Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Uma experiência sensorial, por Aquiles Rique Reis

Duo Conversa Brasileira, formado por Vaisy Alencar e Marcos de Sá, nos faz passear desde a música de câmera até a música popular.

Uma experiência sensorial

por Aquiles Rique Reis

Hoje trataremos de Prosas (independente), o primeiro álbum do Duo Conversa Brasileira, formado pela clarinetista, claronista e arranjadora Vaisy Alencar e o sanfoneiro, pianista e compositor Marcos de Sá. Ouvi-los tocar é submergir num repertório que passeia desde a música de câmera de Osvaldo Lacerda e Villani Côrtes até a música popular de Léa Freire, Carol Panesi, Fábio Leal, Luísa Mitre e Sivuca. São peças e temas brasileiros com arranjos criados a partir da instrumentação plural do duo.

            Por falar em arranjo, a formação nada convencional do Conversa Brasileira propicia ao ouvinte o deleite de timbres tão variados quanto singulares, tornando a audição das dez faixas um aprazível experimento sensorial.

            “Toada” (Villani Côrtes): o clarinete inicia. O piano vem com ele e juntos interpretam um arranjo clássico do repertório de câmara, gerando já na abertura da tampa a perspectiva de momentos exclusivos.

            “Passa Ponte” (Marcos de Sá): o piano abre e o choro come solto. O clarinete sola, tendo o piano a fazer-lhe a cama. Um momento ad libtum precede um improviso do piano. Logo o tema reativa o ritmo e finaliza.

            “Salvia IV” (Fábio Leal): a sanfona soa bonito. Com ela o clarinete dá seus toques. Logo a peça vem pontuada por acordes ritmados. Sanfona e clarinete criam um instante de rara musicalidade timbrística.

            “Cadenciando a Dois” (Carol Panesi): o som robusto do clarone inicia o arranjo. O acordeom brilha em acordes. Logo a melodia ganha cadência e o duo revela instantes em que os ouvidos se deliciam e têm vontade de aplaudi-los – eles têm tal segurança que se dão a um acorde perfeito ao final.

            “Valsa Choro” (Osvaldo Lacerda): o piano abre e traz o clarinete. Juntos, ricos em virtuosismo técnico e em emoção, nos dão o som que criam.

            “Turbulenta” (Léa Freire): clarone e acordeom vêm em duo. Espantosos são os resultados da junção dos timbres dos instrumentos. O tema de Léa Freire os conduz a caminhos harmônicos inusuais, trazendo um imprevisto a cada acorde. Um rallentando conduz ao final, mas não sem antes incendiar o ritmo. Meu Deus!

            “Sorriso de Criança” (Luísa Mitre): clarinete e sanfona abrem. A peça, brejeira que só, se deixa descobrir alegremente. A sanfona resfolega. O clarinete tem a melodia.        

            “Vila” (Marcos de Sá): dando-se o prazer de tocar o que lhes vem à alma, o piano oferece a melodia ao clarinete. A segunda parte vem sapeca, o suingue rola, logo uma valsinha se impõe e dá vida ao tema.

            “Manhã de Café” (Marcos de Sá): novamente, clarone e acordeom causam sensações de pulsante magnitude sonora. E a brasilidade revela o seu poder de ser linda em sua diversidade.

            “Cabaceira Mon Amour” (Sivuca e Glória Gadelha) finaliza o CD com o quinteto Brazú Quintê, que se ajuntou ao duo para tocarem o arranjo de Fábio Leal, diretor musical de Prosas – álbum de estética musical lapidar.

Aquiles Rique Reis

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Ouça o álbum:

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