O mercado de trabalho do chamado Sul Global é aquele que mais gera lucros para a economia internacional por meio de sua mão-de-obra e horas trabalhadas, mas são justamente eles que menos recebem pelo trabalho gerado na comparação com os profissionais da mesma qualificação nos países desenvolvidos.
“Embora os trabalhadores do Sul contribuam com 90% da mão de obra que impulsiona a economia mundial, eles recebem apenas 21% da renda global”, afirma o artigo Unequal Exchange of Labour in the World Economy publicado na revista Nature.
A pesquisa mostra que o Sul contribuiu com grande parte do trabalho em todos os níveis de qualificação: 76% de todo o trabalho altamente qualificado, 91% do trabalho de qualificação média e 96% do trabalho de qualificação baixa. Apenas no ano de 2021, 2,1 trilhões de horas de trabalho foram destinadas à produção de bens comercializados internacionalmente (neste caso, se refere a bens e serviços).
De acordo com a pesquisa, a contribuição relativa Norte-Sul para a produção de bens comercializados é semelhante à da produção total, com o Sul contribuindo com 91% de todo o trabalho (73% de todo o trabalho altamente qualificado, 93% do trabalho de qualificação média e 96% do trabalho de qualificação baixa).
Sul Global aumenta contribuição ao longo dos anos
A pesquisa toma como base o período entre 1995 e 2021, e destaca que a contribuição do Sul para a produção global total aumentou de forma constante ao longo do período de análise em todas as categorias de qualificação.
Segundo os dados, o maior aumento ocorreu na categoria de alta qualificação, com a contribuição do Sul para a produção mais qualificada aumentando de 66% do total mundial em 1995 (1,9x mais que o Norte) para 76% em 2021 (3,2x mais que o Norte).
“Na verdade, o Sul agora contribui com mais mão de obra altamente qualificada para a economia mundial (1124 bilhões de horas em 2021) do que todas as contribuições de mão de obra altamente qualificada, média e baixa do Norte global combinadas (971 bilhões de horas em 2021)”, diz o estudo.
O Sul Global também contribui com a grande maioria da mão de obra em todos os setores agregados, incluindo agricultura (99%), mineração (99%), manufatura (93%), serviços (80%) e ‘outros’ (89%).
Embora contribua com com 90–91% do trabalho total que vai para a produção global e a produção de bens comercializados em 2021, incluindo a maioria do trabalho altamente qualificado, o Sul global recebeu menos da metade (44%) da renda global, e os trabalhadores do Sul receberam apenas 21% da renda global naquele ano.
“Em outras palavras, enquanto a produção global é predominantemente realizada no Sul global, os rendimentos são desproporcionalmente capturados no Norte global, indicando um comando desproporcional do produto global”.
Leia abaixo a íntegra do artigo publicado na revista Nature.
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