Vazamento de dados compromete imagem do Credit Suisse

Levantamento revela clientes envolvidos em corrupção, tortura, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, entre outros crimes

Sede do Credit Suisse, em Zurique. Foto: Thomas Wolf, www.foto-tw.de – via Wikipedia

O vazamento de informações de contas vinculadas a 30 mil clientes do banco suíço Credit Suisse revelou a riqueza de criminosos de diversas partes do mundo, além de evidenciar as falhas de due dilligence (diligência prévia) da instituição para abertura de contas.

Reportagem de um consórcio internacional, que conta com veículos como o jornal The Guardian, revela que o banco abriu sucessivas contas para clientes com perfis considerados de alto risco.

“Dentre esses clientes, estão um traficante de pessoas nas Filipinas, um operador da bolsa de valores de Hong Kong preso por suborno, um bilionário que mandou assassinar sua namorada libanesa, executivos que lotearam a estatal de petróleo da Venezuela, além de políticos corruptos de diversas partes do mundo”, afirma o jornal britânico.

O relatório mostra inclusive uma conta de propriedade do Vaticano, utilizada para gastar 350 milhões de euros em um investimento supostamente fraudulento em Londres, e que está no centro de um julgamento que envolve vários réus, dentre eles um cardeal.

Ao todo, os clientes beneficiários das contas divulgadas possuem mais de 100 bilhões de francos suíços (o que representa cerca de 80 bilhões de libras) na instituição. Algumas das contas divulgadas estavam ativas desde a década de 1940, mas mais de dois terços estavam ativas desde 2000 – e uma parte delas estava ativa até hoje.

Enquanto o banco tenta se esquivar das acusações usando a lei suíça para não dar mais detalhes, a repercussão do vazamento pode gerar uma crise política na Suíça, uma vez que mais da metade do dinheiro administrado pelos bancos do país – cerca de 6,3 trilhões de libras – pertence a clientes estrangeiros.

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Redação

3 Comentários

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  1. É inadmissível essa prática desses bancos nos paraísos fiscais.Os governos federais tem que muda essa política de privacidade de bancos que tem essa política de abraçar corruptos.

  2. Dinheiro “legal” (sic) é tributado. Dinheiro ilegal, não. Dinheiro declarado tem que ter origem conhecida, dinheiro não declarado, não. Todos os crimes mencionados na matéria são…como dizê-lo? Crimes de direito privado, cometidos por pessoas físicas contra outras pessoas físicas? Bom, de público eles não tem nada – mas nada, mesmo. Mas, em algum ponto de sua existência, ou desenrolar, eles tem que trafegar por vias públicas. Não há colchões suficientes neste mundo para tantos dólares, e, de qualquer forma, um dólar no colchão valerá amanhã um dólar (menos, na verdade, por causa da inflação), enquanto em um Credit Suisse da vida, valerá alguns centavos amanhã. Ora, diabos, que importa a um banqueiro (ou a uma sociedade, federação privada de bancos, sociedades sem fins lucrativos, fundações destinadas a promover o bem da humanidade, qualquer destas edificantes associações de homens de bens que estejam por trás, façam parte, ou sejam elas mesmas, em si), que um dinheiro venha do tráfico de drogas, do tráfico de seres humanos e/ou seus órgãos, da indústria química ou de armas, cujas mercadorias matam, aleijam e arruinam vidas inteiras para sempre, de religiosos de fala mansa e mão leve, que diabo importa isso tudo, se tudo isso dá lucro? Quando as pessoas bem-intencionadas desse mundo deixarão de acreditar que existe vinculação possível entre condutas éticas e o sistema financeiro? E que as consequências desta falta de ética são muito mais lucrativas e recompensadoras do que qualquer outra coisa? E que mesmo algo que foi criado, pelo ser humano, com todas as justificativas possíveis, por ser de fato, uma solução adequada para determinados problemas e empecilhos que impediam o desenvolvimento da atividade do homem sobre a terra, pode eventualmente se transformar, nas mãos desses mesmos humanos, em fonte de exploração e sofrimento? Já não há provas fartas disso, ao longo da História?
    O dinheiro nasceu como meio de troca. Um simples facilitador do comércio, um ente abstrato universalmente aceito e benéfico. Hoje, ao que parece, é um fim em si. Continua universalmente aceito, mas com algumas diferenças. Era físico, existia e podia ser tocado; agora, é um sinal eletrônico. Tem horas em que penso que toda evolução tecnológica, não é nada além da busca incessante por acumular dinheiro, sob a forma de bens materiais, que é, ao fim e ao cabo, e sempre foi, a única residência, por assim dizer, do valor. E quando falo de evolução tecnológica, não estou falando só das maravilhas de um sistema que permite deslocar seu dinheiro da Suíça a Cingapura, de Cingapura a City de Londres, da City de Londres a Wall Street, em alguns microssegundos. Falo do antropóide de 2001, matando a pauladas um semelhante, para recuperar algo que havia perdido, e da qual dependia sua sobrevivência. Ainda estamos no mesmo estágio, porém pior: além de dispormos de outros meios para reaver o que nos foi tomado, matamos por que gostamos, e porque dá lucro. Diplomacia não dá. Com a diplomacia a indústria não vai para a frente.
    Sim, amigos, de meio de troca a razão de matar. Que o digam os personagens deste post. Todos matam, direta ou indiretamente, seja o bilionário que matou a amante libanesa, sejam os traficantes e especuladores, cuja ação tem as mesmas consequências de um tiro, um tiro que atinge diversas pessoas, em diversos lugares do mundo.
    Talvez ainda esteja em tempo de corrigir esse erro de rota, não sei. Duvido um pouco. E talvez um dia ainda cheguemos ao absurdo de entender que um ditador insano acabe com o dinheiro por decreto – e nos arrependamos disso, se sobrevivermos ao que se seguirá.
    Esse deus, o dinheiro, não precisa ser morto – disso não resultará nada de bom. Precisa ser despido, o quanto antes, dessa divindade que lhe foi atribuída. Essa divindade é um vírus, e ele é altamente contagioso. E contagiante. Mesmo quem sabe que nunca o terá, não deixa de venerá-lo, enquanto enriquece os outros.

  3. Dinheiro “legal” (sic) é tributado. Dinheiro ilegal, não. Dinheiro declarado tem que ter origem conhecida, dinheiro não declarado, não. Todos os crimes mencionados na matéria são…como dizê-lo? Crimes de direito privado, cometidos por pessoas físicas contra outras pessoas físicas? Bom, de público eles não tem nada – mas nada, mesmo. Mas, em algum ponto de sua existência, ou desenrolar, eles tem que trafegar por vias públicas. Não há colchões suficientes neste mundo para tantos dólares, e, de qualquer forma, um dólar no colchão valerá amanhã um dólar (menos, na verdade, por causa da inflação), enquanto em um Credit Suisse da vida, valerá alguns centavos a mais, amanhã. Ora, diabos, que importa a um banqueiro (ou a uma sociedade, federação privada de bancos, sociedades sem fins lucrativos, fundações destinadas a promover o bem da humanidade, qualquer destas edificantes associações de homens de bens que estejam por trás, façam parte, ou sejam elas mesmas, em si), que um dinheiro venha do tráfico de drogas, do tráfico de seres humanos e/ou seus órgãos, da indústria química ou de armas, cujas mercadorias matam, aleijam e arruinam vidas inteiras para sempre, de religiosos de fala mansa e mão leve, que diabo importa isso tudo, se tudo isso dá lucro? Quando as pessoas bem-intencionadas desse mundo deixarão de acreditar que existe vinculação possível entre condutas éticas e o sistema financeiro? E que as consequências desta falta de ética são muito mais lucrativas e recompensadoras do que qualquer outra coisa? E que mesmo algo que foi criado, pelo ser humano, com todas as justificativas possíveis, por ser de fato, uma solução adequada para determinados problemas e empecilhos que impediam o desenvolvimento da atividade do homem sobre a terra, pode eventualmente se transformar, nas mãos desses mesmos humanos, em fonte de exploração e sofrimento? Já não há provas fartas disso, ao longo da História?
    O dinheiro nasceu como meio de troca. Um simples facilitador do comércio, um ente abstrato universalmente aceito e benéfico. Hoje, ao que parece, é um fim em si. Continua universalmente aceito, mas com algumas diferenças. Era físico, existia e podia ser tocado; agora, é um sinal eletrônico. Tem horas em que penso que toda evolução tecnológica, não é nada além da busca incessante por acumular dinheiro, sob a forma de bens materiais, que é, ao fim e ao cabo, e sempre foi, a única residência, por assim dizer, do valor. E quando falo de evolução tecnológica, não estou falando só das maravilhas de um sistema que permite deslocar seu dinheiro da Suíça a Cingapura, de Cingapura a City de Londres, da City de Londres a Wall Street, em alguns microssegundos. Falo do antropóide de 2001, matando a pauladas um semelhante, para recuperar algo que havia perdido, e da qual dependia sua sobrevivência. Ainda estamos no mesmo estágio, porém pior: além de dispormos de outros meios para reaver o que nos foi tomado, matamos por que gostamos, e porque dá lucro. Diplomacia não dá. Com a diplomacia a indústria não vai para a frente.
    Sim, amigos, de meio de troca a razão de matar. Que o digam os personagens deste post. Todos matam, direta ou indiretamente, seja o bilionário que matou a amante libanesa, sejam os traficantes e especuladores, cuja ação tem as mesmas consequências de um tiro, um tiro que atinge diversas pessoas, em diversos lugares do mundo.
    Talvez ainda esteja em tempo de corrigir esse erro de rota, não sei. Duvido um pouco. E talvez um dia ainda cheguemos ao absurdo de entender que um ditador insano acabe com o dinheiro por decreto – e nos arrependamos disso, se sobrevivermos ao que se seguirá.
    Esse deus, o dinheiro, não precisa ser morto – disso não resultará nada de bom. Precisa ser despido, o quanto antes, dessa divindade que lhe foi atribuída. Essa divindade é um vírus, e ele é altamente contagioso. E contagiante. Mesmo quem sabe que nunca o terá, não deixa de venerá-lo, enquanto enriquece os outros.

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