Ricardo Barros não aprendeu a lição de Eduardo Cunha, por Luis Nassif

Barros não aprendeu a lição de evitar a luz do sol. Deu de macho, encantou a boiada, tentou pegar carona nos arroubos de Bolsonaro, de enfrentar as instituições com “meu Exército" e quetais

Não se aconselha a vampiros do orçamento buscar a luz do dia. Assim como nos clássicos do gênero, terminarão na fogueira, depois de perseguidos pelos moradores da vila.

É o caso do valentão Ricardo Barros, que afrontou a CPI com uma tática primária. Consiste ela em ganhar visibilidade, com sua ida até lá e, desse modo, entrar na pauta da mídia para ataques contra a própria CPI.

Acontece que há, não uma, mas várias balas de prata no seu caminho, denúncias no MInistério Público, A ideologia da Lava Jato poupou algumas das maiores obviedades da República. Estão aí, livres, leves e soltos Eliseu Padilha, Michel Temer, Romero Jucá, Fernando Bezerra e o próprio Barros.

Michel Temer e Geddel Vieira Lima foram vítimas de acidentes de percurso: Temer porque a JBS ofereceu ao Procurador Geral Rodrigo Janot seu momento de glória; Geddel porque guardava dinheiro no apartamento. Mesmo assim, Temer está aí, reabilitado pela mídia. Até o Estadão considerou frágil uma prova que consistia em:

  1. Temer indicar um representante para negociar com a JBS.
  2. O representante sair do encontro com uma valise com 500 mil reais.

De certo, ele estava com cartão de crédito bloqueado e resolveu andar com dinheiro vivo na carteira. Perdão, na valise.

Apesar de ser o país da hipocrisia, Eduardo Cunha dançou justamente porque se expôs demais à luz do dia. E foi preso, mesmo despertando sentimentos humanitários no juiz Sérgio Moro, que era contra sua delação, contra a apreensão de celulares e contra a detenção da sua esposa. 

Quem Moro pretendia proteger evitando a delação e os celulares de Cunha? O próprio Cunha ou, talvez, Ricardo Barros, seu conterrâneo de Maringá e, depois, seu companheiro de governo Bolsonaro?

Barros não aprendeu a lição de evitar a luz do sol. Deu de macho, encantou a boiada, tentou pegar carona nos arroubos de Bolsonaro, de enfrentar as instituições com “meu Exército” e quetais.

Nas próximas semanas, o que ocorrerá é a aceleração dos inquéritos aos quais responde. E a exposição da pior corrupção que o Brasil, cansado de escândalos, já testemunhou: a interrupção na importação de remédios para tratamento de crianças com câncer, para favorecer as importações da Global-Precisa. É até possível que os próprios aliados cravem a adaga de prata no seu coração, antes que os aldeões os cerquem com suas tochas acesas.

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