Objetivos do Milênio: as cadeias globais de produção e a volta da Organização Mundial do Comércio

Embora positivos, há o risco desses acordos dividirem o mundo em clubes diferentes, com regras diferentes. E aí volta a proposta de revigoramento da Organização Mundial do Comércio, que lide com as novas questões de fluxos de dados, serviços, proteção de DPI e empresas estatais transfronteiriços.

Mais um capítulo da série de estudos da Brookings Institution e Fundação Rockefeller sobre os rumos do mundo pós-pandemia e as políticas a serem implementadas.

Um dos temas centrais é a questão das cadeias globais de produção, que se mostrou extremamente vulnerável com a crise trazida pela pandemia. No 2o semestre de 2020, o comércio global caiu 18,5%, que maior do que a observada nos PIBs nacionais. A razão é que grande parte da atividade econômica que se manteve na pandemia – serviços de saúde, de habitação, serviços públicos – não é comercializada internacionalmente. A crise se abateu sobre carros, eletrônicos e turismo.

0A pandemia acelerou mudanças que já ocorriam nas cadeias globais. A indústria 4.0, o aumento da automação, as novas tecnologias de manufatura, a internet das coisas, as fábricas inteligentes, contornando os custos do trabalho em economias desenvolvidas, inverteu a roda da globalização das cadeias produtivas. Antes mesmo da pandemia, já se observava um refluxo dessa tendência.

A questão em discussão é se, com o fim da pandemia, esse processo seria contido ou não. Afinal, há um aumento persistente das exportações da China para outros países.

O autor do trabalho – David Dollar – divide os efeitos potenciais da pandemia em três categorias.

1. Mudanças na estrutura da demanda.

2. Aceleração da Indústria 4.0.

3. Protecionismo disfarçado de segurança nacional.

Os dados ainda são muito fluidos e inconclusivos.

Como aumentará o trabalho em casa, haverá redução da demanda por carros e combustíveis. Haverá menos demanda por escritórios e lojas. Essas mudanças pressionarão para baixo preços de commodities e volume de comércio – embora não esteja muito claro a relação de causa e efeito.

Segundo ele, três setores com extensas cadeias de valor, em países em desenvolvimento, são automóveis, eletrônicos e roupas. Espera-se mais demanda por eletrônico e menos por automóveis e roupas. Mas haverá grandes mudanças em todos esses setores. Haverá menos turismo, porém mais demanda por cuidados de saúde, credes e casas de idosos. Nas economias avançadas, são setores que demandam imigrantes.

O protecionismo

Até agora, a robotização dependia da comparação de custos com a mão de obra. Com a pandemia, haverá alguma mudança do cálculo de custo, depois do susto provocado pela interrupção do fornecimento.

A maior ameaça para os países em desenvolvimento, no entanto, será o crescente protecionismo das economias mais avançadas, sob o rótulo da segurança nacional.

Os EUA passaram a proteger vários setores contra a competição chinesa. Tributaram metade das importações da China a uma taxa de 25%. No curto prazo, beneficiou os países em desenvolvimento. Houve alguma transferência da produção para Vietnã, Indonésia e México, principalmente em setores intensivos de mão-de-obra.

A estratégia falhou.  Houve uma redução das importações da China para os EUA, mas um aumento das exportações para países periféricos. A ASEAN se tornou o maior parceiro comercial da China, com os EUA caindo para terceiro lugar e a União Europeia para segundo. A China passou a ser fornecedora de máquinas e componentes de média tecnologias, exportadas para outros países, que faziam a montagem final.

A China continuou aumentando sua participação nas exportações mundiais. E uma pesquisa recente com fabricantes americanos na China constatou que nenhum pensou em voltar para os EUA. Um sétimo pensa em transferir alguma produção para países de baixo salário.

Mas existe também o risco de aumento de protecionismo na China, já que as exportações não podem mais representar o que já representaram até agora. A China vai eliminar produtos importados em sua cadeia de valor.

Se houve esse duplo movimento protecionista, dos EUA e China, os impactos sobre os países em desenvolvimentos serão severos.

Os caminhos propostos

O primeiro caminho são acordos comerciais que mantenham o sistema comercial aberto. Recentemente, houve o acordo da China com a ASEAN, Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul, em um Programa Econômico Regional Abrangente.

Embora não seja abrangente, permitirá a movimentação de peças e componentes com isenção de impostos;

A Trans Pacific Partnership (TPP) também está avançando, assim como a Área de Livre Comércio Continental Africano, conectando 1,3 bilhão de pessoas em 55 países.

Embora positivos, há o risco desses acordos dividirem o mundo em clubes diferentes, com regras diferentes. E aí volta a proposta de revigoramento da Organização Mundial do Comércio, que lide com as novas questões de fluxos de dados, serviços, proteção de DPI e empresas estatais transfronteiriços.

As etapas iniciais poderiam incluir a adesão dos EUA e da China à TPP, ou ao menos um acordo comercial abrangentes entre China e Estados Unidos.

1. Metas ambientais no centro das políticas públicas.

2. Sistema financeiro internacional.

3. Cadeias globais.

4. Multilateralismo.

5. Liderança local

6. Desenvolvimento sustentável

7. Produtividade global.

8. Deslocamento do trabalho.

9. Desigualdade.

10. Custos humanos da pandemia.

11. Gestão do Covid

12. Educação global.

Luis Nassif

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