Petrobras está longe de ser protagonista em transição energética

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Plano Estratégico da estatal registra tímido investimento em baixo carbono e não tem iniciativas para adaptar trabalhadores, diz estudo

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O atual plano estratégico da Petrobras, que engloba o período de 2024 a 2028, não posiciona a empresa como protagonista na busca pelo chamado “net zero”, que são as emissões líquidas zero de gases de efeito estufa.

Tal conclusão integra estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e discutido em seminário realizado pela entidade com participação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

A pesquisa destaca ainda que o plano de atuação da estatal também não cita projetos que busquem adaptar os trabalhadores dentro do processo de transição energética, enquanto o baixo patamar de investimentos em setores de baixo carbono compromete a abertura de novos postos de trabalho.

Baixo investimento, mas dividendos seguem elevados

Segundo o estudo, os investimentos em baixo carbono realizados pela Petrobras são proporcionalmente pequenos: no plano estratégico 2024-2028, o montante médio chega a 11% do Capex (despesas de capital) da empresa.

Tal montante é muito inferior às projeções traçadas pela Agência Internacional de Energia (IEA), que indicam valores que devem ultrapassar a marca de 40% em 2030.

Por outro lado, os dividendos pagos a acionistas representam pelo menos 25% do caixa da empresa, enquanto a média internacional da indústria de óleo e gás foi de 12,1% entre 2018 e 2022, ao passo em que as estimativas para 2030 projetam um percentual de 9,5% do caixa, em caso de continuidade, e de 4,4% caso o “net zero” seja alcançado.

As estatísticas de emissão de gases de efeito estufa mostram que o Brasil é o quinto maior emissor do mundo, mas três quartos das emissões nacionais vêm do desmatamento (50%) e da agropecuária (25%), enquanto a cadeia do petróleo e gás é a terceira colocada no ranking brasileiro.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador