Os nus masculinos

Ontem, dia 16 de abril, subiram com uma postagem intitulada “Cindy Crowford, a Gisele Bündchen dos anos 90“. 

A postagem vinha repleta de imagens “sensuais”, daquela sensualidade feita por homens, para homens e onde mulheres são objetos. Os comentários que se seguiram foram os esperados: Gisele é melhor por isto, Cindy por aquilo, e assim por diante. Para muitos (talvez a maioria dos homens e também uma minoria das mulheres?) estas fotos parecem singelas, acompanhadas de comentários também singelos. Mas não nos enganemos, porque não o são.

Como seria se eu postasse fotos sensuais de homens? Deixando entreve os pênis? E ainda mais, o que seria se o Gunter, na qualidade de homossexual, postasse fotos sensuais de homens? Todos se sentiriam confortáveis? Talvez para proteger seu sacro direito a dispor do corpo feminino em olhares e discursos, os homens fingissem não o ver. Quem sabe. Mas não é inocente esta miscelânia que faz convergir male gaze – o olhar masculino, e a esfera pública ou a mídia.

Um exemplo hors concours do que falo é a revista playboy. Quantas vezes já não ouvimos que fulano se interessa pela playboy por causa das entrevistas, das matérias?  Reza a lenda que eram realmente boas as matérias e entrevistas. Não posso dizer minha opinião pessoal, porque como mulher eu fui excluída desta esfera do debate público.  Assim como minha mãe estava excluida do bate-boca político que se dava e em parte ainda se dá na boca maldita de Curitiba, onde homens se reunem para falar de mulher e política, ou se quiser inverter a ordem, de política e de mulher. 

E até que ponto não estamos, aqui no blogue, reproduzindo esta lógica de esfera pública hostil às mulheres assim que lhes empresta o papel de seres olhados, e não olhantes? Como caça, mas jamais como caçador?

Antes que me acusem de puritana, o que vai inevitavelmente acontecer, já que deixar-se conduzir por uma ótica feminina é tão difícil para a maioria, deixe-me vacinar-me antes. Não é a sexualidade, dimensão fundamental do ser humano, que eu critico. É seu como, quando e para quem. São seus moldes patriarcais, tão manjados, mas tão reiterados. Travestidos de normalidade eles ensinam gerações qual é o lugar da mulher (no olhar masculino – padronizado pela indústria pornográfica em suas diversas formas), e onde é o lugar do homem : na esfera pública, debatendo com os seus iguais- aqueles do mesmo sexo que ele, e heterossexuais como ele. (A quem possa interessar, não o faço porque pode parecer auto-promoção, posso dar o endereço do meu blogue onde trato de uma sexualidade fora da “ordem mundial”)

Eleger uma mulher presidente não é o fim de um processo. É o começo de um processo. De um caminho muito árduo que ainda tem que ser trilhado com fins à igualdade entre homens e mulheres, desde as aberrações mais evidentes que o patriarcado cria, como a mutilação genital feminina, a burca, a prostituição infantil, o estupro, até as coisas mais aparentemente triviais, como a desmiolada comparação entre fotos de Cindy CRowford e Gisele Bündchen.  

Vamos, agora, a uma prova de democracia. Vamos ver se o Luís Nassif sobe com esta postagem. 

Por Juriti do Cerrado

     – Nu Masculino – 

Baarbaaraa, estas são do fotógrafo norte americano Robert Mapplethorpe, há umas que, apesar de serem obras de arte são fortes, melhor não. Escolhi umas leves, mesmo assim 3 pessoas podem denunciar a postagem e, assim, exclui-la automaticamente.

 

 

 

 

 

 

 

Robert Mapplethorpe, Marcus Leatherdale

Por baarbaaraa

olhar


Luis Nassif

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