Brasil, a nova potência mundial na produção de semicondutores?

País soma todos os recursos necessários para se destacar na indústria de microchips, mas depende de investimento em centros de pesquisa e estímulo ao empreendedorismo

Crédito: rawpixel.com / Jubjang

O jornalista Luis Nassif e a bancada do Nova Economia entrevistaram, na última quinta-feira (14), o professor sênior Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, sobre o 4º eixo da nova política industrial – Nova Indústria Brasil (NIB). 

Zuffo iniciou sua análise comentando que “o Brasil e o hemisfério ocidental caíram no papo da globalização”, que provocou a rápida desindustrialização de diversas regiões do mundo, pois enquanto a Ásia tirou, graças à exportação de todo tipo de produto, um bilhão de pessoas da pobreza, esta pobreza foi espalhada também a nível global. 

“Enquanto estamos assistindo uma grande desindustrialização, que continua no Brasil e esse é um número que a gente varre para baixo do tapete. Tivemos uma grande esperança com os mega investimentos na indústria automotiva. Não é porque o Brasil atrai investimentos, é porque geopoliticamente existe um confronto entre China e Estados Unidos, guardadas as proporções, igual ao que acelerou a nossa primeira desindustrialização na década de 1970, que foi a Guerra Fria”, comentou o docente. 

Diretor do Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (Inova USP), Zuffo observou ainda que o Brasil foi boicotado tanto pela Rússia quanto pelos Estados Unidos durante a disputa hegemônica entre ambos e que, devido a este processo de desindustrialização, não temos atualmente no país as deep techs, empresas que estão na vanguarda da inovação. 

Virando o jogo

Apesar de o cenário parecer desanimador, o Brasil tem diversos recursos que podem torná-lo uma potência industrial. O professor observa que o Brasil reúne escolas de engenharia de ponta, empreendedores e professores muito determinados, energia limpa e, o principal, a segunda maior reserva de minérios críticos que podem atender uma das principais demandas da atualidade: a produção de semicondutores, que geraria US$ 50 bilhões (aproximadamente R$ 250 bilhões) por ano. 

“Ao longo desses 40 anos, em que não conseguimos nos estruturar, a gente observou uma diáspora muito grande. Agora existem processos de reversão disso. Temos cérebros, temos demanda, um déficit crescente na balança comercial de eletrônica e de semicondutores, temos água, energia, matérias críticos. Talvez a guerra de microchips para smartphones a gente perdeu, mas os microchips para o agronegócios, transição energética, hidrogênio verde, células de lítio e microchips para salvar a Amazônia, só o Brasil vai fazer esses chips e é muito chip”, continua o especialista.

Mas para que o potencial industrial do país saia do papel, os centros universitários de pesquisa precisam de investimento privado, que em todo mundo estão sob ameaça devido à escassez de investimentos. 

A USP, no entanto, aposta em dois tipos de empresas de tecnologia: as deep techs e as social techs, que almejam o impacto social. Por isso, além de contar com investimentos sem precedentes do governo de São Paulo, Zuffo ressalta que as grandes corporações, especialmente as de engenharia, têm um papel social e precisam cumpri-lo, investindo nos centros universitários.

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. Quando o Brasil for líder nos chips o PIG elege um çejumoro da vida para entregar tudo em troca de uns poucos ROLEX.
    Vai sobrar mínion dizendo que o negócio do futuro é plantar banana.
    E importar muita klorokina quando todos saberão que invermekitina é muito melhor.
    Selva!

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