
A revisão para baixo do crescimento global pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2022 gerou preocupação em boa parte do mundo, assim como os prognósticos para 2023, considerado igualmente pessimista.
O economista Mohamed A. El-Erian, professor da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, destaca em artigo publicado no site Project Syndicate que “é raro que a organização revise drasticamente as suas projeções de crescimento econômico em apenas um trimestre do ano civil”.
“No entanto, a revisão foi feita para 86% de seus 190 países membros, resultando em declínio de quase um ponto percentual no crescimento global para 2022 – de 4,4% para 3,6%”, diz El-Erian, ressaltando que tal revisão foi acompanhada de uma elevação expressiva na projeção para a inflação.
“Todas essas notícias estão embaladas em um pacote de incertezas mais profundas”, ressalta o articulista. “Há um viés de queda no equilíbrio dos riscos, e espera-se que a desigualdade piore dentro e fora dos países”.
Segundo El-Erian, o foco da análise midiática tem sido o tamanho das revisões para o ano atual – grande parte delas relacionada com o impacto do confronto entre Rússia e Ucrânia, uma vez que a guerra afetou o fornecimento de milho, gás, metais, petróleo e trigo, e aumentou o preço de insumos como fertilizantes.
Porém, o economista alerta para a projeção econômica de 2023 – o FMI reduziu a projeção global de crescimento de 3,8% para 3,6%, o que não deve compensar as perdas que serão vistas em 2022.
“Os motores econômicos do mundo estão falhando – e o problema é especialmente preocupante em um ambiente operacional de grande fluidez, uma vez que os modelos de crescimento predominantes não serão capazes de suportar choques negativos inesperados”, ressalta o articulista.
E os mesmos modelos econômicos não foram capazes de manter um nível adequado de crescimento inclusivo nos períodos de menor estresse. Para El-Erian, três fatores são preponderantes: a natureza mutável da globalização, a dependência de impulsos artificiais para o crescimento, e o fracasso em se investir em fontes de crescimento sustentado.
“A globalização econômica e financeira vem evoluindo de forma a tornar mais difícil para as economias nacionais alavancar o comércio internacional e o investimento estrangeiro direto para o crescimento doméstico”, diz o economista.
E, embora a pandemia tenha gerado questionamentos sobre as vulnerabilidades das cadeias de suprimento entre fronteiras, as restrições ao comércio e ao investimento já eram vistas antes mesmo dos primeiros casos de covid-19 – e a guerra comercial entre China e Estados Unidos trouxe de volta as altas tarifas e outras medidas protecionistas, que acabaram afetando toda a economia global.
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