Coluna Econômica – 21/06/2010
Uma das áreas mais negligenciadas das políticas públicas têm sido a de logística e transportes. Para muitos setores, a logística pode significar a diferença entre o sucesso ou a morte. Hoje em dia, segundo estudos da Coppe, a logística custa 12,5% do PIB no Brasil; apenas 8% nos Estados Unidos.
Por aqui, só nos dois últimos anos houve uma mobilização do Ministério dos Transportes visando a montagem de câmaras setoriais de discussão, para a definição de um Plano Nacional de Logística e Transportes.
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Os Os números são desanimadores. Em 1975, aplicava-se 1,9% do PIB no setor. Foi caindo até chegar a menor de 0,2% no último ano do governo FHC e a 0,1% no primeiro ano do governo Lula. Todo o esforço dos últimos anos, inclusive com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), conseguiu elevar esse índice para apenas 0,5%.
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Tem obras importantes saindo, como a Transnordestina, portos privados, investimentos privados em ferrovias. E há uma dificuldade de compreensão da mídia sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em geral analisa-se o PAC medindo as liberações financeiras, o que é um erro. Em grandes obras, o pagamento sai depois de terminada a obra física e, por esse quesito, já se cumpriu mais de 70% do PAC1.
Mesmo assim, os números são absolutamente insuficientes para atender às demandas da economia.
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Secretário de Política Nacional de Transportes, o engenheiro Marcelo Perrupato acompanha o setor desde o governo Figueiredo, quando trabalhou com o então Ministro dos Transportes Elizeu Rezende. Preparou um trabalho amplo, disponibilizado no site Brasilianasorg (www.brasilianas.org).
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É imensa a relação de problemas a serem solucionados. No caso das rodovias, níveis insuficientes de conservação e recuperação; déficit nas regiões desenvolvidas e cobertura inadequada nas regiões em desenvolvimento. Nas ferrovias, invasões das faixas de domínio, quantidade excessiva de passagens de nível, extensão e cobertura insuficiente da malha. Com todo investimento novo no setor, nos próximos anos apenas o Brasil voltará a ter a malha ferroviária de que dispunha em 1958.
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Há um amplo desbalanceamento na matriz de transportes. 58% continuam sendo rodoviário, 25% ferroviário, 13% aquaviário e 4% dutoviário ou aéreo.
Nos grandes países continentais, há amplo predomínio das ferrovias: 81% na Rússia, 46% no Canadá, 43% na Austrália, 43% nos EUA, 37% na China.
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Há um longo caminho pela frente. Logística não significa apenas obras físicas. Há a necessidade de novos marcos legais, do planejamento da integração dos diversos tipos de transporte, da redução da burocracia, identificação de um portfolio de investimentos e uma definição clara sobre o papel de cada agente.
Ao Estado cabe o planejamento de longo prazo, a visão estruturado e os investimentos em áreas de baixo retorno, mas importantes para consolidar o desenvolvimento. À iniciativa privada os investimentos em projetos de menor maturação e que exigem mais competição de mercado.

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