Sem provas diretas de corrupção, CPI encontrou crime ainda mais grave de Bolsonaro, diz Vieira

"A sociedade brasileira se acostumou a chamar que corrupção é o crime mais grave, e é gravíssimo, ninguém nega. Mas nada mais grave do que crime contra a vida de milhares de brasileiros". Assista

Jornal GGN – O senador Alessandro Vieira (Cidadania), membro titular da CPI da Covid no Senado, afirmou em entrevista à TVGGN, na noite de quarta (8), que o presidente da República Jair Bolsonaro deverá ser indiciado, após os trabalhos da comissão, por crime comum contra a saúde pública, agravado pela morte de milhares de brasileiros na pandemia como resultado direto de suas ações. Para o crime de corrupção, porém, a CPI ainda não tem elementos para denunciar Bolsonaro às autoridades competentes. “Não, dele diretamente a gente não tem nenhum elemento que aponte [corrupção passiva ou ativa]. Seria um equívoco técnico. De outros, sim.”

Segundo Vieira, a CPI tem indícios e está trabalhando em novas etapas de investigação para comprovar corrupção passiva e ativa envolvendo outros nomes do governo federal. Mas em relação a Bolsonaro, a denúncia deve se concentrar no crime contra a saúde pública. E isto não alivia a barra de Bolsonaro.

“Há muitos equívocos por parte do governo e alguns configuram seguramente o crime contra a saúde pública agravado pelo resultado morte. Não consigo encontrar nada mais grave que isso. A sociedade brasileira se acostumou a chamar que corrupção é o crime mais grave. E corrupção é gravíssimo, ninguém nega isso. Mas nada vai ser mais grave do que crime contra a vida – ainda mais a vida de milhares de brasileiros”, disse Vieira.

“Corrupção é um crime que se configura no pedido de propina, não no pagamento. Há claramente contratos simulados e superfaturados, tudo alicerçado no trabalho de lobistas em Brasília que usaram o acesso que tinham – em alguns casos, até membros da família Bolsonaro [como Jair Renan e a mãe, Ana Cristina Valle, ex-esposa de Jair Bolsonaro] – para ter celeridade em seus pleitos e ignorar obstáculos legais apontados por equipe técnica” do Ministério da Saúde. Contra estes nomes abaixo de Bolsonaro, apontou Vieira, a imputação por crime de corrupção é quase certa e deve constar em ao menos dois dos três relatórios que devem sair da CPI – um do relator Renan Calheiros, outro da oposição, e um terceiro, independente.

Para Vieira, a participação de Bolsonaro no “cometimento de crime comum contra a saúde pública” é inegável. As ordens partiram “de Jair Bolsonaro e [foram] descendo na cadeia de comando, na medida em que se recusaram a fazer a compra de vacinas na velocidade possível e necessária e se recusaram a fazer uma campanha de esclarecimento à população. Essas são as duas maiores variáveis para combater uma pandemia: vacinas na maior quantidade e brevidade, e uma grande campanha de esclarecimento para que as pessoas possam se proteger. Bolsonaro fez o contrário: retardou compra de vacinas de fornecedores sérios e reconhecidos mundialmente, e falou contra distanciamento, máscaras e vacinas. E deu espaço, através de assessores próximos, a fornecedores de vacinas que, na CPI, se provaram fraudulentos. São crimes de gravidade imensa.”

Assista:

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Redação

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