
Jornal GGN – Após muita pressão, o ex-chefe da SECOM, Fabio Wajngarten, admitiu em depoimento à CPI da Pandemia, na manhã desta quarta (12), que as declarações negacionistas de Jair Bolsonaro durante a crise sanitária têm impacto na opinião pública.
Wajngarten, contudo, tentou minimizar o feito alegando que a SECOM e o Ministério da Saúde fizeram 11 campanhas de comunicação sobre a pandemia para “complementar” as orientações que chegavam aos brasileiros.
Advogado com atuação no mercado de mídia, Wajngarten alegou que “a população brasileira recebe inúmeros discursos de inúmeros meios. É o complemento de informações que vai resultar na tomada de decisões” sobre como se prevenir em meio à pandemia. As declarações de Bolsonaro “têm impacto? Têm impacto. A gente faz outras [campanhas] para complementar”, rebateu.
Durante a oitiva, Wajngarten irritou parte da comissão por tentar poupar, a todo custo, o presidente da República. Quando o relator Renan Calheiros (MDB) questionou sobre os ataques de Bolsonaro às vacinas e a declaração de que ele seria o último a ser inoculado, Weingarten arrancou risos nervosos ao defender que “os atos do presidente pertencem a ele. Não posso especular o que passava na cabeça dele quando ele falou isso. O que passa na minha cabeça, quando ele diz que não vai tomar a vacina, é que ele vai esperar o último brasileiro ser vacinado para tomar a dele. Eu na posição dele faria a mesma coisa.”
Sobre as declarações em que Bolsonaro colocou a segurança das vacinas em xeque, inclusive insinuando que os vacinados poderiam ter feitos colaterais graves – “virar jacaré” – Wajngarten também contemporizou: “A forma metafórica que o presidente usa quando fala isso é a mesma de quando a Anvisa suspende uma vacina.”
A sessão, que começou às 10h, começou a ficar quente quando Wajngarten se recusou a responder quem orientava o presidente Bolsonaro a se posicionar publicamente contra tudo o que a ciência preconiza no combate à pandemia. “Acho que tem que perguntar para ele, senador”, respondeu a Renan Calheiros. Foi repreendido na sequência. Wajngarten, ainda assim, continuou evasivo. Não quis responder, por exemplo, qual era o objetivo de comunicação de Bolsonaro com suas manifestações negacionistas.
Wajngarten sustentou que, de sua parte, a SECOM se pautou por decisões “técnicas” e “econômicas”. Afirmou que, desde fevereiro de 2020, a Secretaria de Comunicação da Presidência fez 4 campanhas informativas sobre o surto sanitário, enquanto o Ministério da Saúde fez outras 7 campanhas até hoje, ao custo total de 285 milhões de reais.
Segundo dados do TCU apresentados pelo relator da CPI, 83 milhões de reais foram utilizados para promover as ações do Ministério da Economia relativas à renda e emprego. “O presidente e a SECOM sempre se preocuparam com as duas ondas”. Parte das 11 campanhas citadas por Wajngarten abordou a retomada das atividades econômicas em detrimento das recomendações por distanciamento social. Escorregadio, Wajngarten disse não saber se a campanha “o Brasil não pode parar” partiu do departamento ele próprio chefiava.
Acompanhe por aqui:

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.