Com Milei, pobreza na Argentina atinge o maior patamar em 20 anos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Nível de pobreza na Argentina chegou a 57,4% em janeiro de 2024, atingindo 27 milhões de pessoas

Foto: Presidência da Argentina

Um levantamento do Observatório da Dívida Social Argentina, divulgado neste domingo (18), aponta para a situação drástica que vive o país. Em um único mês, o nível de pobreza aumentou quase 8 pontos percentuais, passando de 49,5% em dezembro de 2023 para 57,4% em janeiro de 2024, atingindo 27 milhões de argentinos. Esse é o maior patamar já registrado em duas décadas.

Com isso, o índice daqueles que vivem em extrema pobreza também subiu, passando de 14,2% em dezembro para 15% em janeiro deste ano. Além disso, 14,6% dos argentinos passam fome pelo menos uma vez por dia – em dezembro esse percentual era de 9,6%.

De acordo com o relatório “Argentina século XXI: Dívidas sociais crônicas e desigualdades crescentes. Perspectivas e desafios“, o crescimento dos níveis de pobreza está diretamente ligado à desvalorização promovida pelo governo de Javier Milei em dezembro passado, quando os valores das cestas básicas e do total de alimentos tiveram alta significativa, apesar dos aumentos nas fontes secundárias de aposentadorias, pensões e rendimentos do trabalho.

O relatório é baseado em uma simulação estatística a partir dos dados da pesquisa do terceiro trimestre do ano passado”, explicou Agustín Salvia, diretor do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica da Argentina. “Não acredito que estejamos muito longe do que está acontecendo. As pessoas mais atingidas são a classe média baixa e os trabalhadores de baixa qualificação”, completou. 

Programas sociais não são suficientes

O estudo mostra que os mais afetados neste 2024 são as famílias de classe média e baixa, principalmente aquelas que não são beneficiárias de alguma política sociais. Contudo, o aumento da pobreza também ocorreu entre aqueles que recebem algum tipo de auxílio estatal.

Neste caso, o nível de pobreza passou de 76,5% no terceiro trimestre de 2023 para 81,9% em dezembro de 2023 e 85,5% em janeiro de 2024.

Segundo o relatório, o aumento das transferências de políticas sociais reduziu apenas a taxa de extrema pobreza entre os beneficiários dos programas.

Maior patamar dos últimos 20 anos

O atual índice de pobreza no país é o mais alto já registrado na Argentina desde 2004, quando o número chegou a 54,8% após a crise de 2002.

A diferença é que naquela época estávamos saindo de uma crise e agora, se o programa do governo não funcionar, estamos entrando nela“, alertou Salvia. “Se a inflação cair, haverá um alívio rápido; caso contrário, estaremos enfrentando uma catástrofe social“, completou.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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