Marcha maciça e greves em Quito contra ajustes de Lenín Moreno

O governo equatoriano pediu para abrir o diálogo, por outro lado, enviou a polícia e os militares para reprimir, protegidos pelo toque de recolher.

Foto AFP

Jornal GGN – Informes vindos do Equador dão uma noção de como amanheceu Quito, a capital, hoje, 10 de outubro.

– 7 mortos, dos quais 1 recém-nascido

– 95 gravemente feridos

– Mais de 500 ferimentos leves

– 83 desaparecidos, dos quais 47 menores

– Mais de 800 detidos, dos quais a maioria em delegacias policiais e militares

– 57 jornalistas atacados pela polícia

– 13 jornalistas presos

– 9 meios de comunicação intervieram

– 26 políticos presos

– Rádio Pichincha Universal fechada

– Além disso, é relatada a detenção arbitrária de 14 cidadãos venezuelanos que não participaram das marchas.

As informações são do gabinete de contrainformação montado pelos movimentos para poder dar a real dimensão do acontece no país.

Milhares de pessoas foram para Quito, dentro do propósito de greve nacional contra o ajuste realizado pelo governo do presidente do Equador, Lenín Moreno, seguindo as diretrizes do FMI. Liderados pelo movimento indígena, sindicatos, estudantes, grupos de mulheres e organizações sociais, a multidão invadiu Quito. Na outra ponta, Moreno foi à TV dizer que queria diálogo, mas enviou a política e exército para reprimir os protestos.

Apesar do toque de recolher, milhares de manifestantes chegara à capital. A principal convocação para o dia nacional da greve veio da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE). Muitos chegaram no início da semana, esperando a grande marcha da quarta-feira, dia 9. Os manifestantes exigiam a renúncia de Lenín Moreno e que se reverta o ajusta que deseja o FMI.

Na noite de terça-feira, foi decretado o toque de recolher por Moreno, que durou até a manhã de quarta. Antes que entrasse em vigor, policiais e militares atacaram os manifestantes com gás lacrimogêneo. Os ataques foram indiscriminados, inclusive em velhos e crianças, que tiveram que ser encaminhados para hospitais das proximidades. No calor dos ataques, universidades abriram suas portas para que centenas de pessoas pudessem se abrigar. Segundo as organizações de direitos humanos, 83 pessoas foram presas de forma irregular e transferidas para uma delegacia de polícia em Pomasqui, nos arredores de Quito.

“Violentas não são as pessoas que lutam, mas o Estado que as reprime”, dizia o cartaz empunhado por manifestante. Pessoas marcharam carregando bandeiras do Equador e também dos povos ancestrais. A rejeição, além do governo de Moreno, apontava para a corrupção, FMI e Estados Unidos. E contra a grande mídia alinhada com o governo.

Entidades de direitos humanos denunciaram a falta de informações dadas pelos hospitais, que deveriam mandar primeiro para o Ministério de Comunicação do governo antes de liberar ao conhecimento público. Estudantes universitários se uniram, montando brigadas de primeiros socorros, para atender às centenas de feridos deixados pela ação policial. As manifestações ocorreram em 21 das 24 províncias do país.

Lenín Moreno afirmava, em rede estatal, que tudo seria resolvido em breve. Seus ministros tentavam apaziguar a situação pedindo diálogo. Lançaram então um plano de medidas voltadas para o setor, com foco na água (dívidas com sistemas de irrigação e aquelas mantidas com o Ministério da Água).

O Equador entrou em ebulição na última quarta-feira, quando Moreno anunciou várias medidas econômicas por decreto, com vigor imediato. Aprovou ainda uma reforma trabalhista que deveria ser discutida no Congresso. Dentre as medidas, a de maior rejeição foi a liberação do preço dos combustíveis, com retirada imediata de subsídios. A população se sublevou pois que o aumento dos combustíveis implica no aumento do transporte público e dos alimentos de primeira necessidade. Por trás de tudo, a mão do FMI, onde Moreno assinou um empréstimo de 4,2 bilhões de dólares em troca de uma redução drástica do déficit fiscal.

A resposta do setor de transporte foi uma greve nacional de dois dias, acompanhada de mobilização em todo o país. Moreno decreto estado de exceção para poder lançar mão das Forças Armadas para reprimir protestos sociais.

Com informações do Página 12 e da Coordinadora Ecuatoriana de Contrainformación

Redação

1 Comentário

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  1. Viva para o povo equatoriano que va prá rua exigir seus direidos e defender o país dos predadores, diferente das moscas mortas brasileiras que são guiadas pela Globo, o Brasil sendo desmontado, entregue aos pedaços aos idolos do presidente traidor da pátria, más só vão prá rua se a Globo chamar… pobre povo brasileiro.

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