Covid-19 – Quantificando a inércia e os malfeitos do Ministério da Saúde, por Felipe Costa

É importante frisar que as estatísticas divulgadas nas últimas duas semanas, notadamente o número de casos, são bastante precárias e incompletas.

Covid-19 – Quantificando a inércia e os malfeitos do Ministério da Saúde.

Por Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – Este artigo retifica, ajusta e atualiza resultados divulgados em artigo anterior (aqui). Mais especificamente, ajusta e atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Entre 13 e 19/12, essas taxas ficaram em 0,0307% (casos; valor ajustado) e 0,0225% (mortes). É importante frisar que as estatísticas divulgadas nas últimas duas semanas, notadamente o número de casos, são bastante precárias e incompletas. Estimo que 24 mil casos (talvez mais) deixaram de ser computados ao longo da semana passada.

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1. O APAGÃO É REAL, A NATUREZA DO ATAQUE NÃO.

Sítios e aplicados do Ministério da Saúde que reúnem e divulgam as estatísticas da pandemia saíram do ar em 10/12. Por trás desse segundo apagão – algo semelhante já havia ocorrido em dezembro de 2020 – estaria um misterioso e ainda não explicado ataque digital. Desde então, a coleta e a divulgação das estatísticas ficaram comprometidas – tanto as que estavam sendo divulgadas pelo MS como as que estão a ser divulgadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

2. TAXAS DE CRESCIMENTO.

Ao longo das últimas três semanas (29/11-19/12), eis a progressão observada no número total de casos: 22.143.091 (29/11-5/12: mais 62.185 casos), 22.189.867 (6-12/12: 46.776) e 22.237.657 (13-19/12: 47.790) [1].

No mesmo período, eis a progressão observada no número total de mortes: 615.636 (29/11-5/12: mais 1.358 mortes), 616.830 (6-12/12: 1.194) e 617.803 (13-19/12: 973).

E eis as respectivas taxas de crescimento no número de casos e de mortes.

Casos: 0,0402% (29/11-5/12), 0,0302% (6-12/12) e 0,0307% (13-19/12) [1].

Mortes: 0,0316% (29/11-5/12), 0,0277% (6-12/12) e 0,0225% (13-19/12).

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FIGURA. A figura que acompanha este artigo ilustra o comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 11/7 e 19/12/2021. O triângulo azul (19/12) corresponde a um valor estimado. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. As retas expressam a trajetória média de cada uma das taxas.

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3. CODA.

Os valores das taxas de crescimento seguem a cair (ver a figura que acompanha este artigo). A medição do ritmo de queda, porém, foi seriamente prejudicada nas últimas duas semanas. Isso por conta do apagão e das barbeiragens envolvendo a divulgação das estatísticas.

De origem duvidosa, o apagão nos sítios e aplicativos do Ministério da Saúde é mais um testemunho óbvio da inércia e dos malfeitos do governo federal.

É importante frisar que quanto mais demorarmos a eliminar o vírus, maiores serão as chances de que surja uma variante ainda mais infecciosa ou mesmo uma variante ainda mais virulenta [2].

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NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço [email protected]. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] O número de casos (e a respectiva taxa de crescimento) referido para a semana passada é um valor ajustado. O número original era 22.213.762 (= 22.189.867 + 23.895). Que ajuste foi feito, e como? O ajuste feito procurou manter a trajetória observada nas semanas imediatamente anteriores (ver a figura que acompanha este artigo). O procedimento adotado foi o mais simples possível: multipliquei o número de casos registrados por dois, chegando assim a 22.237.657 (= 22.189.867 + 23.895 + 23.895).

[2] Temos de acelerar as quedas nas taxas de crescimento. Para tanto, é imperioso (1) acelerar a campanha de vacinação; (2) manter as medidas preventivas, notadamente o uso de máscara; e (3) endurecer as medidas de controle (e.g., tornar obrigatório o passaporte da vacina).

O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (E hoje, 21/12, seguimos empacados em torno dos 77%!) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).

Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.

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Redação

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