Miriam Leitão critica general do STM que justificou gafes e áudios: “perdido no tempo”

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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O presidente do STM “faz um enorme estrago à imagem das Forças Armadas e do tribunal”, e "de fato são todos coniventes com a tortura”

General Luis Carlos Gomes Mattos, presidente do Superior Tribunal Militar (STM). | Foto: Reprodução?YouTube/STM

As recentes declarações do general Luís Carlos Gomes de Mattos, atual presidente do STM (Superior Tribunal Militar) foi tema da mais recente coluna publicada pela jornalista Miriam Leitão, nesta quinta-feira (21/4) em seu espaço no jornal O Globo.

No artigo “O general do STM perdido no tempo”, assinado em conjunto com Álvaro Gribel, Miriam começa comentando o vídeo em que o general, “fardado, em português claudicante, com visão persecutória, acusou a notícia dada por esta coluna de ‘tendenciosa’” – em referência é aos áudios divulgados por ela no domingo, mostrando que a Justiça militar tinha plena consciência das torturas e violações aos direitos humanos cometidas durante a Ditadura Militar (1964-1985).

Em seguida, acrescentou à sua análise a reação do vice-presidente Hamilton Mourão, que ironizou os áudios e perguntou, em tom de deboche: “faz parte da história do país. Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras de volta do túmulo?”.

Diante dessas reações, a jornalista disse que “o que me impressiona em algumas reações aos áudios, como a do presidente do STM, e a do vice-presidente da República, é a falta de visão estratégica sobre a imagem das instituições. Falta inteligência institucional. Ao reagir como reagiu, Gomes de Mattos vinculou o tribunal de hoje àquele antigo que fez o papel de tribunal de exceção. Quando diz que a notícia é um ataque ao Exército, Marinha e Aeronáutica, o ministro liga as Forças Armadas de hoje ao que houve de pior na ditadura militar”.

“Esse tipo de manifestação faz um enorme estrago à imagem das Forças Armadas e do tribunal. Não é a notícia do que houve nos anos 1970 que prejudica as Forças Armadas de agora. É esse tipo de reação que as mostra paradas no tempo”, comentou Miriam, e agregou um questionamento: “aonde estão as vozes da sensatez dentro das Forças Armadas? Se ninguém se levanta contra esses absurdos, a única conclusão possível é que de fato são todos coniventes com a tortura. Desta forma, os militares de hoje viraram guardiões dos criminosos. Seria mais inteligente à corporação fazer um corte com esse passado e lembrar que são outros os valores hoje praticados”.

Para concluir, Miriam e Gribel dizem que “a única coisa certa que os militares têm a fazer é romper com esse passado tenebroso, admitir que houve tortura, e garantir que isso não representa mais os valores do presente. Só quem conspira contra Forças Armadas hoje são as próprias Forças Armadas”.

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Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

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