Reduzindo a taxa de juros em 0,25% ou 2,5%, ou mesmo zerando, não fará a economia retomar
Por Rogério Maestri
Os famosos recursos monetários tem se revelado um verdadeiro fracasso em todos os países da OCDE, os Estados Unidos, simplesmente porque emitem papel sem nenhum valor e é ainda aceito por grande parte do mundo se livram do enrosco e aumentam cada vez mais seus déficits e continuam recebendo dinheiros dos trouxas do mundo inteiro, porém países como o Japão e todos da Comunidade Europeia zeram suas taxas de juros e tem crescimentos pífios.
No Brasil, os “brilhantes” economistas do Banco Central brasileiro, seguindo a mesma cartilha que não deu certo em parte nenhuma do mundo, baixaram em 0,25% a taxa de juros básica do BC, que simplesmente provocará uma migração de dinheiro para as Bolsas de Valores para comprar títulos que estão e ficarão mais valorizados sem a mínima capacidade de retorno.
Começam a surgir neokeynesianos a dar pitacos na economia fazendo análises equivocadas que além de não explicar o problema internacional, não explicam muito menos o problema nacional.
Hoje em dia não é necessário mais ter acesso a jornais econômicos para enxergar o valor do mercado de futuros , aquilo que o mercado espera, se consultarmos o “Bloomberg Commodity Index Total Return” que indica o que os operadores de commodities, a principal pauta de exportação brasileira, vemos que neste ano este índice já caiu de em torno de 170 (não estou pegando o valor máximo 173) para 160, ou seja 5,9% em menos de um mês, e esta queda com pequenas oscilações está se mostrando constante. Isto indica que os compradores e vendedores de commodities (minério de ferro, carne bovina,….) estão esperando uma forte retração no mercado, esta retração de quase 6% é no preço, porém se somarmos a isto a retração no volume podemos esperar em torno de 10% na pauta de exportações brasileiras e ingresso de dólares.
Somado a isto a consistente perda na capacidade de exportação da indústria brasileira, que será agravada pela incapacidade de nossos importadores de bens manufaturados, podemos já imaginar uma perda de mais de 1% só no primeiro semestre.
Em resumo, a balança comercial deve cair ainda mais e parte dos grandes investidores nacionais vão correr de aplicações no Brasil, com isto os patetas que perderem dinheiro em investimento em renda fixa vão comprar ações vendidas pelos grandes. Em princípio podemos esperar uma estabilidade de pouquíssimo tempo na bolsa para depois despencar tudo.
Os economistas neokeynesianos assim como viúvas do monetarismo e de outras visões liberais, continuarão a interpretar errado o que acontece no Brasil e demais países periféricos, assim como os jornalistas econômicos que ficarão como birutas de aeroporto, não entendendo o que ocorre.
Também interpretações de pessoas que por dever de ofício deveriam entender melhor o que ocorre nos países periféricos , como a Senhora Alicia Bárcena, uma CEPALINA da Gema, que numa explicação do tipo Raimundo Faoro em “Os Donos do Poder” atribui a visão patrimonialista do Brasil os nossos problemas econômicos, no artigo “Cultura do privilégio naturalizou desigualdade na América Latina” publicado no El País, esta senhora reproduz totalmente a visão do passado que Jesse Souza demoliu no seu livro a Elite do Atraso. O grande erro na análise do que ocorre nos países periféricos e principalmente no Brasil advém de problemas muito mais estruturais e profundos que os elencados nos dois.
Mas primeiro falando da incapacidade de análise dos “grandes” economistas do Banco Central brasileiro, há uma ilusão que com a diminuição das taxas de juros do Banco Central poderia haver uma retomada da economia brasileira.
Como um erro gravíssimo destes senhores é ignorar que com o OLIGOPÓLIO bancário as taxas de juro básicos do BC podem irem a zero (juro real negativo) que as taxas dos bancos ainda serão muito maior do que 10% a 20% a.a. para pessoas jurídicas. Segundo pesquisa realizada pela ZH Economia as taxas de juros para pessoas físicas passarão de 113,43% para 112,95%, o juro do cartão reduzirá de 265,28% para 264,49%, no cheque especial cairá assombrosamente de 272,02% para 271,22% e no empréstimo pessoal nos bancos de 49,36% para 49,02%.
Alguém pode dizer que isto é para pessoa física, entretanto com estas taxas de juros para pessoa física a pergunta que ninguém faz é POR QUE UM BANCO COBRANDO NO MÍNIMO 49% PARA UM EMPRESÁRIO, vai cobrar menos de 10% para pessoa jurídica. Salvo que alguém acredite que os diretores dos bancos são grande nacionalistas e não grande agiotas e com isto estão pensando, mais no retorno do crescimento do que no lucro trimestral, não adianta só haverá alguns empréstimos mais baixos exatamente para quem não precisar (ou seja, esteja com um ótimo saldo médio em aplicações financeiras nos bancos).
Em resumo, para fazer frente a concorrência de empresas internacionais que produzem no exterior e estão recebendo empréstimos a juros em torno de 2% a 4% a.a., concorrer pagando 10% a 20% é sair já perdendo na saída.
Porém a pergunta que ninguém faz é o que leva os países desenvolvidos terem as taxas de juros reais (descontada e inflação) estão a ZERO ou mesmo NEGATIVAS, logo os palhaços do Banco Central, parecem que não entendem nada de macroeconomia, pois rebaixar 0,25% numa taxa que não tem ligação com as taxas cobradas resulta numa verdadeira piada. O falecido banco de desenvolvimento que procurava em tempos passados equilibrar as taxas de juro do exterior com as brasileiras para investimentos, um banco que impropriamente é ainda chamado BNDES, hoje em dia empresta somente via as instituições financeiras para os amigos do governo apresenta uma taxa de em torno de 10% a.a., uma verdadeira piada de mal gosto.
Além de tudo isto tem a o problema das importações, devido ao mundo inteiro esteja uma retomada de uma recessão, o investimento das empresas do primeiro mundo, as que necessitarem farão por lançamento de ações, ou simplesmente utilizarão a capacidade ociosa que se criará com a baixa do comércio internacional, com isto as que não investiram nada vão continuar sem investir e as que investiram algo vão ter que baixar seus preços para vencer a concorrência, logo a moribunda indústria nacional deverá passar ao estado de coma.
Porém a raiz estrutural de todo este imbróglio, foi descrita pelo velho Marx na sua chamada “Lei da queda tendencial da taxa de lucros”, todos economistas capitalistas rejeitam as fortes evidências empíricas desta lei pois a origem da mesma vem da teoria do valor de Marx, e aceitar esta é simplesmente jogar a toalha. Esta lei está baseada no aumento da composição orgânica do capital, ou seja, quanto maior a produtividade do Capital Fixo (máquinas e ferramentas e outros itens) em relação ao Capital Variável, como historicamente as inovações tecnológicas diminuem o capital variável (os salários) em relação ao capital fixo, e este último devido ao aumento das condições oligopolistas do mercado as empresas mais “produtivas” (menos custo de mão de obra) tendem a baixar os preços para inviabilizar a concorrência.
Como o lucro advém do trabalho (mais valia retirada dos trabalhadores) este lucro diminui por unidade de produção, sendo pela quantidade produzida devido a presença de monopólios internacionais que impele as empresas com maior tecnologia a praticarem vendas abaixo do preço de empresas mais atrasadas que mesmo pagando um salário de fome, não conseguem competir com indústrias com maior tecnologia.
Devido a “Lei da queda tendencial da taxa de lucros” as empresas atrasadas nacionais, que não detêm o monopólio internacional de nada, sempre estarão no prejuízo, levando-as a falência, como ocorre nos últimos vinte ou trinta anos.
Conclusão: Coloquem juros -10% a.a. que talvez uma serralheria que faça portões para casas ainda sobreviva, pois as “grandes” empresas nacionais vão mais cedo ou mais tarde a falência.
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