Os bombardeios russos na Ucrânia começam a deixar cada vez mais evidentes as mudanças na ordem geopolítica e econômica global, o que deve se refletir não só nos países ricos como em outras regiões ao longo das próximas décadas.
A jornalista Baria Alamuddin em artigo publicado no site Arab News, cita alguns eventos que evidenciam a mudança de posicionamento ocidental em torno do apoio à Ucrânia contra a Rússia.
Um exemplo foi a Assembleia Geral da ONU, onde 141 nações se uniram em torno da Ucrânia, deixando “um punhado de estados párias” como Síria e Bielorrússia ao lado dos russos, enquanto Irã e China preferiram se abster.
Segundo Baria, a mudança ficou ainda mais clara em países que tentavam se aproximar de Moscou: Finlândia e Suécia buscam entrar na OTAN, enquanto a Alemanha deixou a abandonou sua neutralidade militar.
Até mesmo a Turquia foi influenciada pelas movimentações geopolíticas, restringindo o acesso de navios russos ao Mar Negro e aumentando suas vendas de drones e armamentos para Kiev.
Do outro lado, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban – que tenta se reeleger ao cargo – tem sido chamado de “cachorrinho de Putin” pela oposição, e países que bloquearam o acesso de sírios abriram as fronteiras para os ucranianos.
“As ramificações desses eventos afetarão o Oriente Médio de forma igualmente profunda. Um risco de curto prazo é que os Estados Unidos e outros parecem estar correndo para um acordo nuclear de solução rápida com o Irã, permitindo que eles se concentrem na Rússia”, explica Baria.
Enquanto o governo iraniano tenta ganhar terreno e obter mais concessões, e Moscou tenta impedir esse avanço com seus próprios meios, os produtores de petróleo árabes podem obter novas vantagens e garantir sua segurança.
“Com a Rússia bombardeando usinas nucleares, os estados árabes e Israel podem descobrir que têm uma audiência global cada vez mais solidária quando destacam os riscos apocalípticos de tolerar a nuclearização iraniana, seu imenso programa de mísseis balísticos e a proliferação de milícias apoiadas pelo Irã de Bagdá ao Mar Mediterrâneo”, diz a articulista.
Contudo, a jornalista alerta sobre a possibilidade de o Kremlin explorar o serviço de mercenários no Oriente Médio, África e em outras regiões para aumentar a pressão nos países opositores. “De fato, há evidências de que o Kremlin vê a atual realidade fragmentada da Síria como um modelo para uma futura entidade-fantoche ucraniana dividida e submissa”.
Na visão da articulista, a resistência dos ucranianos deve levar o país a ser alvo de mais destruição por parte da Rússia, o que vai contribuir para o aumento das tensões internacionais e dentro da própria Rússia, com os cidadãos vendo seu padrão de vida sendo afetado pela guerra.
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Lamentável o blog do Nassif dar espaço para uma propagandista anti-Rússia e provavelmente defensora das ditaduras árabes como a da Arábia Saudita. Ela diz , por exemplo, que a Rússia bombardeou usinas nucleares. Se ela tivesse feito isso, a situação na Ucrânia estaria mais do que catastrófica.