Não subestime a expressividade política de Furnas, por Bernardo Mello Franco

Estatal está por trás dos maiores escândalos políticos da recente história brasileira 

 
Jornal GGN – No artigo a seguir, Bernardo Mello Franco destaca porque podemos dizer que a estatal Furnas Centrais Elétricas pode ser considerada pivô dos maiores escândalos das últimas crises políticas, isso é, o mensalão e o impeachment de Dilma Rousseff, lembrando, por exemplo, que Roberto Jefferson rompeu com o governo Lula e começou a denunciar o esquema de mesadas após o Planalto decidir substituir seu colega Dimas Toledo da direção da empresa. Mello aponta também que as rusgas entre Dilma e Eduardo Cunha se intensificaram depois que a presidenta decidiu trabalhar para tirar a influência do deputado sobre a estatal.
 
Folha de S.Paulo
 
Bernardo Mello Franco
 
Curto-circuito à vista
 
No slogan bolado por marqueteiros, a estatal Furnas Centrais Elétricas se apresenta como “a energia que impulsiona o Brasil”. Fora da propaganda, a empresa tem impulsionado escândalos em série. A disputa por seus contratos está por trás das maiores crises políticas recentes: o mensalão e o impeachment de Dilma Rousseff. Um novo curto-circuito começa a ser montado pela gestão de Michel Temer.
 
A guerra pela estatal precipitou os choques entre o deputado Roberto Jefferson e o governo Lula. Os fusíveis se queimaram quando o Planalto decidiu substituir o diretor Dimas Toledo, que era ligado ao tucanato mineiro e também prestava serviços ao PTB. Irritado, Jefferson passou a contar o que sabia sobre a distribuição de mesadas no Congresso.
 
No segundo mandato de Lula, Furnas passou à influência do deputado Eduardo Cunha. Sua cruzada contra a presidente Dilma Rousseff começou quando ela decidiu tirá-lo de perto dos cofres da estatal. “Dilma teve praticamente que fazer uma intervenção na empresa para cessar as práticas ilícitas, pois existiam muitas notícias de negócios suspeitos e ilegalidades”, contou o ex-senador Delcídio do Amaral aos procuradores da Lava Jato. “Esta mudança na diretoria de Furnas foi o início do enfrentamento de Dilma Rousseff com Eduardo Cunha”, acrescentou.
 
Delcídio também ligou o senador Aécio Neves a suspeitas de desfalques na estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O Supremo Tribunal Federal instaurou inquérito para investigar o tucano.
 
Na semana passada, Temer anunciou que entregará Furnas à bancada do PMDB na Câmara, um aglomerado de aprendizes de Cunha. “Vou devolver a estatal a eles. Furnas pode ser mais expressiva politicamente do que o Turismo. Tem Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Itaipu…”, disse o interino ao jornal “O Estado de S. Paulo”. No dialeto de Brasília, “expressiva politicamente” quer dizer isso mesmo que você está pensando. 
 
 
 
Redação

9 Comentários

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  1. Confissão pública

    Na verdade as declarações do interino ao diário paulsita são confissões de corrupção e de compra de vontades e/ou cessão à chantaem. E nada acontece.

  2. Inacreditável!!!!

    A cara de pau com que os novos dirigentes distribuem as famosas “bocas ricas” aos crápulas do congresso/executivo/, inclusive informando ao PIG o que e para quem estão fazendo, confirmando as confissões dos outros crápulas/agentes, perante o congresso,. juiz/ promotores/ PF e outros da “honestissima operação lavajato”, isto feito o corretissímo PIG, ESCRITO, FALADO E TELEVISIONADO, só faz-me pensar o nivel em que atingimos neste momento e com o Temer na presidencia,  que só resta dizer  “INACREDITAVEL, IMPENSÁVEL e  INIMAGINÁVEL O ABSURDO O EM QUE O BRASIL SE TRANSFORMOU !!! 

  3. O óbvio

    A concessão de Furnas ao PMDB só reforça uma coisa. A tal da Lava Jato só serviu mesmo para fazer escândalo, tirar o PT do governo e tentar prender o Lula. Tirando a república dos bachareis da república poucos acreditavam que iria resolver alguma coisa. Aliás o famoso escândalo de Furnas, envolvendo integros combatentes da corrupção, mencionado por tantos delatores sequer foi apurado. A própria indicação mostra bem que nada mudou e a recente prisão de um membro do carf que propunha um relatório a 4 mãos reforça: a Lava Jato só tem função política e nada mudou no financiamento das campanhas.


  4. Semana passada Furnas assinou contrato para desenvolvimento de tecnologia para geração de energia a partir de dejetos.

    Coisa única no mundo. Não saiu em nenhum jornal ainda porque por acaso não há plano. Aí deveria entrar O Governo, os políticos. Primeiro a empresa capta uma oportunidade e sobre isso Faz se planos para o país.

    Basicamente serão produzidos reatores de gaseificação em série.

    A Alemanha, aquele país que gera 50% de sua energia A partir da queima do carvão e é famoso pela sua energia SIC limpa, não tem.

    Não há políticos envolvidos neste processo.

    Há casos e casos.

  5. Definitivo

    Se não houver reparos ao contexto da sujeira dos fatos narrados pelo colunista da Folha, fica definitivamente confirmada a existência real do até então aceito como  apenas “suposto mensalão”. Agora só falta decidir quem nasceu primeiro: o político ou o corrupto.

  6. Análise incorreta

    Jefferson abriu o bico sobre distribuição de dinheiro a deputados oriundo de caixa 2 de campanha eleitoral, que a imprensa apelidou de ” mensalão “, prática recorrente em todos os governos anteriores, devido à sua implicação no caso de desvio de verbas do Correios, que o empurrou a tocar fogo no circo, mesmo estando ambaixo da mesma tenda, só pelo prazer de se vingar de seu arquirrival Zé Dirceu. 

    Portanto, essa história de Furnas é conversa fiada, sendo apenas uma estatl de médio porte, não tem essa importância toda no cenário político, como alega a Folha.

    1. Leia de novo a matéria e teu comentário.

      Pedro,

      O primeiro parágrafo do teu comentário é irrrepreensível. Mas no segundo, parece que você é que sofreu um curto-circuito.

      Furnas tem uma importância política enorme, sim senhor. Não se esqueça de que essa empresa é responsável pela transmissão de 60% da energia consumida no País e que as várias usinas em cascata ao longo do Rio Grande são responsáveis pela regularização da vazão desse rio. Lembre-se de que FHC decidiu privatizá-la e o governador de MG na época, Itamar Franco, colocou a PM a guradar as usinas de Furnas em MG, impedindo que essa empresa fosse entregue às privadas,

      Você deve critica a “fôia” por outros motivos, já que esse jornaleco não faz nenhuma menção ao uso que Aécio e o tucanato mineiro fizeram de Furnas, para abastecer campnhas políticas e outras ilicitudes.

  7. o fato é que até o pior

    o fato é que até o pior imbecil sempre soube do que Valério se sua turma fazia em Furnas e outras estatais. O petismo o aceitou porque esse prometeu se regenerar e só atuar buscando fundos para campanhas honestamente

  8. Newton Monteiro e Marco Aurélio Carone têm muito a dizer.

    Ao Romério Rômulo, ao Bernardo Mello Franco, ao Luís Nassif, à equipe do GGN e aos leitores dou uma dica valiosa. O lobista Newton Monteiro, assim como o jornalista e empresário Marco Aurélio Carone, ambos de MG, têm informações detalhadas sobre o esquema de corrupção em Furnas, capitaneado pelo tucanato mneiro, tendo à frente o atual senador Aécio Cunha. Não por coincidência ambos foram detidos no início de 2014 e só foram libertados após as eleições; o mais grave é que não tinham contra si nenhuma acusação formal, fundamentada em provas. As denúncias que fizeram em relação ao esquema de corrupção em Furnas, inclusive com a divulgação de uma lista assinada por Dimas Toledo, contendo o nome de 156 políticos beneficiados, a maioria deles do PSDB, se mostraram consistentes; o PIG (por meio da esgotífera “óia”) tentou desacreditar a lista apresentada por Newton Monteiro; a cópia entregue à polícia civil de MG (sobordinada a Aécio e depois ao sucessor dele, Antônio Augusto Anastasia) foi adulterada e sobre essa cópia adulterda foi feita uma perícia fraudulenta; o resultado dessa perícia fraudulenta foi entregue à editora Abril. Foi a partir dessa fraude que o lobista Newton Monteiro passou a ser acusado de falsificação de documentos. Até o combativo e correto deputado estadual mineiro, Rogério Correia, teve o mandato ameaçado de ser cassado. O tucanato mineiro (que controla as polícias e o judiciário do estado) jogou pesado contra aqueles que ousaram denunciar a corrupção na estatal Furnas e no governo mineiro sob a batuta das aves de rapina.

    Mas Newton Monteiro guardou consigo a lista original, a qual foi apresentada à PF; essa lista foi periciada em duas superinendências distintas da PF e em ambas as perícias foi considerada autêntica. O jornalista Luiz Carlos Azenha, no blog VioMundo, fez ótimas reportagens sobre esse caso.

    Mas há outro grave episódio que ainda não foi investigado pelos jornalismo independente,  o da morte suspeita e não esclarecida do policial civil Lucas Arcanjo, encontrado morto no dia 26 de março deste ano, na casa em que morava. Lucas Arcanjo gravou vários vídeos em que fazia gravíssimas acusações contra Aécio Cunha. Outra morte até hoje não esclarecida é da modelo Cristina Aparecida Ferreira, ocorrida no ano 2000; ela tinha envolvimento com vários caciques do PSDB-MG.

    Portanto, os jornalistas independentes e investigativos têm muitos casos relevantes por esclarecer.

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