Fim da CPI do Carf foi motivada por pressão do governo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Seis meses após ser criada, a CPI do Carf, criada para investigar esquema de corrupção além do que pautado na Operação Zelotes, contou com apoio do governo interino de Michel Temer, do presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), do PSDB e de lobby de empresas para o seu fim.
 
O novo presidente da Câmara determinou que novos empresários suspeitos de integrarem o esquema de corrupção do Carf, investigado pela Operação Zelotes, sejam impedidos de depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A decisão assinada em julho deste ano, em uma das primeiras tomadas de Maia, gerou a conclusão dos trabalhos na última quinta-feira (11), sem sequer votar o relatório final.
 
Maia havia revogado uma determinação de Waldir Maranhão (PP-MA), seu antecessor, que prorrogava os trabalhos da comissão por mais 60 dias. Os deputados queriam ouvir outros investigados, como empresários e grandes doadores de campanhas eleitorais.
 
Ao contrário dos 60 dias concedidos por Maranhão, Maia reduziu para 26 dias o prazo final, “exclusivamente para discussão e votação do relatório”. Com isso, o deputado do DEM colocou fim ao avanço dos trabalhos, impedindo que outros suspeitos prestem depoimentos e a mira das investigações fossem além.
 
 
Como consequência, a CPI terminou na última quinta, sem conseguir votar o relatório final. A medida foi uma estratégia que partiu não só de Maia, como dos próprios bastidores do Planalto. Isso porque o parecer do relator Carlos Bacelar (PR-BA) focou na criminalização dos bancos, o que irritou a equipe de Michel Temer.
 
Com isso, aliados do peemedebista e a bancada de apoio ao governo interino trabalhou para abafar e rejeitar o relatório. A CPI encerrou no dia 11, sem chances de prorrogação. “É inadmissível partidos proporem um acordo espúrio”, havia se manifestado o relator José Carlos Bacelar, sobre a estratégia para enterrar a CPI.
 
Bacelar chegou a apresentar seu parecer na última quarta-feira (10), um dia antes do prazo final, mas o documento sequer foi levado para apreciação. 
 
No documento, o deputado relatou dificuldades para fazer a investigação avançar, como o desinteresse de deputados. De 30 reuniões realizadas, oito foram “desperdiçadas” sem pauta de nenhum requerimento, outros oito não obtiveram quórum de votação e uma foi encerrada por não ter o mínimo de deputados para funcionar, disse o parlamentar.
 
Ao contrário de expor os interesses do governo Temer no fim da CPI, a paralisação dos trabalhos foi, ainda, divulgada pela imprensa como uma medida que supostamente beneficiaria antigos petistas, agora oposição. Isso porque entre os investigados requeridos estavam o empresário Joseph Safra, do grupo Safra, e a ex-ministra Erenice Guerra, que foi apontada por procuradores da Zelotes.
 
Entretanto, dentro da CPI, os movimentos partiram da bancada do PSDB, tentando blindar setores empresariais e representantes de bancos. Bacelar também responsabilizou o lobby de empresas para que executivos não fossem convocados e desestímulo junto a deputados da CPI.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Hoje definitivamente não é

    Hoje definitivamente não é meu dia.Na minha plateia tinha um unico espectador.Fui até ele para agradece-lo a infinita paciencia.Qual o que.Levaram até as muletas dele.

  2. Pizza à la Carf

    Onde foi essa festa que ninguém nos convidou?

    Festa de rico, onde pobre não serve e nem fica com os restos.

    A grande pizza.

    Mas, é assim que se governa.

    Partidos populares como o PT, sem intimidade com o poder , com idealismos sociais desconhecem as “razões de estado”.

    Põe em perigo todo o sistema.

    Sem poupar as elites nenhum governo sobrevive.

  3. Os bancos e as drogas

    Há drogas cujo consumo é legal, outras são toleradas, e outras são criminalizadas. Os bancos são iguais: suas fraudes (quantitative easing, sistema de reserva fracionária, etc.) são legalizadas umas, toleradas outras…opa! tem uma diferença: Nenhuma é criminalizada.

  4. ou seja, com o beneplácito da

    ou seja, com o beneplácito da (in)justiça eleitoral, tais empresas e empresários serão os grandes doadores das campanhas municipais deste ano. E o ministério público eleitoral, dizem as lesmas, nem nem. A hipocrisia e o banditismo dessa gente não tem limites: roubam, roubam e roubam na cara da pf, do mpf e dos desmoronados da vida. 

  5. Insegurança total do traíra

    Temer prepara discurso da derrota

    Esmael: vai se defender da acusação de Golpista    CompartilharImprimirpublicado 16/08/2016bessinha havelange.jpg

    O Conversa Afiada reproduz do Blog do Esmael Morais:

    Temer já escreveu a carta de despedida, caso Dilma volte

    O interino Michel Temer (PMDB) não tem segurança de que irá continuar no cargo que pertence a Dilma Rousseff. Prova disso, ele encomendou dois pronunciamentos para o pós-impeachment.

    O primeiro, que ele autorizou a divulgação na Globo, teria como cenário o afastamento definitivo da presidente da República.

    O segundo, guardado a sete chaves, para a eventualidade de o impeachment bater na trave e Dilma voltar. No texto, Temer lamenta não poder ficar e se defende da acusação de que ele é “golpista”.

     

  6. .La vem eu a lembrar

    .La vem eu a lembrar Papai.Olharia Rodrigo Maia da cabeca aos pes e o fulminaria da seguinte forma:O senhor e uma besta quadrada,um idiota.Suma da minha frente antes que eu o reprove sem direito sequer a segunda epoca.Diga a seu Pai que presciso falar com ele.Esse ano voce nao passa nem de uma carteira para outra.E dava a conversa por encerrada.

    1. Papai era um ser humano

      Papai era um ser humano docil,gentil,educado.Mas tinha como todo ser humano suas manias,as vezes desagradaveis.Diria que nao era raro  perder a pacienca.Detestava aluno burro.Reprovava sem maiores traumas,por  que tinha a consiencia do que estava fazendo.Rodrigo Maia nao seria aprovado por ele,nem se Cesar Maia lhe desse a concessao da Ponte Rio/Niteroi por 30 anos.

       

  7. chocado mas não surpreso

    qual a novidade! 

    não há novidade, é sempre a mesma coisa.

    se não morasse no Brasil pensaria: que pais tedioso!

     

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