auto-falante barulhento, procurando levar o tema ao maior número possível de pessoas com o máximo de alarde, fica clara a cumplicidade da grande mídia com o esquema. Assim, fica fácil entender que tudo vem se desenrolando de uma forma sistemática, ordenada e previamente combinada.

    Minha maior preocupação é o que existe para além dessa novelinha para o período 2025-2028. Em teoria, baseando-nos em acontecimentos históricos, podemos concluir que 1 ano é suficiente para que esta novelinha traga um final feliz para seus arquitetos. Mas o que virá depois?

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