Negros terão que provar que são negros nos concursos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – O governo interino de Michel Temer soltou nova regra para cotas em concursos públicos. A partir de agora o candidato negro terá que provar que é negro perante uma comissão especializada em olhar o candidato e perceber se é negro ou não. As novas normas foram publicadas no Diário Oficial da União e regulamentam a Lei nº 12.990, de 2014.  A autodeclaração de cor terá que ser verificada apenas pelos aspectos fenotípicos, que são características físicas, e não a ascendência. A medida, segundo o governo provisório se dá pela quantidade de não negros pleiteando vaga pela lei de cotas.

da Agência Brasil

Candidato negro a concurso público terá de se apresentar para comprovar a cor

Andreia Verdélio

O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão estabeleceu regras de verificação da autodeclaração prestada por candidatos negros em concursos públicos. A partir de agora, os candidatos que se inscreverem nas vagas destinadas a cotistas deverão se apresentar pessoalmente a uma comissão designada para tal fim. As orientações para os órgãos e entidades federais foram publicadas na edição de do dia2 no Diário Oficial da União.

As novas regras regulamentam a Lei nº 12.990, de 2014, que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas em concursos públicos. Podem concorrer a essas vagas aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público.

De acordo com a norma, os editais devem prever e detalhar os métodos de verificação da veracidade da autodeclaração, com a indicação de uma comissão que terá seus membros distribuídos por gênero, cor e naturalidade. As formas e critérios de verificação levarão em conta apenas os aspectos fenotípicos do candidato, que são suas características físicas, e não a ascendência.

Frei David dos Santos

Para Frei David, o problema está na hora de definir entre os três grupos de pardos: o pardo-preto, o pardo-pardo e o pardo-branco – Geraldo Magela/Agência Senado

Segundo o diretor executivo da organização não governamental Educafro, Frei David Santos, entre os pretos não há problema para definir cotas. O problema está na hora de definir entre os três grupos de pardos: o pardo-preto, o pardo-pardo e o pardo-branco.

“Todo o problema está no pardo-branco, porque ele tem poucos traços fenotípicos do povo negro e usa a genotipia [genética/ascendência] para usurpar um beneficio que não lhe pertence”, disse.

Frei David explicou que os dois últimos grupos [pardo-pardo e pardo-branco] não são alvo dos processos de exclusão.

“Quando a polícia faz uma revista em pessoas que passam na rua ou entra em um ônibus, ela vai diretamente em quem julga negro: preto ou pardo-preto. Nunca vai em um pardo-pardo ou pardo-branco. Das várias vezes que passei por revista, nunca vi um pardo-branco reivindicar o direito de ser revistado. Agora é para ter benefício?”, criticou.

Para o diretor da Educafro, a questão das regras de verificação ainda será alvo de muita polêmica, mas que será positivo. “Entendemos que o Brasil passa por um momento especial. Estamos discutindo fortemente um elemento da identidade nacional que nunca foi discutido. Quando é para tornar o Brasil um país mais igual, há omissão da classe dominante. Nós precisamos entender que o Brasil só vai ser melhor quando pretos e pardos tiverem oportunidades reais no cenário nacional”, destacou.

Frei David disse ainda que é fundamental que as comissões que farão as averiguações tenham um treinamento, porque o olhar das pessoas varia muito conforme suas definições pessoais. Segundo ele, o Ministério do Planejamento já deu dois treinamentos do tipo recentemente. “Conclamamos que multipliquem treinamentos para as comissões do Brasil inteiro.”

Fraudes

A verificação da autodeclaração deve acontecer antes da homologação do resultado final do concurso público. Caso se verifique que a autodeclaração é falsa, o candidato será eliminado do concurso, sem outras sanções. Haverá, no entanto, a possibilidade de recurso para candidatos não considerados pretos ou pardos após decisão da comissão.

Conforme Frei David, além de ser eliminado da seleção, o candidato que prestar a declaração falsa “merece ser processado imediatamente por falsidade ideológica”. “Quando não se encaminha o fraudador para a polícia, percebemos que ainda não está sendo levado a sério a identidade do povo brasileiro.” Acrescentou que os movimentos organizados pedirão que seja criada também uma comissão para avaliar a aplicação dessa orientação normativa.

Os concursos públicos que estão em andamento e que não tiverem previsão de verificação da autodeclaração deverão ter seus editais retificados para atender às novas regras. Segundo o diretor da Educafro, é necessário avançar mais e que governos estaduais e municipais e universidades públicas também tenham regras mais claras sobre as cotas.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

38 Comentários

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  1. Frei David, mais um homem de Deus, mais uma razão para ser ateu

    “Todo o problema está no pardo-branco, porque ele tem poucos traços fenotípicos do povo negro e usa a genotipia para usurpar um beneficio que não lhe pertence”.

    Poucas vezes li declaração mais racista. Mais uma demonstração de que de boas intenções os cimiterios estão cheios. Aliás, a manchete deveria ser “Temer cede ao racismo e institui tribunal de pureza racial”.

    1. As cotas tem uma finalidade

      As cotas tem uma finalidade especifica, dar uma oportunidade maior aos afro-descendentes. Como fazer se consideravel numero de brancos puros se declaram negros para fraudulentamente se aproveitar dessa brecha? Qual a solução?

      Não fazer nada? No ultimo concurso do Itamaraty tres candidatos brancos pleitearam entrar na cota dos negros e foram barrados. Hoje existem metodos pelo DNA, vamos chegar a isso.

      1. “Hoje existem metodos pelo

        “Hoje existem metodos pelo DNA, vamos chegar a isso.”

        Reesposta: “As formas e critérios de verificação levarão em conta apenas os aspectos fenotípicos do candidato, que são suas características físicas, e não a ascendência.”

      2. Tribunal de Pureza Racial “Frei David”

        Prezado André, também pensava como você. E me questionava, como um branco teria tal desfaçatez?

        Frei David deu a resposta. Frei David, por óbvio, não é um branco. Fosse branco e teria mais traquejo verbal para evitar declarações com tal nível de rancor, intolerância e racismo.

        Não são os brancos os acusados por ele de fraudar a lei de cotas, são os “não pretos o suficiente”.

        Pela novilíngua do movimento negro, “negros” eram o grupo étnico formado por pretos e pardos. Agora temos um sofisticação, “negros” são os pretos e “quase pretos”. Os demais são brancos e “quase brancos” e, esses últimos não são elegíveis para as cotas raciais.

        Vê André, não se tratava de brancos fraudadores, mas de “não negros o suficiente”. O grau de suficiência deverá ser determinado pelo Tribunal de Pureza Racial “Frei David”. Que “treinará” avaliadores para reduzir ao mínimo as “subjetividades”. 

        Trata-se de uma ideia tão intolerante que Dilma não a adotou, mas que Temer, desesperado por reconhecimento, não teve dúvidas em abraçar. 

        Mas respondendo sua pergunta.

        O TPR-Frei David jamais aceitaria exames de DNA, isso só provaria que somos todos mestiços. Os brancos, inclusive.

        Então quais as alternativas?

        Há três.

        Aceitar a autodeclaração com todas as suas fragilidades, mas com a possibilidade de denúncia e recurso em relação a manifestos abusos.

        Instituir os Tribunais de Pureza Racial e sua “discriminação positiva”.

        Passar a adotar cotas socioeconômicas, que são critérios objetivos e beneficiariam pobres negros e brancos. Mas que não atendem os critérios de “justiça racial”.

         

        1. !!!!!!!!!!!!!!!!
          Confirmado:

          !!!!!!!!!!!!!!!!

          Confirmado:  o Brasil NAO tem documentacao oficial nem de cor de pele nem do (lastimavel) conceito de “raca”!!!!!

          Qualquer um SE declara qualquer coisa pra mamar nas tetas do governo!!!

      3. Afro-descendência???

        André, como é que alguém vai medir a afro-descendência????

        Como eu indiquei no meu post acima, 86% da população brasileira possui marcadores genéticos de origem africana: 86% dos brasileiros são objetivamente e por direito afro-descendentes.

  2. Nazismo!

    Mais uma demonstração do fascismo que tem nome e sobrenome no Brasil. Após perseguir os transsexuais, gays, índios e gays, o usurpador Michel Temer promove mais uma ação higienista contra as minorias, neste caso os negros, que obtiveram imensuráveis conquistas com a política de cotas implementada peo presidente Lula. Agora, veem seus direitos ameaçados e são obrigados a se submeter ao constrangiento de provarem aos nazistas a rigem de suas raças. Provavelmente, serão marcados a fogo como gado para assim poerem cursar uma universidade, o que é um direito de todos os negros. Não me surpreenderei se Michel Temer condicionar a construção de novas edificações habitacionais exclusivas para negros em áreas distantes dos grandes centros, impedindo-os de frequentar lugares reservados aos brancos. O Brasil caminha rumo às trevas do obscurantismo e parte da sociedade ainda não se antentou ao fantasma do nazismo representado pela tenebrosa figura de Michel Temer.

  3. Pronto, chegamos ao ponto em

    Pronto, chegamos ao ponto em que os ativistas racistas queriam: um tribunal racial, para saber que é mais negro que o outro. Cotas sociais são a solução, como qualquer pessoa de bom senso sabe. Mas se querem insistir no critério raça, que seja instituído então o percentual de negritude que se pretende suficiente para ter direito às cotas. Como diria o poeta, para quê simplificar se a gente sempre pode complicar?

  4. Sem se dar conta, o próprio

    Sem se dar conta, o próprio Frei David deu a sugestão.

    Então que se institua um “tribunal feito de PMs”  daqueles bem brucutus. Serão eles a designar quem eles pegariam para revistar. Quem eles escolherem  serão os com direito a cota.

    Imaginei que um  frei pudesse ser mais sábio e não dar declarações como a dele

  5. Já que o assunto é seleção

    Por que não dar direitos somente aos humanos de verdade?

    Com os testes de DNA se sabe que todos os grupos humanos fora da África possuem DNA neanderthal.

    Ei,  seus nazis branquelos,  suas mães ancestrais foram fodidas por neanderthais. Seus ancestrais foram gerados em um útero neanderthal.

    Vamos falar de raça pura agora?

    Se isso for possível,  será algo exclusivo para africanos.

    Bye bye pureza branquela. 

  6. O tal “frei” negociou com o STF,

    i.e. Gilma Dantas, o comitê de seleção:

    Presidente: Dr Heindrich,

    Vice-Presidente: Dr Eichmann

    Tradução simultanea para o português: Dr Joaquim Brabosa.

    Odem e Progresso

    1. o tal…

      Poder público e político ridiculo ao qual nos sujeitamos. Daqui a pouco teremos o Ministério da Coloração. Mas pr outro lado também instituiram neste país o racismo como prática politica. Leis de proteção e desenvolvimento para classes sociais menos favorecidas. Sejam de qualquer cor ou origem. 

  7. “Todo o problema está no

    “Todo o problema está no pardo-branco, porque ele tem poucos traços fenotípicos do povo negro e…”

    É um problemão!

    Conheci uma moça, telefonista, preta, mais para Taís Araujo do que Lázaro Ramos. Tinha todas as características fenotípicas da etnia. Nas quebradas da vida, conheceu um rapaz branquelo. Mais branco impossível. Depois de se conhecerem bem, casaram. Fui um dos convidados para a cerimônia.

    Como consequência natural da união, nasceu uma linda menina. Por um desígnio do destino, a menina nasceu com toda a fenotipia do pai. Aparentemente, a criança estaria se livrando do preconceito. Certo? Errado. Começava aí agonia para pai, mãe e filha. A todo momento teriam que afirmar a paternidade e filiação.

    A mãe costumava levar a menina para a pracinha.Lá conversando com as babás, em 100% das vezes, era confundida como a babá da filha. Perguntavam para ela quanto ganhava, se a patroa era legal, enfim, coisas desse tipo. Ela tinha um bom humor incrível. Dava corda na conversa para depois contar a verdade e ver a cara de espanto das outras. Ela contava outras situações constrangedoras vivenciadas de racismo.

    A literatura me permite, como diria importante magistrada, que diga que situações como essa e outras persigam as pessoas nas reuniões escolares, trabalho, na vida social de maneira geral. A literatura me permite também pensar que filhos brancos ,ou pardo-brancos como diz o Frei, sejam “desvalorizados” por racistas pela ascendência afro. Algumas vezes, essa pressão social, através da história, provoca uma reação cruel por parte de certos filhos, a “vergonha” de sua ascendência. Esconder a ascendêcia, em determinados ambientes, passa a ser questão de sobrevivência.

    Acho um equívoco a lei. Se houver fraude que se punam os culpados, agora criar um tribunal racial é um exagero. Será que examinarão o estado da arcada dentária também?

    1. Pois é, caro Luiz. Passei e

      Pois é, caro Luiz. Passei e passo por essa situação até hoje. Minha mãe é branca (apesar de ter pai negro), meu pai é negro e eu nasci com pele “branca” e cabelo liso. Na escola, as pessoas perguntavam se meu pai era o motorista ou o padrasto. Quando saio com o meu pai, acham que é namorado, motorista, qualquer coisa, menos o meu pai. Ele sofreu preconceito a vida toda. Por alguma razão, não herdei seu fenótipo, mas não me considero branca de forma alguma. Mas, em um concurso, não tenho o direito de concorrer a algo que também deveria ser meu de direito. Afinal, meus ancestrais são negros e apenas por ironia do destino, nasci “branca”. 

  8. Tema complexo para ser

    Tema complexo para ser discutido em poucas linhas. Dá para fazer textão sem necessariamente chegar em lugar algum. Por um lado, há que se convir que a política de cotas raciais, mais dia, menos dia, chegaria em algo do tipo. Por outro lado, não deixa de ser um arianismo às avessas.

    1. Pelo contrario

      Tinha que ser coisa simplicissima e sem discussao nenhuma por ser legalmente documentada!

      Nos EUA vale o que esta escrito na sua certidao de nascimento”  voce nao “decide” magicamente se declarar negro, nativo, ou minoria pra fintar o governo(!).

      Acho que a medida esta certa SE ha documentacao oficial de cor de pele ou raca no Brasil.  Se nao ha…  eh dose pra leao lidar com esse pais, viu?

       

      (Por sinal, a ultima vez que o assunto apareceu no blog uns 5 anos ou mais atraz, uma jovem judia branquissima se declarou negra na papelada da universidade pra entrar de graca e entrou mesmo.  Isso foi uns 5 anos atraz mas os arquivos do blog desaparecem com praticamente todos os comentarios.

      Ate hoje o assunto NAO foi resolvido!)

      1. Ivan,
        No Brasil certidão de

        Ivan,

        No Brasil certidão de nascimento  não vale como determinação da cor. Por exemplo, sou filha de mãe branca e pai pardo. No registro do meu nascimento tenho a cor branca. Tenho uma colega que é filha de mãe parda e pai branco, ela tem em seu registro a cor parda.  Nossas tonalidades de pele é bastante próximas, pelo menos visualmente.  Chegamos a conclusão que esta diferença na certidão de nascimento de uma e outra tem a ver com as cores das nossas mães. Já que um recém nascido mestiço não teria a sua cor tão determinada pelo visual, deste modo  eles levariam em conta as cores do pai e da mãe, sobretudo da mãe.  

        1. Muitissimo obrigado pelo

          Muitissimo obrigado pelo esclarecimento, Ritinha!  O que eh uma pena eh que ate hoje a situacao continua aa base do “o enfermeiro acha” e nao ha metodo mais estruturado:  nenhum.

          1. A resposta é simples: se for

            A resposta é simples: se for petista, é negro e deve ser açoitado e processado; se disser ser favorável ao impeachment, é aprovado.

  9.   A solução é formar uma

      A solução é formar uma comissão de PMs. Vestido com bermuda e chinelo, o candidato será avaliado pela comissão como “banhista” ou “elemento suspeito”.

      Brincadeiras à parte, aí está o grande problema: em última análise, montaremos grupos para avaliarem se negros são negros ou se não negros não são negros, algo que é de nefasta memória na terra brasilis.

      Enfim, considerando que as cotas não existem com a intenção de ser um afago, um carinho psicológico, mas de possibilitar a superação de uma herança socioeconômica negativa, seria muito mais efetivo e de indiscutível objetividade a instituição de COTAS SOCIAIS. É sábido que a maioria da população pobre é negra: no Brasil, a pobreza tem cor. Se, digamos, 20% das cotas beneficiarem brancos pobres e 80% negros pobres, acredito que já teríamos um resultado bastante satisfatório, SEM o componente racial. Diga-se de passagem que é uma lógica bastante semelhante à de um programa que JÁ temos: o Bolsa-Família. Imaginem o ridículo do BF se basear em critério racial. Do mesmo modo, acredito que COTAS SOCIAIS tenham as vantagens de cotas sem as desvantagens do modelo racial.

  10. É preciso evitar essas

    É preciso evitar essas fraudes dos espertinhos, sem dúvida. O brasileiro por ser muito miscigenado, ora passa por branco, ora por negro. Depende do lugar e da circunstância. 

    Mas pelo amor de Deus, não instituem essa tal “comissão de averiguação”. Arrumem outro jeito. É constrangedoramente surreal imaginar como seria essa “averiguação”. O sujeito posta-se em frente a “especialistas” que passam a examiná-lo feito um cavalo ou boi em feira pecuária?

    Tipo “sei não, a pele não é muito escura, mas tem cabelo pixaim”. Ou então a pele é escura, mas como o nariz é fino, pode ser um bronzeado excessivo”. O indivíduo terá que ficar nu? Aí vai ter piada do tipo “o tamanho de sua genitalia não corresponde ao fenotípico dos descendentes de africanos, é fraude”. 

    Não, for favor, o Brasil já está passando muito vergonha. Podemos ficar sem essa!

  11. A cobra e o próprio rabo

    Fecha-se o círculo do racismo.

    A Razão Racista, quando inicia seu trabalho, sempra acaba por cobrar seu império.

    1. Pensei o mesmo

      Agora há “racismo a favor” e o custo é o movimento negro dar legitimidade ao governo Temer

      Essa parte do movimento negro piscou. No seu radicalismo, não percebeu que existem limites éticos os quais não podem ser ultrapassados mesmo quando se defende uma causa justa.

      Os fins justificam os meios só vale para o príncipe

  12. Temer veta concursos

    TEMER VETA NOVOS CONCURSOS PÚBLICOS QUE CRIARIAM MAIS DE 14 MIL CARGOS

    Terça-feira, 02 de agosto de 2016  Conforme prometido aos líderes partidários, o presidente interino, Michel Temer, vetou os artigos dos projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional que estabeleciam criação de mais de 14.419 cargos ou gratificações e a transferência de carreiras no serviço público, negociados no governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Os itens que estabelecem reajuste dos servidores federais foram sancionados por Temer. O argumento para os vetos é de que não há necessidade de aumento de quadro neste momento. Com isso, também não estão previstos concursos públicos a curto prazo. As matérias foram aprovadas no Senado em 12 de julho já com a condição de veto posterior. Pressionado pelo funcionalismo, que ameaçava greve inclusive no período das Olimpíadas, na última sexta-feira (29/07), o Poder Executivo publicou edição extra do Diário Oficial da União (DOU) com a sanção das leis e os artigos vetados. O Número 145-A do DOU contempla praticamente todas as categorias que estavam ansiosas pela chancela do presidente. De acordo com Rudinei Marques, presidente o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), a sanção dos aumentos tinha que acontecer até, no máximo, ontem, prazo final para o dinheiro entrar nos contracheques de agosto. “Se não fosse assim, só receberíamos no mês seguinte, sem retroatividade”, destacou. Entre os PLs que estavam na Casa Civil, ainda estão pendentes apenas os dos auditores do Ministério do Trabalho e as carreiras do Itamaraty, que nem sequer celebraram acordo. Também não estão no bolo os do defensor-geral e do procurador-geral da República e dos ministros do Supremo, que têm efeito-cascata porque outras carreiras usam o valor como referência. A única lei publicada — a de nº 13.325/2016 — sem vetos foi a que reajusta em cerca de 20%, em quatro parcelas, os salários do magistério federal e de carreiras da área de Educação. A Lei nº 13.326/16, por exemplo, que beneficia o pessoal das agências reguladoras, do Inmetro, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e da Advocacia-Geral da União (AGU), teve, entre outros dispositivos, o veto à criação da carreira de analista em defesa econômica e de analista administrativo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao artigo que permitiria funcionários das agências exercerem outra atividade, pública ou privada. AdvogadosOs advogados federais (Lei nº 13.327/16) ganharam, como desejavam, os honorários advocatícios. O mesmo texto contempla servidores do Banco Central (BC), carreiras do ciclo de gestão e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O veto foi na parte que tratava de subsídio financeiro para auditores-fiscais dos quadros em extinção do ex-território de Rondônia e na que mudava a escolaridade de ingresso no Ipea e do BC, elevando a exigência de ensino médio para superior. Os técnicos do BC ficaram revoltados com o veto à mudança no acesso. Na quinta-feira passada, o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn, se reuniu com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), maior crítico ao dispositivo, na tentativa de que o trecho não fosse alterado. Não adiantou. De acordo com Willikens Brasil, presidente do Sindicato dos Técnicos do BC (SinTBacen), para a categoria, que ficou 21 dias em greve, este foi mais um descumprimento de acordo, o quarto em 11 anos.  Por Zé Carlos BorgesWhatsApp (74) 99140 5525Com informações Diário de PE

    .http://blogzecarlosborges.blogspot.com.br/2016/08/temer-veta-novos-concursos-publicos-que.html

  13. Absurda a declaração do Frei

    Absurda a declaração do Frei David.

    Claro que existem os espertinhos e também os que fazem “triagem” e beneficiam os mais claros que dificilmente seriam considerados negros.

    Aconteceu na minha família. Uma sobrinha com fenótipo branco, cor clara, cabelos lisos, puxou para o pai filho de italianos, se auto declarou negra e conseguiu 100% de bolsa numa universidade. Sua irmã, um pouco mais escura, cabelos cacheados, não foi considerada negra o suficiente pelo avaliador e não conseguiu nada. Outro sobrinho, primo das duas, pardo-pardo, cabelo cacheado, traços do seu pai português, também não conseguiu.

    O único que precisaria de cotas, o mais escuro deles, foi visto como branco na triagem, não aceitaram os argumentos das duas sobrinhas que abriram mão em favor dele.

    Ou seja, mesmo com autodelaração, depende muito do olhar do outro, que, na maioria das vezes, termina distribuindo as cotas para aqueles que têm o fenótipo de branco. Até nisto, há preconceito e discriminação. Parece que as universidades não desejam o fenótipo negro em seus bancos. 

    Outra sobrinha, parda-branca, cabelos cacheados, que não pleiteou cotas quando cursou faculdade, quando procurava estágio, ouvia das entrevistadoras para alisar o cabelo pois isto facilitaria sua admissão. Após conseguir estágio no RH de uma empresa tipo CEE, teve acesso a um e-mail que dizia para não contratarem estagiários negros pois as empresas não queriam. Ela ficou possessa e falou com a chefia, que respondeu que já tinham quebrado seu galho por causa do seu cabelo cacheado.

    No dia, ela me ligou e disse que não conseguiu copiar o e-mail, pois queria denunciar a empresa. Depois disso, terminou pedindo pra sair.

    Mesmo assim, não concordo com a declaração do Frei David.

     

  14. Se for usar o teste de DNA

    Se for usar o teste de DNA como medida de esclarecimento científico para definir quem é negro e quem não é, mais de  dois terços dos brasileiros se enquadrarão nesta condição dada a intensa miscigenação que se estabeleceu no Brasil desde que Caramuru chegou por aqui, foi uma festa ininterrupta desde então, nesse aspecto não se pode reclamar da indulgência de nossos ansestrais portugueses que nos legou o gosto, desculpem a metáfora,  pela fruta seja de que cor for.

    E dessa forma, claro, temos um painel multicolorido neste país com ascendentes de todas as “raças’, permito-me citar meu exemplo que tenho três filhos, dois mais supostamente brancos e um mais moreno ou pardo, pois minha esposa é filha de um negro com uma branca e aí, o que se faz nestes casos?

    É claro, sabe-se perfeitamente, que o racismo decorre da rejeição às caractísiticas fenotípicas  de determinada raça, no caso dos negros a cor da pele, o tipo de cabelo, morfologia facial, etc, portanto, o racismo nem sempre é dirigido a um “branco” filho de negro/branco, mas àqueles de pele escura, sejam filhos de pais negros ou pais interraciais.

    Não obstante, não se pode permitir que a loteria do DNA seja o fator determinante da manutenção do vilipêndio do racismo e da exclusão social em função da cor da pele das pessoas , as cotas surgiram e foram establecidas exatamente por causa do evidente processo de exclusão dos mais pobres e dos negros das conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.

     

     

    1. Impossível definir “raça negra”…

      …seja por DNA seja pela pigmentação da pele.

      “Não há necessariamente uma correspondência direta entre cor da pele e ancestralidade”.

      (http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/03/16/muitas-cores-um-povo/)

      (ou, para quem preferir o artigo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC140919/)

      Pelas projeções das pesquisas da equipe do geneticista Dr. Sérgio Pena, da UFMG, 86% da população brasileira possuiria marcadores genéticos africanos.

       

  15. Cotas…

    O mais interessante é que a MAIORIA dos comentários aqui são feitos por BRANCOS querendo problematizar e debater uma pauta que desconhecem. Parabéns pra vcs…. sábios entendedores. 

    A propósito, a medida editada ontem vinha sendo estudada já do governo Dilma.

    Inclusive, fiquei espantada que o normativo tenha saído no governo do interino GOLPISTA.

     

    1. Ana,
      Eu não vi fotos dos

      Ana,

      Eu não vi fotos dos comentarias para afirmar , como fez,  que a maioria seriam de brancos.  Por outro lado, na minha opinião,  a maioria dos comentários não problematiza nada, apenas comentam é a problematização feita pelo comenta´rio do Frei David, a de por exemplo,  evitar que os  pardos brancos se passem por pardos pretos.

    2. Não se impressione não, cara Pixaim

      Racismo é racismo, não precisa ser de direita ou de esquerda para promovê-lo.

      Essa onda neorracista já vem caminhando desde o governo FHC, com o pesado patrocínio intelectual da Fundação Ford.

      As políticas neorracistas no Brasil não têm nada a ver com nenhum progressismo.

    3. O fato de não existir uma

      O fato de não existir uma norma antes deve ter uma razão, e nenhum luminar que “reinventou a lâmpada” pensou nisso. Não, essas pessoas definitivamente não pensam.  A norma, ou seja,olhar para a cara de alguém e dizer se é branco ou preto é de uma estupidez Trumpiana. Como se toda a herança de segregação racial zerasse quando a pessoa nasce, não atingindo sua criação, seus pais seus avós. O fato de a Dilma ter estudado essa medida estúpida não é mérito nenhum. O pior dos mundos é um pais governado pelo “bom senso” e por um governo golpista. Querem mudar a previdência com “bom senso” chutando numeros no rabo dos interessados, agora voce trabalha mais 40%, 70 anos 65 anos.  Seu comentário também não é um exemplo de ponderação, uma vez que você chuta uma estatística sobre a etnia dos comentaristas. 

  16. MANIPULAÇÃO GENÉTICA JÁ

    SE O BRANCO TEM MAIS CHANCES DE SUCESSO QUE O NEGRO E SE A VARIAÇÃO DA COR DA PELE ALTERA O INTELECTO DA PESSOA, QUE TODOS POSSAM TER O DIREITO DE MANIPULAR SEUS GENES PARA QUE NENHUM FILHO NASÇA COM A PELE ESCURA, ASSIM A CAPACIDADE DE PASSAR NO CONCURSO AUMENTA E NÃO SE PRECISA MAIS DE COTAS

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