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Dois poetas e seus poemas celebrando o Natal:

POEMA DE NATAL

Carlos Pena Filho, Recife, 1929-1960.

– Sino, claro sino

tocas para quem?

– Para o Deus menino

que de longe vem.

– Pois se o encontrares

traze-o ao meu amor.

– E o que lhe ofereces,

velho pecador?

 

– Minha fé cansada,

meu vinho, meu pão,

meu silêncio limpo,

minha solidão.

 

POEMA DE NATAL

Vinicius de Moraes, Rio de Janeiro, 1913-1980

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos –

Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.

 

Assim será a nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos –

Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

 

Não há muito que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez, de amor

Uma prece por quem se vai –

Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

 

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte –

De repente nunca mais esperaremos…

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.

Luis Nassif

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