Mídia insere ações políticas de Haddad e Wagner no contexto criminoso da Lava Jato

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Com base em conversas sigilosas de Leo Pinheiro, da OAS, Estadão levanta suspeitas sobre as relações do empreiteiro com petistas

Jornal GGN – Mais uma vez, com base em informações vazadas para a imprensa, o Estadão publica reportagens inserindo dois petistas no contexto da Operação Lava Jato, ainda que com denúncias vazias ou mal explicadas. Dessa vez, entraram na mira o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e o prefeito do Paço paulistano, Fernando Haddad, que tiveram suas atuações políticas questionadas.

Cheio de dedos, o jornal levantou suspeitas sobre o favorecimento da OAS pelo ex-governador da Bahia em troca de doações eleitorais. Sobre Haddad, recai a “culpa” por cumprir o papel de prefeito e pedir apoio na Câmara para aprovar projeto de interesse da cidade.

Na matéria “Empreiteiro fez lobby com Cunha para Haddad”, o jornal publicou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunhya (PMDB), atuou “pressionado” por Léo Pinheiro, executivo da OAS, para aprovar o projeto da rolagem da dívida do município.

Haddad admite ter conversado com mais de 100 pessoas para obter votos necessários à matéria, e disse ao Estadão que “não tem irregularidade” nenhuma em exercer o papel político de prefeito e buscar no Congresso a aprovação de projetos que interesses à administração municipal.

Mas, por ter sido beneficiado pelo lobby de Pinheiro junto a Cunha, o petista colheu o ônus de ser colocado em destaque na manchete do Estadão, mesmo sem sequer ter participado das conversas interceptadas pela Lava Jato. Estas, aliás, segundo observou o próprio jornal, deveriam estar sob segredo de justiça, já que envolvem figuras com foro privilegiado, configurando mais um caso de vazamento seletivo.

Confundindo o leitor

Tanto na matéria que implica a gestão Haddad quanto na que atinge o ministro Jaques Wagner, o Estadão fez questão de ressaltar que os petistas estão relacionados, na visão de agentes da Lava Jato, a Léo Pinheiro, já condenado a 16 anos de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha. Em um passagem, o Estadão cravou que “(…) o empreiteiro demonstra atuar como interlocutor de Haddad junto a Cunha”, na tentativa de reforçar a ligação do réu da Lava Jato com o prefeito.

Depois de mais de 10 parágrafos em que Haddad é citado em conversas de Pinheiro e Cunha, a reportagem inseriu a aprovação do projeto de interesse do prefeito no contexto criminoso da suposta atuação de Cunha em favor de empreiteiras na Câmara, que é investigada pela Procuradoria Geral da República no âmbito da Lava Jato.

“Ao fim, em 23 de outubro, a proposta de interesse de Haddad passou na Câmara. Além da renegociação da dívida, a PGR aponta a atuação de Cunha em favor da OAS em ao menos 11 medidas provisórias, em troca de ‘vantagens indevidas’, especialmente doações eleitorais para o próprio deputado e seus aliados. Os documentos da investigação dizem que empreiteiras chegavam a redigir os projetos.”

Em nenhum momento o Estadão apontou, com base nas informações sigilosas que obteve, suspeita de que Haddad integrou qualquer esquema para se beneficiar pessoalmente da aprovação do projeto relatado por Cunha, ou para favorecer diretamente a OAS. O prefeito ganhou mais uma manchete negativa porque, sem a rolagem de capitais, não haveria recursos para obras em São Paulo. E quem faz obras são empreiteiros que, como é de conhecimento público, praticam lobby no Congresso para preservar suas atividades lucrativas.

O caso Jaques Wagner

Situação parecida de falta de explicações sobre as suspeitas levantadas ocorre na reportagem do Estadão contra o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. O diferencial está no fato do ex-governador da Bahia ter trocado mensagens com Léo Pinheiro, da OAS. Segundo a Lava Jato, Wagner fez isso em busca de doações eleitorais para a campanha do PT em Salvador, em 2012.

O contexto ficou de fora da matéria, mas àquela época, Wagner participou ativamente da campanha, tentando evitar a derrota do PT na cidade, algo que não foi possível (ACM Neto, do DEM, saiu vitorioso da disputa municipal). Nas entrelinhas, há a suspeita de que os recursos da OAS serviram de pagamento ao apoio do PMDB ao postulante petista no segundo turno.

Na visão dos investigadores, Wagner seria objeto de investigação (embora nenhum inquérito tenha sido instaurado), então, por ter sido procurado para “retribuir” as doações da OAS dois anos depois da campanha de 2012, quando a empresa pediu a liberação de recursos do Ministério do Transporte.

O jornal não escreveu isso, mas os R$ 41 milhões solicitados pela empreiteira teriam tramitação teoricamente legal, uma vez que constam em ofício assinado por Wagner enquanto governador, em 2013, e referem-se “a ressarcimento de convênio TT/026/2008 da Via Expressa”, uma obra autorizada em 2008 para criar acesso ao porto de Salvador, segundo informações do Tribunal de Contas da União.

O ataque a Wagner ocorre na mesma semana em que o petista aparece como o novo “porta-voz” não oficial do governo Dilma Rousseff.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Em 1968 a Rainha Elizabeth II

    Em 1968 a Rainha Elizabeth II da Inglaterra veio ao Brasil e visitou Rio, São Paulo, Brasilia, Recife e Salvador, com o principal objetivo de vender projetos a cargo de fornecederos e empreiteiras britanicas a saber, a Ponte Rio Niteroi e a Ferrovia do Aço.

    A venda de serviços e fornecimentos para grandes projetos é função ABSOLUTAMENTE NORMAL para chefes de Estado,

    Primeiro Ministros e Ministros, quando se vende produtos e serviços de um Pais se ajuda a balança de pagamentos e empregos desse Pais.

    O Ministro da Fazenda  Ernane Galveas, do ultimo Governo Militar, chefiou varias viagens ao exterior com empresarios PARA VENDER serviços e produtos brasileiros, à Argelia, Tunisia, Arabia Saudita, Bahrein, Iraque,

    particiepi de todas elas e o Ministro ia junto com o empresario ajudar a vender seu produto nesses mercados.

    Hoje para os bem pensantes isso é um HORROR, como assim, Ministro ajudar empresario?

     

  2. demorou, começaram a reagir. querem derrubar mais um,

    e a anpr quer evitar as distorções nos vazamentos??

    tou vendo que não adiantou nada!

  3. Eu acho que…

    Quem manda na PF? É o ZÉ ou o Moro? Já passou da hora da presidente chamar o ministro Cardozo e o senhor Sergio Moro e dar um senta aqui quanto aos vazamentos, e descobrir quem da PF anda vazando e dar um vaza no cabra.

  4. a insanidade domina a mente

    a insanidade domina a mente dos vazadores e dos forjadores

    de notícias que querem criminalizar cada atitude,

    cada gesto, cada medida tomada por petistas…

    assim não há partido nem democracia que resista…

  5. São os jornalistas patronais

    São os jornalistas patronais da mídia mafiosa fazendo as suas apostas do caos e no ataque sempre às figuras do PT, ufa!!! como é difícil esperar 4 anos para ganhar eleição e encher os bolsos de polpudas publicidades oficiais sem corresponder ao número de leitores… os jornais impressos estão em decadência. Logo, logo a máquina de moer reputação repercute, o JN.
     

    Dilma dê verificada nessa publicidade oficial, faça um ajuste nessa área, chega de dar dinheiro para essa mídia mafiosa.

  6. A mídia dita grande entre

    A mídia dita grande entre aspas de tanto bater nas teclas PT já tá sendo olhada por grande parte da população como alguém não confiavel. A lava jato já passou da hora de ter mais juízes, procuradores e delegados, pois com tantos vazamentos já perdeu a credibilidade há muito tempo. Pode ser que com sangue novo e longe dessa mídia renasça a credibilidade.

  7. Eles nos acham uns perfeitos idiotas

    Mas sabemos muito bem o pq dessas acusações nesta hora : um excelente motivo para “esquecermos ” , e eles tb do Aécinho e seus 300 milhões.

    Sei que ando cansada do meu país, cujos “vazantes” jamais são  descobertos ou impedidos de continuarem sua missão e os jornalecos de meia-tijela, como se dizia antigamente, publicarem o que não foi provado.

    Aff

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