Governante piromaníaco, soberbo, corrompido, diz ex-porta-voz de Bolsonaro

Comparou os atuais aliados de Bolsonaro a "escravos modernos" e "seguidores subservientes" e que caberá à população, imprensa e instituições a não recuarem

Otávio do Rêgo Barros foi porta-voz da Presidência da República – Foto: Divulgação

Jornal GGN – O ex-porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, general Otávio Santana do Rêgo Barros, não disfarçou a mão pesada ao dirigir talhantes críticas ao mandatário, chamando-o de “governante piromaníaco”, “soberbo”, que se vê como um “imperador imortal”, corrompido e destruído pelo poder, em artigo para o Correio Braziliense.

“Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói! E se não há mais escravos discordantes leais a cochichar: ‘Lembra-te que és mortal’, a estabilidade política do império está sob risco”, escreveu.

Introduzindo com uma narrativa de um general romano, que apesar de louvado por “legiões”, acompanhado por “uma pequena guarda e de escravos”, lembrava-se de que era mortal – Memento Mori, o título do artigo. Sem citar o nome do presidente da República do qual ele próprio atuou respaldando, afirmou que “nos deparamos hoje com posturas que ofendem àqueles costumes romanos”, porque os “líderes atuais” são “tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”.

Explicitando a comparação ao governo Bolsonaro, rodeado de fanáticos e de seu clã, disse que os “projetos apresentados nas campanhas eleitorais” agora “valem tanto quanto uma nota de sete reais” e que foram substituídos por “mesquinhos interesses”.

Comparou os atuais assessores de Bolsonaro a “escravos modernos”, em referência à narrativa romana, que segundo Barros não são ouvidos ao “sussurrar conselhos de humildade e bom senso”, “deixam de ser respeitados”, são abandonados em “intrigas palacianas” ou se acomodam em “confortável mudez”.

A estes últimos, o ex-porta-voz do presidente os qualificou de “seguidores subservientes”, enquanto que Jair Bolsonaro – ainda que sem ditar seu nome – é a autoridade que “incorpora a crença de ter sido alçada ao olimpo por decisão divina” e assim “não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo”. “A soberba lhe cai como veste”, completou.

Ao concluir, Otávio do Rêgo Barros indica que caberá à população, à imprensa e às demais instituições do país “não recuarem diante de pressões” contra “os atos indecorosos” do mandatário e que essa resposta deverá vir nas próximas eleições.

“A população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu voto: — ‘Lembra-te da próxima eleição!'”, expôs.

 

 

Redação

10 Comentários

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  1. Esse general aceitou o encargo de servir ao mal banal. Agora ele faz pose de herói para esconder que se rebaixou ao cargo de serviçal.

  2. O general Otávio e todos os militares entreguistas colaboraram decisivamente para a eleição de Bolsonaro. O próprio Bolsonaro levou às lágrimas o general VillasBoas ao afirmar em público que o general era responsável por sua eleição. Dizer agora que Bolsonaro é um “piromaniaco” é pura hipocrisia. Todos os militares sabem e sabiam que Bolsonaro é um ignorante fascistóide, que foi “aposentado” aos 33 anos pelo Exército por planejar atos terroristas contra o próprio Exército e também contra o povo do Rio de Janeiro. Mais um general pra PROVAR que a Academia Militar das Agulhas Negras DEFORMA oficiais.

  3. Será que esses militares que estão servindo a esse maluco não sabiam como ele era? Não leram o que Geisel e Jarbas Passarinho disse? Ou será que foi pela ‘boquinha” de um salário extra?

  4. Agora o Senhor Otávio do Rêgo Barros conclama a imprensa, junto com outras instituições do país, a “não recuarem diante de pressões”.
    Pois foi isso que um corajoso repórter fez ao confrontá-lo em 2019, quando aquele cidadão, na condição de porta-voz do (des)governo, sugeriu que Glenn Greenwald, editor do Intercept, teria cometido crime na divulgação de mensagens da série “Vaza Jato”.
    O que se pode perceber é uma arrogância extrema desse ex “escravo moderno”, usando sua própria expressão. Uma semelhança incrível com o General Newton Cruz, de triste memória.

  5. O parquedista que por duas vezes não passou no crivo de militares, mas vergonhosamente vai se mantendo com o intuito único de vida-e-mortem de manter investigações longe de familiares e amigos com ficha corrida longa. Não é de estranhar a proteção se corrompidos, por tudo de mal que a ditadura sanguinária fez e seus filhotes a protegem e escondem a verdade, pois a coisa toda é vergonhosa. Depois de Bebiano, Santos Cruz, Frota, Moro, Mandetta, e tantos outros que já saíram o chamando até de “um perigo para o país”, não aceitamos mais reclamações. Se não preferem ser chamados de comunistas pelo gado, que abram a boca diretamente (a tal autocrítica) sem as estratégias de quererem faturar com vendas de livros, campanhas com a mídia etc.

  6. Calma aí pessoal, eu também acho que ele ajudou, que ele sabia, que ele serviu, que etc. e tal.
    Mas quem nunca pecou que…
    As pessoas podem até mudar de opinião. Ou pelo menos de posição.
    Melhor um meio aliado que uma fração de um contrário.
    Estamos debatendo politica para (re)construção deste país ou campeonato de pureza de caráter?
    Ajuda muito quem não atrapalha.
    Ou atrapalha quem combatemos.

  7. ‘Nada de novo no front’
    Tanto os dizeres quanto quem diz.
    Qualquer pessoa que aceita trabalhar ao lado de um facista confesso, miliciano confesso, torturador confesso, e tantos mais adjetivos confessos, nao merece nenhum grau de respeito.
    Agora cospe no prato que comeu.
    Nada do que este general falou é mentira.
    Mas ele deixou muitas verdades sem serem ditas. Uma delas é a própria conivencia com todas ações do seu chefe desde que aceitou assumir o cargo.
    São farinha do mesmo saco.

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