Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
[email protected]

Nestor na ativa, Karnal na oitiva, por Rui Daher

karnal_moro.jpeg

por Rui Daher

“Mas hei de vê-lo bem feliz, se Deus quiser (…). E agradeço pelo que você fizer, meu senhor”.

E não é que o Antonico fez? Falou com toda a mitologia planetária atemporal – céus, águas, terras, fogos. E conseguiu!

Uma semana atrás contei a vocês sobre o acidente que levou o Nestor ao hospital, depois do desfile da Acadêmicos do Tatuapé. Pois é. Teve alta no dia seguinte, logo que os médicos diagnosticaram coma alcoólico de alto grau. Levou um pito dos médicos e dois da mulher: um, por ter mentido que não bebera antes do desfile, outro pelo susto que lhe dera. A uma enfermeira compreensiva confessou o quanto pesavam as duas garrafas de cachaça escondidas sob a fantasia.

Melhor assim. Quando contei a história para o Pestana, ouvi dele: “Ele que se cuide. Minha mãe dizia que assim como Santo Antônio ajuda a casar, faz descasar”.

Caso e fato são que na sexta-feira, enquanto eu autografava o “Dominó de Botequim”, na Realejo Livros, de Santos, recebo ligação aflita do Nestor:

– Chefe, urgente, furo, consegui uma entrevista a mais momentosa. Você volta amanhã?

– Não pretendo. Vou pegar uma praia. Estou precisando. Leve o Pestana com você. Mas quem é a figura?

– O Pestana também não pode. Adivinhe! Intelectual, careca total.

– Alexandre de Moraes, Pondé, Mantega?

– E desses algum é intelectual? Nada. Se declarou bom e velho amigo de juízes paranaenses.

– Não acredito! Ele? Em carnal e ossal?

– Ele mesmo!

– Quem te arrumou o contato?

– Não posso revelar nem a você. É de esquerda, mas não quer se sujar.

– Me conta. Prometo deixar em off.

– Não posso. Jurei pelo Antonico. Diga que foi o cabelereiro dele.

– Não dá para adiar?

– Nem pensar. Depois desse jantar, sua agenda de palestras lotou até o fim do ano. Agora eles têm um intelectual atestando pós-verdades. Tem mais: não será presencial, perguntas e respostas só por e-mail e no máximo cinco. Preciso enviá-las até amanhã (sábado) ao meio-dia. Já bolei tudo.

– Me manda um WhatsApp com as perguntas. 

“Currupaco, paco”, este o singelo aviso de chamada que coloquei no meu celular. Identifico Nestor.

Pergunta 1 – O senhor escreveu “Pecar e Perdoar: Deus e Homem na História” (Nova Fronteira, 2014). Ele vai perdoar o Aécio? É Deus ou homem?

Pergunta 2 – Como historiador e professor, crítico do fascismo, esclareceu o fato de ele só usar camisa preta? Esconde melhor suas babas?

Pergunta 3 – Vinhos ótimos são caros. Se no plural, foram mais de um. A oferta foi por sua generalizada delação premiada à esquerda ou pela contratação como secret agent?

Pergunta 4 – Acredita que seu livro “A Detração: Breve Ensaio do Maldizer” (Unisinos, 2016) é origem da figura mítica de Kim Kataguiri?

Pergunta 5 – O professor já declarou que “quem lê Veja não está dividido com nada, é absolutamente fascista”? Sérgio Moro ganhou o prêmio de personalidade do ano do Globo. Como velhos e bons amigos, seus projetos futuros incluem investigar a organização dos Marinhos na Lava Jato?

– Manda ver, Nestor.   

0gif-tarja-autores-que-sigo.jpg

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Minha curiosidade é outra

    É para Nestor & Pestana sairem à campo em investigação:

    Quem é a quarta pessoa que não saiu na foto? Aliás, é quem tirou a foto? 

  2. Tentando ficar de pé

    Boas perguntas Rui!

    Creio que o mais justo é colocar ipsis literis o que ele deduziu do caso. Para o momento, Karnal apagou a foto e colocou este texto em sua página no Facebook:

    Para amigos e interessados

    Acho que bons amigos e seguidores pedem com tranquilidade que eu aprofunde temas sobre o jantar que eletrizou o país. As pessoas que me odeiam não precisam, mas as que gostam merecem. Por elas, vamos a eles:
    – Sou amigo do juiz Furlan há algum tempo. Temos chance de encontros por este país e ele, muito culto, autor de muitos livros e também autor de coluna para grande público no jornal Metro e Gazeta do Povo, ensina-me muito. Ele é próximo ao juiz Moro e sugeriu um encontro entre nós quando eu estivesse em Curitiba. Encontrei-me com o juiz Moro pela primeira vez na sexta à noite (10 de março) para jantar.
    – Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história. Como eu disse na página, adoraria ter um jantar com Ciro Gomes, com Maria da Penha, com Maria do Rosário, com Lula e com outras pessoas. Todos me ensinariam bastante sobre sua visão de mundo, o que faria eu pensar muito. Realmente gostaria disto.
    – O plano em comum que tenho com o juiz Moro é o fato de que ambos daremos uma palestra na pós graduação da PUC com muitos outros nomes do cenário nacional. Isso estava acertado há meses. Fui vago demais em campo minado.
    – Para os que me seguem e gostam, enfatizo que continuo o mesmo, como continuaria pós um encontro com a presidente Dilma (a quem eu tb gostaria de encontrar). Meu interesse pelo mundo é maior do que qualquer outra questão. Continuo um crítico do racismo, da misoginia, da homofobia, um professor interessado de forma apaixonada na educação.
    – Claro que todas as pessoas são livres para curtir ou descurtir a página de forma inteiramente livre. Faz parte da opção de cada um. Eu, tal como vocês, sou/somos livres para encontrar quem desejamos e para estar nas páginas que desejamos. Recebi muitas críticas pela foto e muitos apoios, ambos polarizados. Continuo estranhando polarização mesmo, pois acho mais fígado do que cérebro. A política em si me interessa pouco, a partidária menos ainda e volto a insistir no que digo há anos: a corrupção brasileira é um mal generalizado.
    – Lamento a polarização no Brasil e lamento o clima que, por poucas explicações minhas, causei. Tomarei mais cuidado e desculpo-me por isto. Quando eu tiver encontros com outras autoridades e pessoas de referência, prometo, guardarei para mim e pra meu debate interno. O momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar.
    – Todos agora são livres para continuarem gostando de mim ou me odiando. Não há problema nisto. Não voltarei a este tema. Por perceber que errei, deletei o post com a foto feito após algum vinho. Se beber não poste. Sigam livres suas convicções, sem problema algum.
    – Sinto-me como Ícaro que mistura vaidade e vontade de conhecer. Isso leva a me queimar por vezes. Quase sempre quero ver as coisas de perto. Já estou em idade para seguir Dédalo. Continuarei como sempre escrevendo, lendo, dando aulas, palestras, vendo exposições e comentando tudo que me encanta neste mundo: arte, literatura, ensino. A quem me perguntar com clareza e desarmado minhas opiniões políticas, eu as darei com a serenidade costumeira, longe da internet onde ninguém mais escuta ninguém neste campo. Como tenho afirmado, o mundo é mais amplo do que qualquer dualismo. Entre concordâncias e discordâncias é possível conversar com pessoas de um amplo espectro político, jurídico e cultural.
    – Por fim: eu paguei o vinho. Bom fim de domingo

    Leandro Karnal

     

    1. Gostei do

      Gostei do comentário/provocação do amigo Walter Falceta na LT do Karnal:

      Então, está explicado: vaidade, vinho e triunfo precipitado da vontade. Errou no “kairós”, interpretou mal a “hylé” e fiou-se na ideia de que o togado havia obtido o tesouro da “alétheia”. Solução: humildade e metanoia, Leandro Karnal.

    2. Bobo ele não é, então…

      “… também a insensatez tem seu templo e sua taberna de festas, para onde continuamente quer atrair os incautos…”       o u   n ã o!

    3. Acabo de ler a justificativa

      Acabo de ler a justificativa do palestrante profissional Leandro Karnal.

      1- Ele começa com a vaidade  modo “on”, dizendo que seu jantar eletrizou o país. Como é importante este senhor…

      2- Depois diz que Moro é amigo do amigo dele.

      3- Diz gostar de política, mas não a política partidária. Não importando a repercussão de seu ato. Validando a imagem à submissão da destruição da democracia. Todos sabem que o papel central de Moro é impedir Lula 2018. Depois do golpe, nada mais complicado que a volta de Lula.

      4- Salienta que gosta de se encontrar com pessoas da história. Talvez, Karnal gostasse de jantar com Himmler ( comandante da SS nazista), uma vez que foi uma personalidade da época, ou com próprio Hitler. Azar do tempo….não é Karnal?

      5- Culpa o vinho, por ter postado ainda sob efeito do álcool. Da filosofia, não existe mulher feia, vc que bebeu de menos.

      Ou seja, o palestrante bebe demais da conta, a ponto de dizer coisas que se arrepende, pois retirou a foto de seu facebook.

      6- A cereja do bolo ficou evidente no ato falho a seguir.

      Comparou Moro antagonicamente a Lula, Dilma, Maria do Rosário … Disse que jantaria também com eles.

      Neste momento, Karnal reconhece o partidarismo do Judiciário e faz um contra ponto que jantou com a Direita e jantaria com a esquerda. O vinho lhe traiu novamente, desnudou Moro.

      7- Por último, para brindar a covardia, pagou o vinho. Provavelmente, porque ainda não há o auxílio vinho para juízes.

      Quem sabe sobre dinheiro para isto após destruírem a aposentadoria dos trabalhadores.

       

      Select ratingRuimBomMuito bomÓtimo ExcelenteRuimBomMuito bomÓtimoE

      recolher

  3. Tertúlia
    Como se diz no mundo do direito: bons advogados não são os que conhecem o espírito das leis; e sim, aqueles amigos de juízes e desembargadores.

  4. O próximo jantar de Karnal

    O próximo jantar de Karnal será com: Alexandre Frota, Kim e Bolsonaro. Todos devidamente uniformizados com a camisa da CBF.

    Na decoração da mesa não faltará o pato da FIESP.

  5. nestor….

    O que seria pior, o direcionamento contra o PT e sua base aliada, até este momento ou não existir Lava Jato como outras dezenas de investigações do MP e PF que não dão resultado algum? A sociedade não quer mais isto. Quer ver todos bandidos na cadeia e principalmente revelados. Mesmo que sejam Dilma, Lula, FHC, Alckmin ou Aécio. Ou qualquer prefeitinho ou vereador de cidade minima que trabalha 365 dias para desviar recursos públicos.  A Gestapo Ideológica é desta forma em pleno 2017, imaginem como deveria ser em 1964? Democracia queriam naquela época? Acredite quem quiser. (P.S. Quanto ao Politicamente Correto, estas ongs e ambientalistas de shopping center que querem tornar a Amazônia em nova Disneylândia, saibam que imbecis mataram uma onça pintada adulta em Juquiá. Um pouco mais de 1 hora de carro da zona sul de São Paulo pela BR116. Existe onça pintada na vizinhança de SP, que paulistas e paulistanos desconhecem e não vão conhecer nem quando em viagem à Curitiba ou sul do país. Depois hipócritas querem “salvar a Amazônia”. O Brasil se explica. 

  6. Música Tema de Karnal & Moro

    Pensando bem…, vamos de música tema para o Nestor: “Ô Antonico Vou lhe pedir um favor / Que só depende da sua boa vontade / É necessário uma viração pro Nestor / Que está vivendo em grande dificuldade / Ele está mesmo dançando na corda bamba / Ele é aquele que na escola de samba Toca cuíca, toca surdo e tamborim / Faça por ele como se fosse por mim / Até muamba já fizeram pro rapaz / Porque no samba ninguém faz o que ele faz / Mas hei de vê-lo muito bem, se Deus quiser / E agradeço pelo que você fizer (meu senhor).” (Ismael Silva)

    PS: Se toca cuíca, toca surdo e tamborim, não se sabe o que, ao fundo da foto, faz lá o clarim

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador