The last days of Aldo Moro, por Fábio de Oliveira Ribeiro

The last days of Aldo Moro

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Como a maioria dos brasileiros acompanhei a cobertura do sequestro e morte de Aldo Moro pela televisão sem entender muito bem o que estava ocorrendo na Itália. Ontem topei com o belo documentário sobre aquele episódio:

https://vimeo.com/60732624?ref=tw-share

https://vimeo.com/60732624?ref=tw-share

Nenhum paralelo pode ser traçado entre Aldo Moro e Lula. Mesmo assim, me parece evidente que alguns aspectos dos dois casos são semelhantes.

Aldo Moro conseguiu costurar um acordo entre a Democracia Cristã e o Partido Comunista Italiano para formar um governo de coalisão. Pouco depois foi sequestrado por um grupo de extrema esquerda e abandonado à própria sorte pelos companheiros de partido que não queriam governar junto com os comunistas. Lula foi sequestrado pelo sistema de justiça com base num processo penal fraudulento para não disputar a eleição presidencial de 2018. Os arquitetos do golpe de estado de estado de 2016 “com o STF com tudo” querem impedir o povo brasileiro de eleger um líder que tenha condições políticas e coragem revogar as medidas neoliberais adotadas pelo (des)governo Michel Temer.

As contradições políticas da época podem ter levado o governo italiano a permitir o sacrifício de Aldo Moro. Os interesses de médio e longo prazo da Itália foram considerados mais importantes que a preservação da vida de um estadista rejeitado por membros de seu próprio partido. Essa interpretação é dada por um dos entrevistados no final do documentário.

Os golpistas brasileiros estão tentando de todas as maneiras sacrificar Lula no altar do deus mercado. O problema é que a estratégia deles não funcionou. O ex-presidente petista não foi esquecido pela população: as intenções de voto em Lula cresceram após a prisão dele. Os políticos petistas e a militância do PT não traíram nem abandonaram seu principal líder.

Desafiando a dinâmica eleitoral que o golpe “com o STF com tudo” tentou impor ao país, o PT lançou Lula à presidência. Qualquer analista político de bom senso é obrigado a admitir que essa estratégia se mostrou acertada e promissora. Lula cresceu nas pesquisas e se transformou num símbolo mundial da luta política contra as limitações impostas à soberania nacional pelo povo do mercado. Isso claramente impediu o golpe de transformar a morte política Lula numa versão brasileira pós-moderna do sacrifício ritual de Aldo Moro.

O documentário é muito bom. Vários protagonistas da tragédia italiana (políticos de direita e de esquerda, membros das Brigadas Vermelhas e o agente norte-americano enviado para analisar o caso e sugerir alternativas de solução) foram entrevistados e finalmente puderam dizer ao documentarista o que não poderiam ter dito na época. The last days of Aldo Moro é um curto, mas extremamente rico. O documentário mostra que o universo político em ação durante o sequestro e morte do estadista italiano era muito diferente daquele que foi mostrado ao ‘respeitável público’ pelas empresas de comunicação.

Ao ver esse documentário e meditar sobre o que está ocorrendo em nosso país é impossível não suspeitar da versão que a mídia tenta construir para salvar o neoliberalismo do naufrágio no Brasil. Quais são os verdadeiros interesses que motivaram e motivam decisões judiciais absurdas e até criminosas para tirar Lula da disputa eleitoral enquanto o controle das riquezas do Brasil vai sendo tirado das mãos dos brasileiros? Essa meus caros é uma pergunta que ninguém ainda tentou responder de maneira direta e contundente através de um documentário.

Após assassinar Aldo Moro as Brigadas Vermelhas perderam legitimidade popular e foram rapidamente aniquiladas pelo sistema de justiça italiano. Presos e condenados, os brigadistas passaram uma boa temporada na prisão. O sistema de (in)justiça brasileiro conseguirá evitar uma dura reforma imposta de fora para dentro após ter tentado assassinar politicamente Lula? Essa é uma pergunta para ser respondida nas urnas. Todo poder ao povo brasileiro, abaixo os criminosos de toga.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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