Deputado bolsonarista diz que Isa Penna teve “sorte” ao sofrer assédio na Alesp

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Delegado Olim (PP-SP), que foi relator do caso contra Arthur do Val, ainda qualificou como uma “brincadeira” a ação do deputado Fernando Cury

FOTO: DIVULGAÇÃO/ALESP

Na edição desta quarta-feira (20/4) do podcast Inteligência Limitada, que entrevistou o deputado estadual Delegado Olim (PP-SP) o principal tema foi o seu trabalho como relator do processo de cassação do colega Arthur do Val (União Brasil-SP). Porém, o programa acabou gerando polêmica devido a uma declaração do parlamentar bolsonarista sobre o caso de assédio contra Isa Penna (PCdoB-SP), ocorrido meses antes.

O caso contra Arthur do Val era baseado na declaração deste durante sua recente viagem à Ucrânia, quando vazou um áudio dizendo que as refugiadas ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Perguntado sobre se era coerente condenar essa atitude com pena de cassação, enquanto o caso de Isa Penna – que foi tocada nos seios pelo deputado Fernando Cury (União Brasil-SP) dentro do plenário da Alesp – terminou com impunidade, Olim afirmou que foi “sorte dela” ter sofrido aquele constrangimento.

Segundo o deputado bolsonaristas, “aquilo foi uma sorte dela, porque ela vai se reeleger por causa disso, porque ela só fala nisso”.

Antes disso, Olim reclamou da postura de Isa Penna, dizendo que “ela teve um pouquinho de bronca da época que era pra cassar o outro deputado que fez aquela brincadeira com ela” – a frase se refere ao ano de 2020, quando a deputada comunista denunciou Fernando Cury por assédio, exatamente o que o bolsonaristas menciona como “aquela brincadeira com ela”.

Em outro trecho, o bolsonaristas descreveu o caso desta forma: “foi um dia, final de ano. Acho que ele (Cury) estava lá dentro dos gabinetes, ele bebeu. Porque ele é um cara do bem, todo mundo adora ele. Eu acho que o que ele fez ali ele também nunca mais vai esquecer na vida dele. Eu não queria estar no lugar dele, ficou ruim para ele e nunca vão esquecer”.

O questionamento a Olim se baseia no fato de que caso contra Cury terminou com uma pena bastante mais branda: apenas seis meses de suspensão do mandato, cumpridos entre abril e outubro de 2021.

O bolsonaristas também alegou que, na ocasião do processo contra Cury, seu voto a favor de uma punição mais suave apenas “acompanhou o parecer do relator”.

Por meio de um comunicado, a deputada Isa Penna afirmou que entrará com representação no Ministério Público contra o Delegado Olim e que também apresentará um pedido de afastamento ao Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

“Seu comportamento é desrespeitoso não só comigo, mas com todas as mulheres que todos os dias lutam contra o machismo, muitas delas suas eleitoras”, justificou a parlamentar comunista.

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Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

2 Comentários

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  1. Que coisa feia deputado Olim! Quer dizer que qualquer mulher da sua família, ou de qualquer um de nós, que quiser ser eleita basta se deixar apalpar ou que tirem um sarro pelas costas dela? É isso mesmo deputado Olim? Caso contrário, p/favor corrija essa desrespeitosa e agressiva declaração.

  2. Esse delegado aí não é o cabra que assassinou um rapaz na Avenida Angélica um dia destes?
    O rapaz “não era do bem”, de modo que podia ser assassinado desarmado mesmo, o que não podia era levar o celular da autoridade. Tá certo. O cidadão de bem, a autoridade de olho fundo, além de assassino também é tarado. Tomara que a Isa Penna, com toda sua sensualidade, não tenha pena dele.

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