Braga Netto publica nota defendendo “legado” da ditadura

Provável vice na chapa da Bolsonaro para a disputa da reeleição, general divulgou texto ignorando a corrupção, tortura e violações aos direitos humanos

Foto: Alan Santos/PR

O Ministério da Defesa publicou, na primeira hora desta quinta-feira (31/3), uma “Ordem do dia alusiva ao dia 31 de março”, na qual reivindica o que chama de “legado” do regime ditatorial iniciado no Brasil a partir do golpe de Estado de 1964.

O texto é assinado pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, quem provavelmente será o vice-presidente na chapa em que Jair Bolsonaro tentará sua reeleição, no próximo mês de outubro. Firmam como coautores, os três comandantes das Forças Armadas, Almir Garnier Santos (Marinha), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).

A nota de Braga Netto afirma que “o Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”. Em seguida, acusa de revisionismo aqueles que criticam a ação dos militares durante o golpe: “a história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização”.

“Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período”, assegura Braga Netto.

O ministro também descreve o pós-golpe como “um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político”, ignorando os resultados da Comissão da Verdade, as centenas de denúncias de perseguições políticas e outras violações aos direitos humanos cometidas pelo regime, além de casos de corrupção e crises econômicas produzidos principalmente nos últimos anos da ditadura.

Ao finalizar, Braga Netto diz que os governos dos cinco presidentes militares da ditadura brasileira “deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular”.

Vale ressaltar que esta “Ordem do dia” publicada por Braga Netto passou a ser um dos primeiros itens entregues pelo buscador Google àqueles que pesquisam sobre o “31 de março”, e é a resposta do buscador à pergunta “o que se comemora no dia 31 de março?”. Tal situação é controversa, como mostra a matéria de Patricia Faermann para o GGN, já que contraria as diretrizes da própria empresa de não alimentar revisionismos históricos.

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Redação

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