A doce e fria vingança do Marajá, por Marco St.

A doce e fria vingança do Marajá: Rolls Royce, do Luxo ao Lixo

Por Marco St.

Essa história é tão extraordinária e cheia de simbolismos que parece ter sido extraída de um livro do tipo “Mil e uma noites”.

Mas não é ficção. Aconteceu de fato nos anos 30 do século passado.

Marajá Jai Singh

Houve uma época em que a marca de carros mais famosa e luxuosa do mundo, a Rolls-Royce foi associada com o lixo.

Tudo começou com um famoso comprador de carros de luxo, o marajá de Alwar, India. Ele tinha por costume sempre comprar, ao menos,  três carros de cada vez.

Um dia, durante visita a Londres, o Marajá Jai Singh andava vestido como um cidadão indiano comum e anônimo na famosa Bond Street, na capital inglesa.

Na ocasião, ele se deteve em um showroom da Rolls Royce e entrou para perguntar sobre o preço e as características dos carros de luxo. Os afetados vendedores ingleses do showroom o tomaram por um indano pobre e miserável. Então o ofenderam e o expulsaram da loja.

Após este incidente, o Marajá, sem se abalar,  voltou para o  quarto de hotel e pediu aos seus servos para comunicar a gerência do tal showroom que o Marajá de Alwar estava interessado em comprar alguns carros e compareceria pessoalmente ao local.

Depois de algumas horas, o Marajá voltou ao showroom da Rolls Royce, desta vez magnificamente trajado como uma realeza indiana. O showroom tinha providenciado um tapete vermelho no chão para acolher o Marajá e todos os vendedores se curvaram respeitosamente diante dele.

O Marajá comprou simplesmente todos os seis carros que estavam expostos  naquele momento e pagou o valor total com os custos de entrega, à vista.

Imagine a alegria dos vendedores…

Pois bem, negócio fechado, de volta  à Índia, o Marajá ordenou ao departamento municipal que usasse  todos os veículos Rolls Royce adquiridos para a limpeza e transporte de lixo da cidade. Isso mesmo: transporte de lixo.

Número um dos carros de luxo no mundo, os Rolls Royce estavam sendo usados para o transporte de resíduos e limpeza de uma paupérrima cidade do terceiro mundo. A notícia se espalhou por todo o planeta e a reputação da Rolls Royce tornou-se motivo de chacota.

Sempre que alguém começava a se gabar na Europa ou nos EUA de que possuía um caríssimo e exclusivo Rolls Royce, as pessoas costumavam rir dizendo: “Qual? O mesmo que é usado na Índia para transportar o lixo da cidade? ” Após este grave dano à reputação da marca,  as vendas de carros Rolls Royce caíram rapidamente e as receitas da empresa mostraram um declínio assustador.

Os proprietários da empresa Rolls Royce, desesperados,  enviaram um telegrama para o Marajá na Índia, quando descobriram o real motivo que havia provocado a atitude do milionário indiano. Pediram sinceras desculpas e rogaram para que parasse de usar os carros Rolls Royce como veículos de transporte de lixo. Não só isso, eles também ofereceram mais seis carros novos para o Marajá, livres de qualquer custo.

Quando o Marajá Jai Singh decidiu que a empresa Rolls Royce havia aprendido a lição, pagando inclusive um alto preço por isso, ele enfim decidiu encerrar a sua doce vingança contra a empresa britânica.

http://www.indiatvnews.com/news/india/latest-news-maharaja-alwar-rolls-royce-cars-municipal-waste-33200.html

Redação

28 Comentários

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  1. Loja bonita

    Marco St.,

    Isto acontece a todo momento, basta a pessoa, no caso um homem, vestir uma bermuda mais ou menos, camisa de malha e havaiana no pé, estrá pronto e acabado prá ser destratado em qualquer loja reconhecida como de luxo – joalheria é o pior de todos, até o gorila fantasiado de seguança interfere.

    Ajuda o fato de a maioria ficar constrangida, com medo da loja bonita.

    Um abraço

    1. E qual é o prazer que um

      E qual é o prazer que um sujeito de bermuda e chinelo tem em entrar numa loja ou restaurante fino? Quer agredir ?

      Em SP é bastante comum esse tipo, ao contrario de ser humilde, é geralmente um arrogante que acha que tendo dinheiro

      pode mijar na calçada. Tambem se encontra em aeroportos, teatros, shows, etc.

      Este ano na temporada de opera no Municipal de São Paulo felizmente ocorreu um “revival” de bom gosto, o publico está no geral bem vestido e só se via um ou outro caspento, melhorou muito em relação as decadas de 8o e 90 com uma frequencia tão ruim que quase acabou com a opera em São Paulo.

    2. Uma vez meu cunhado foi até

      Uma vez meu cunhado foi até uma loja da Rolex, querendo regular o modelo, pois estava largo em seu braço.

      Como não estava bem vestido, a  atendente pediu para que ela fosse em uma loja que ficava no outro corredor do shopping.

      Quando ele ja está de saída e achando que realmente era aquele o procedimento. A gerente olhou o relógio dele e viu que se tratava de um Rolex.

      Quando ele se sentou e ela constou no cadastro que ele tinha comprado outros 19 modelos daquele mesmo relógio, imediatamente começou ser atendido com o melhor atendimento possível.

      Com direito a Espumante e tudo mais.

  2. tenho uma dessas na família

    mu tio , fazendeiro de cacau do Sul da Bahia resolveu na véspera do aniversário de sua filha ir comprar um carro , na ´época Monza de Luxo do ano, ele era um sergipano do interior e  sempre gostava de usar suas roupas antigas e calçar sandálias francisscanas…saiu de casa a pé sem falar nada com ninguém e foi a agência ver se tinha algum carro que ele gostasse, um parêntese aqui: ele saiu de Sergipe com 18 anoss foi pra Salvador com uma mala amarrada de corda e dormiu em banco da praça, depois entrou numa grande Magazine de lá e arrumou emprego como arrumador, depois foi pro balcão ccomo vendedor, depois como Gerente e terminou como um dos sócios da rede de lojas, se aposentou e comprou duas fazendas no início da década de sessenta no Sul da Bahia, lá fez fortuna e etc.., chegando na Agencia ele foi olhar os carros, demorou uma meia hora vendo os modeloss e ninguéem veio lhe atender como tinha trabalhado décadas no comércio sabia que aquilo era normal…foi à um vendedor e perguntou o preço do carro, a resposta: ” esse carro é muito caro”..ele disse: ” não perguntei se era caro e sim o preço..o vendedor olhou ele de cima a baixo e falou a quantia..ele perguntou: vc recebe comissão pela venda? sim, respondeu o vendedor..pois então vc acaba de perder sua comissão pq eu vou levar o carro agora me leve ao gerente..contou o acontecido ao gerente e disse que ele precisava qualifficarr melhor seus vendedores, comprou o carro e pagou à vista…quantas dessas histórias não acontecem por essa Brasil a fora?

    1. AHAHAHAH DELICIOSA.
      Da mesma

      AHAHAHAH DELICIOSA.

      Da mesma região cacauieira, chega no Rio de Janeiro um homem baixinho vestido de roupa cáqui ( típica dos menos afortunados dos anos 40/50). Entra no HOTEL GLÓRIA, o melhor da época, e pede um “quarto”. O recepcionista diz que “não temos quarto para o senhor, são todos MUITO CAROS”. O baixinho insiste: “nem um quartinho nos fundos? tô cansado da viagem”. O recepção informa que “não oferecem “quartinhos de fundos”. melhor que procure uma pensão baratinhaa”. O velho gozador, baiano, retruca: “uma caminha, vocês teem uma caminha no corredor? Eu aceito”. A gerencia começa a se mobilizar, para RETIRAR “O MATUTO”, e ameaçam chamar a polícia….

      Eis que o “MATUTO” SE IDENTIFICOU, e PERGUNTOU, olhando para cima e para baixo de todo o prédio DO HOTEL MEDINDO-O COM O DEDO INDICADOR: ” quanto vocês querem por esta “porcariazinha? “. Pediu que FOSSE CONTACTADO O GERENTE DO BANCO DO BRASIL ( lembremos que o Rio, era CAPITAL FEDERAL) e que pedissem informações a seu respeito.

      Resposta do GERENTE BB: ” Se esse homem quizer COMPRAR O PÃO DE AÇÚCAR, PODEM VENDER QUE NOS AVALIZAMOS”. Só não dizemos o nome do “santo” ahahahahah 

  3. Eu hein?

    Parece fábula de Esopo, mas como uma lógica meio absurda. Não foi muito brilhante essa “vingança”, nem justa. Primeiro é que jogou dinheiro fora para uma punição irracional. Segundo é que uma empresa teve que pagar pela ignorância de seus funcionários. Ora que se punissem os verdadeiros culpados. Os preconceituosos que o maltrataram. Não a empresa.

    1. Sem contar, obviamente, que a

      Sem contar, obviamente, que a fortuna do referido marajá vinha da exploração do seu (próprio) povo. Fazer graça com a desgraça dos outros, em si, é sinônimo de soberba e cretinice.

    2. Ingenuidade sua…

      Sim foram os funcionários e não a empresa que foram arrogantes e destrataram o Marajá. Você deixa de perceber que eles agiam em nome da empresa, no local da empresa, sob as ordens dos donos da empresa! Sendo assim se a arrogância e o preconceito dos funcionários não limitada e corrigida é porque a empresa apoiava essa postura, ou no mínimo seria negligente com este comportamento.

      Assim sendo caro Jorge Pereira a Rolls Royce mereceu sim a vingança e tinha responsabilidade total pelo fato ocorrido. Quanto a penalização dos funcionários você pode ter certeza que ela aconteceu com todos os riquentes de crueldade e desrespeito a pessoa que a lei na Inglaterra permitia na época, e talvez até seguida de um boicote aos funcionários em outras empresas do grupo Rolls Royce. A empresa SEMPRE É RESPONSÁVEL pela atitudes dos seus funcionários!

    1. comigo também…

      mas teve um dia, numa relojoaria de luxo, que resolvi fazer um teste

      saca só: depois de ter andado pra lá e pra cá, dentro da loja deserta, sem que ninguém se dignasse a me dar atenção, parei diante da ilha de vendedores e saquei do bolso uma massaroca de notas; e como se estivesse contando para ver se dava pra comprar; intenção era pra que todos percebessem que eu tinha “poder” de compra; contei rapidamente; e assim que comecei a sair da loja, pude ouvir os Senhor! Senhor! Um momento, por favor!; nem liguei e fui saindo sem olhar pra trás

      desnecessário dizer que era uma massoroca de 5 notas de 100 e as outras todas de 2 e 20

  4. post traz a regrinha básica para todo bom negócio…

    vendedor não deve se guiar pela aparência de quem entra para se informar ou comprar

    do contrário, sempre acontece o que Alfredo Machado colocou, limita clientela

    1. Uma vez, na loja onde eu

      Uma vez, na loja onde eu trabalho, um senhor entrou como quem não queria nada.

      Então uma vendedora que deveria ter atendido passou para a seguinte. A mesma gentilmente foi atende-lo.

      Ele pediu um dos produtos mais baratos da loja  e quando ela achou que realmente seria uma venda baixa, eis que foi surpreendida.

      O senhor tirou uma lista do bolso e começou fazer as compras de Natal com ela.

      Com certeza foi até hoje uma das mais altas vendas que ela realizou.

      Por isso nao devemos ignorar ninguem. A aparência não quer dizer nada.

  5. Não pode ter sido o carro da

    Não pode ter sido o carro da primeira foto, aquele com duas vassouras….Não passa nem perto de um  RR, é um pacato Ford americano, provavelmente do ano 1935

  6. Bem …………….

    O lque relata o artigo, é a pura verdade. As vestes, gostemos ou não, é a primeira imagem que fazemos das pessoas, muito embora eu também discorde deste comportamento!

    Quanto ao Marajá, a lição foi bem dada, e levando em consideração que era rico, merece ainda mais elogios !!

    O que fica confuso, senão surreal, é a afirmativa de que o Marajá nãod everia ter punido a empresa, mas os empregados que procederam daquela forma. Neste caso, a minha leitura é mais completa, pois se uma loja que comercializa uma marca tão famosa, não sabe orientar seus vendendores com um mínimo de cortesia e diplomacia, mereceu sim a lição !!!

  7. O preconceito é maior entre
    O preconceito é maior entre pobres.
    Pobre discrimina pobre, como artigo exemplifica.

    Negros são também discriminam negros. Isso se chama ignorância mas tem gente por aqui que parece pensar que há algum tipo de disputa de classes ou algo do gênero.

    1. Luta de classes. Há sim.

      Que os oprimidos reproduzem a opressão, não há dúvidas. Até porque se os oprimidos assim não o fizessem a opressão não teria como se perpetuar.

      Porém esse fato não implica em que não haja opressão ou que não haja reação contra a opressão.

      Aliás, dizer que não existe reação contra a opressão é uma das formas pelas quais a opressão se perpetua, vendendo-se como fato inexorável da vida.

      Um exemplo interessante é a escravidão no Brasil. Por certo os próprios negros se integravam ao sistema de exploração. Mas não todos. Sabe-se que os capitães do mato eram em sua maioria negros. O que se esconde na historiografia oficial é que houve reação dos negros contra a escravidão.

      Nos livros escolares ainda hoje afirma-se que os negros substituiram os índios no regime escravocrata devido à preguiça dos índios, que fugiam para não trabalhar e à maior “docilidade” dos negros. Quando lí essas frases nos meus livros de primeiro e segundo grau pareceu-me uma historinha muito mal contada. E era.

      Houve muitas revoltas e levantes contra a escravidão no Brasil. Nenhuma tomou o poder como ocorreu no Haiti, mas formaram-se inúmeros quilombos no interior do Brasil, com governo e economia autônomos e desafiando o poder estabelecido. Muitos duraram por gerações. Mas a historiografia oficial oculta tudo isso.

      Existe disputa (ou luta) de classes. Não é porque muitos oprimidos aderem ao discurso e a ideologia do opressor que a luta de classes não seja um fato concreto. Como ela se manifesta e quais suas consequências já é outra discussão bem mais complexa.

  8. Para alem do que já foi dito,

    Para alem do que já foi dito, trouxe essa história para cá principalmente pela inteligência e sangue frio do Marajá.

    Ele foi calmo. Teve paciência. Chegou mesmo a recompensar financeiramente os vendedores da loja (pelo menos em um primeiro momento).

    A vingança dele, e aí ele estava correto, era com os “barões”.  Evidente que a cultura dos donos era apenas replicada pelos vendedores. Foi à eles que o prato frio foi soberbamente oferecido.

    Claro que para fazer esse tipo de coisa, o sujeito precisa ser  “podre de rico”, coisa que os Marajás eram. Nem vou entrar no mérito da questão da riqueza deles (aí já é assunto para outo post.). O destaque aqui é sobre  presença de espírito do indiano no incidente.

     

  9. Vale como fabula, na vida

    Vale como fabula, na vida real pode acontecer todos os dias, mas a Rolls Royce nunca se abalou com isso, mero incidente de loja, a marca teve seu ciclo, continua existindo em outras mãos não inglesas e a Rolls Royce de motores de aviação é uma das tres maiores do planeta nesse ramo, alem das turbinas para plataformas de petroleo, mudou a sede para Houston.

    O finado americano Daniel Ludwig que na decada de 60 era um dos homens mais ricos do mundo, criou no Amapá o projeto Jari onde investiu um bilhão de dolares, vinha ao Brasil a cada dois meses, sempre de classe turistica, era um sovina lendario, uma vez no Galeão foi barrado pela policia porque estava com um terno velho e roto, era sua indumentaria, perguntaram se ele vinha procurar emprego no Brasil, Ludwig sem perder a calma disse que sim , o agente disse mas o senhor é muito velho, Ludwig disse que era garçon, o agente lhe deu o endereço de um albergue noturno para ele passar a noite e procurar emprego no dia seguinte, Ludwig conta esse fato em suas memorias, elogiando o

    agente e o Brasil por sua generosidade. Não tinha filhos e deixou alguns bilhões de dolares para um Instituto de pesquisas

    sobre o cancer.

  10. A foto do carro aparentemente

    A foto do carro aparentemente não é de um Rolls Royce. Trata-se possivelmente de um Ford Phaeton 1933 que já era usado “normalmente” por Jay Singh na coleta de lixo.

    Uma pausa aqui para revelar que os indianos personalizavam os Rolls Royce (feitos por encomenda). Há alguns deles com macacos, elefantes, cisnes sobre a carroceria….

    A BBC fez um doc sobre a paixão e o ódio bem particular dos marajás pela marca RR.

    Consta que a BBC sofreu forte influência da montadora inglesa para “aliviar” esse trecho constrangedor da história.

    http://www.bbc.co.uk/programmes/b00j4c2s

    Há uma óbviia “guerra” entre indianos e adoradores ocidentais da RR sobre esse tema. Tem até um comentarista abaixo que chutou o famigerado “Hoax”. O fato é que a história realmente existiu e não foi só o Marajá Jay Singh que tomou essa atitude. O Rei Nizam de  Hyderabad fez o mesmo. (Muitos afirmam que foi esse Rei e não o Marajá o  protagonista da história). Os carros RR que foram usados como lixeiros ainda existem e estão expostos no Museu Real de Hyderabad.

    O que se percebe é que há a clara tentativa de se apagar ou minimizar essa história.

    Nos anos 20, 30, a India fazia parte do Império Britânico.

    Ou seja, o preconceito e a vergonha perduram até hoje.

     

  11. Desconfio da veracidade desta

    Desconfio da veracidade desta história.

    Se for, este marajá deveria ser criticado, e não elogiado. Ele não se preocupava com o preconceito do inglês com o indiano. O problema para ele foi ter sido confundido com um indiano pobre. 

    A lição que ele resolveu dar só mostra isso. Gastou uma fortuna para comprar carros de luxo para limpar uma cidade pobre, pensando apenas nele. Se pensasse na cidade, teria comprado diversos caminhões apropriados com o mesmo dinheiro.

    Depois que a fábrica se desculpou, ele tirou os carros da limpeza da cidade. E a população que se exploda.

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