‘Futuro Exterminado’: plataforma mostra quem foram crianças e jovens vítimas de tiroteios no RJ

Quase metade do total de vítimas foram atingidas durante operações policiais; só no Complexo do Alemão foram 11 mortos

Mapa interativo do Instituto Fogo Cruzado apresenta dados de 601 crianças e adolescentes baleados nos últimos sete anos – Reprodução/Redes sociais

do Brasil de Fato

‘Futuro Exterminado’: plataforma mostra quem foram crianças e jovens vítimas de tiroteios no RJ

A morte do adolescente Thiago Flausino Menezes, de 13 anos, durante uma ação policial na Cidade de Deus é a mais recente na triste estatística de jovens vítimas da violência armada no Rio de Janeiro. O mesmo aconteceu com a pequena Ágatha Félix, de 8 anos, morta por um tiro da polícia em 2019 no Complexo do Alemão, e tantas outros meninos e meninas que tiverem suas vidas interrompidas. Uma iniciativa inédita do Instituto Fogo Cruzado mostra quem foram as crianças e adolescentes vítimas de tiroteios ocorridos desde julho de 2016. 

Nos últimos sete anos, 601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio, revela o levantamentoIsso quer dizer que, em média, a cada quatro dias uma criança ou adolescente é baleado. Do total, 267 foram mortos e 334 ficaram feridos. Os adolescentes representam a maioria das vítimas. Entre as crianças, das 133 baleadas, 36 morreram e 97 ficaram feridas. 

No mapa interativo “Futuro Exterminado“, lançado nesta sexta-feira (11), é possível consultar informações individuais sobre cada uma das vítimas, os locais e a circunstância dos crimes. A ideia é que o mapa receba atualizações periódicas, tanto dos dados gerais quanto das vítimas. Para Cecília Olliveira, diretora executiva do Fogo Cruzado, a iniciativa também é uma forma de preservar a memória das vítimas.

“A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes. Então, temos os dados que precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública. Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza. Em nenhum lugar do mundo tantas crianças são baleadas sem que a sociedade se indigne. Aqui não pode ser diferente. As pessoas precisam se importar”, afirma Cecília.

Operações policiais

Assim como Ághata Félix, um terço das crianças e adolescentes vítimas da violência armada foi atingido por balas perdidas, o que representa 201 vítimas. Deste total, 106 foram atingidas em ações e operações policiais, das quais 30 morreram e 76 ficaram feridas. Quase metade do total de vítimas foram atingidas durante operações policiais, o equivalente a cerca de 48%.

Nos últimos sete anos, as ações e operações policiais foram o principal motivo para vitimar crianças e adolescentes. Entre as 601 vítimas, 286 foram atingidas nestas circunstâncias, resultando na morte de 112 e deixando outras 174 feridas. Os municípios que mais acumularam crianças e adolescentes baleados foram Rio de Janeiro, São Gonçalo e Niterói, respectivamente. Um em cada quatro casos registrados aconteceu na zona Norte do Rio. O Complexo do Alemão foi a localidade com mais casos, 11 foram mortos e 6 ficaram feridos.

Edição: Clívia Mesquita

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