Manuel Domingos Neto
Manuel Domingos Neto nasceu em Fortaleza em 1949. Graduou-se em História pela Universidade de Paris VI, mestre pela Universidade de Paris III e Doutor em História pela mesma universidade, em 1979. Professor da Universidade Federal do Ceará e professor associado da Universidade Federal Fluminense
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Sem cabimento, por Manuel Domingos Neto

A política fiscal conduzida por Fernando Haddad favorece o discurso de uma extrema direita ativa e articulada. Dificulta a mobilização

Sem cabimento

por Manuel Domingos Neto

Não faz sentido Lula anunciar a criação de instituições federais de ensino ao tempo em que as universidades em funcionamento estão sendo sufocadas.

Não tem cabimento o governo convocar uma grande conferência nacional de ciência, tecnologia e inovação, apontando perspectivas alvissareiras para a capacitação do país, ao tempo em que degrada as instituições que respondem pela maior parte da produção científica brasileira.

Países sem desenvolvimento científico e tecnológico são condenados à obediência. Sempre foi e será assim.

Como Lula pode falar de soberania nacional, neste tempo agravamento de tensões planetárias, amesquinhando instituições estratégicas para a projeção do país?

Para manter política fiscal conveniente aos banqueiros, parece não bastar o amesquinhamento da carreira acadêmica por meio do arrocho salarial: é necessário sacrificar a agenda das universidades!

O corte de verbas das universidades públicas afeta milhões de estudantes, professores e funcionários.

Mais que isso: fragiliza o ensino público superior, negando o discurso da campanha eleitoral que garantiu mais um mandato ao presidente Lula. Estimula o crescimento do setor privado, que já responde por 80% das matrículas da formação superior sem desenvolver o conhecimento científico, mas garantindo a alegria de empresários espertos.

O corte de verbas das universidades públicas é um recado perigoso do governo em ambiente eleitoral cada vez mais efervescente.

A política fiscal conduzida por Fernando Haddad favorece o discurso de uma extrema direita ativa e articulada. Dificulta a mobilização contra o ultraconservadorismo, que tem a destruição do ensino público superior como um de seus objetivos. Compromete nossas veleidades de nação independente.

Professores, funcionários e alunos devem mostrar à sociedade as implicações da política fiscal conduzida por Fernando Haddad. É hora da UNE aparecer. É hora de o que chamamos “nosso campo” reagir.

A sociedade atenta e ativa é a única defesa sólida das instituições públicas do ensino superior.

Universidade não é lugar onde indivíduos obtêm ascensão social. Universidade é alavanca de desenvolvimento socioeconômico e de afirmação de soberania nacional.

Manuel Domingos Neto nasceu em Fortaleza em 1949. Graduou-se em História pela Universidade de Paris VI, em 1976. Obteve o título de Mestre em Sociedade e Economia na América Latina, pela Universidade de Paris III, em 1976, e o título de Doutor em História pela mesma universidade, em 1979. Foi pesquisador da Casa de Rui Barbosa, superintendente da Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí, estado pelo qual também foi deputado federal. Professor da Universidade Federal do Ceará e professor associado da Universidade Federal Fluminense, foi também vice-presidente do CNPq e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED).

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