Associação europeia repudia ato de Bolsonaro em comemorar 31 de março

"A ARBRE se solidariza com todos(as) aqueles(as) que rejeitam essa revisão histórica de caráter ideológico e ignorante dos diversos estudos que demonstram a gravidade do que foi a ditadura militar brasileira", conclui entidade.

Jornal GGN – A Arbre (Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe), associação de pesquisas sobre o Brasil na Europa no campo das humanidades, divulgou neste final de semana uma carta em repúdio à determinação do presidente da república Jair Bolsonaro que o Ministério da Defesa comemore a data do dia 31 de março, que neste ano marcam 55 anos do golpe civil-militar de 1964.

Para a entidade, a iniciativa de Bolsonaro é resultado de “negacionismo que se dissemina sem escrúpulos na sociedade”, “recusando toda a realidade baseada em pesquisas científicas e nos testemunhos” de familiares e vítimas como mostram relatos colhidos pela Comissão da Verdade e o projeto Brasil Nunca Mais!.

“Promover positivamente essa data é ignorar as nefastas consequências dos governos militares sobre a sociedade brasileira, além de ferir a memória de milhares de brasileiros e brasileiras vítimas das torturas, dos desaparecimentos, dos assassinatos e das perseguições políticas realizados imediatamente após o dia 31 de março de 1964”, pontua a Arbre.

O ato de Bolsonaro legitima a violência do golpe de 1964 e dos anos subsequentes da ditadura militar que durou até 1985. A organização pontua que a ato do presidente da república fere a Constituição Federal de 1988, reiterando a avaliação do Ministério Público brasileiro, de que a celebração da data “é incompatível com o Estado Democrático de Direito e poderia vir a ser interpretada como crime de responsabilidade da parte do presidente”.

“A ARBRE se solidariza com todos(as) aqueles(as) que rejeitam essa revisão histórica de caráter ideológico e ignorante dos diversos estudos que demonstram a gravidade do que foi a ditadura militar brasileira”, conclui a entidade.

Leia a nota na íntegra:

Communiqué d’ARBRE sur la célébration du coup d’Etat du 31 mars 1964

L’Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe (ARBRE) condamne l’ordre donné au Ministère de la Défense par le président de la République Jair Bolsonaro de célébrer de manière officielle l’anniversaire du coup d’État du 31 mars 1964.
L’initiative du président s’inscrit dans un négationnisme qui se dissémine dans la société brésilienne et qui va à l’encontre d’une réalité établie sur la base de recherches scientifiques et des témoignages qui ont été réunis depuis le projet Brasil Nunca Mais ! jusqu’aux travaux de la Commission Nationale de la Vérité. Promouvoir de manière positive cette date revient à ignorer les conséquences néfastes des gouvernements militaires sur la société brésilienne, en plus de porter atteinte à la mémoire des milliers de Brésilien.ne.s qui ont été victimes de tortures, d’assassinats, de disparitions forcées et de persécutions policières au lendemain du 31 mars 1934. En outre, cette célébration, ainsi que l’a déclaré le Ministère public brésilien, est incompatible avec l’État démocratique de droit et pourrait être considéré comme un crime de responsabilité de la part du président. En légitimant la violence du coup d’État, le président de la République bafoue la Constitution de 1988.
ARBRE manifeste sa solidarité avec tou.te.s celles et ceux qui rejettent une révision idéologique de l’histoire qui ignore toutes les études qui ont démontré la gravité de la dictature militaire brésilienne.

Versão em português

A Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe (ARBRE) manifesta seu repúdio à decisão do presidente da república Jair Messias Bolsonaro dirigida ao Ministério da Defesa visando à celebração oficial do aniversário do golpe civil/militar de 1964. A iniciativa do presidente é fruto de um negacionismo que se dissemina sem escrúpulos na sociedade brasileira recusando toda realidade baseada em pesquisas científicas e nos testemunhos reunidos desde o projeto Brasil Nunca Mais! até àqueles divulgados pela Comissão da Verdade. Promover positivamente essa data é ignorar as nefastas consequências dos governos militares sobre a sociedade brasileira, além de ferir a memória de milhares de brasileiros e brasileiras vítimas das torturas, dos desaparecimentos, dos assassinatos e das perseguições políticas realizados imediatamente após o dia 31 de março de 1964. Além disso, a celebração, de acordo com o Ministério Público brasileiro, é incompatível com o Estado Democrático de Direito e poderia vir a ser interpretada como crime de responsabilidade da parte do presidente. Legitimando desse modo a violência do golpe de 1964, o presidente fere a Constituição da Nova República. A ARBRE se solidariza com todos(as) aqueles(as) que rejeitam essa revisão histórica de caráter ideológico e ignorante dos diversos estudos que demonstram a gravidade do que foi a ditadura militar brasileira.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador