TSE precisa declarar Bolsonaro inelegível e tirá-lo da eleição de 2022, defende Eugênio Aragão

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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PT estuda nova denúncia ao TSE contra Bolsonaro por campanha eleitoral antecipada durante os atos de 7 de Setembro. Assista na TVGGN

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Jornal GGN – O ex-ministro da Justiça e ex-vice-procurador geral eleitoral, Eugênio Aragão, disse em entrevista exclusiva à TVGGN, na noite de terça-feira (7), que o PT estuda apresentar ainda nesta semana uma nova denúncia ao Tribunal Superior Eleitoral contra Jair Bolsonaro, agora por campanha eleitoral antecipada durante os atos de 7 de Setembro em Brasília e São Paulo, onde o presidente da República participou com discursos antidemocráticos.

“Houve claramente uma campanha eleitoral feita com recursos escusos. Para começar, Bolsonaro hoje não tem condições efetivas de elegibilidade. Ele não está vinculado a partido nenhum. Ele fazer campanha sem estar vinculado a partido retira a transparência do processo”, explicou. “A propaganda do ‘eu sozinho’, com recursos que não são auditáveis, é um fato extremamente grave.”

Na véspera das manifestações convocadas pelo bolsonarismo, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o bloqueio de contas de associações do agronegócio que estariam financiamento os atos. Um prefeito do interior do Rio Grande do Sul também é investigado após ser flagrado com 500 mil reais em espécie. O dinheiro supostamente seria usado pela organização dos protestos bolsonaristas. Nas redes sociais, a jornalista Mônica Bergamo escreveu que a grande pergunta é: “quem paga” por toda a mobilização?

Na Av. Paulista, Bolsonaro fez um discurso atacando o processo eleitoral e o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. Ele afirmou que não aceitará eleição em 2022 sem voto impresso e auditável com contagem pública. “Não posso participar de uma farsa patrocinada pelo presidente do TSE”, disparou Bolsonaro. Ele também desferiu golpes contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que podem abalar o governo. Bolsonaro exigiu que ele seja “enquadrado” pela Corte, ou que “peça para sair”.

INELEGIBILIDADE JÁ

Na visão de Aragão, Bolsonaro receberá uma resposta dura das instituições. E o TSE, em especial, deveria reagir providenciando a cassação ou a declaração de inelegibilidade do extremista de direita.

Há algumas semanas, a Corregedoria do Tribunal instaurou um processo contra o presidente da República, justamente por espalhar fake news contra as urnas eletrônicas durante suas entrevistas e lives no Facebook.

“Para evitar o mal maior, o mínimo que o TSE vai ter que fazer com o inquérito que está se desenvolvendo na Corregedoria, e o que mais vier, é pensar seriamente na inelegibilidade. Ainda que ele não seja destituído – porque isso depende de outras condições – que, pelo menos, seja inelegível. Porque se ele participar dessas eleições [de 2022], o Brasil ficará à beira do abismo”, alertou Aragão.

“Claro que existem elementos suficientes nas nossas AIJEs [Ações de Investigação Judicial Eleitoral, apresentadas contra Bolsonaro após a eleição de 2018] para constatar abuso de poder econômico e dos meios de comunicação. Esse seria o melhor cenário de todos [a admissibilidade de uma dessas AIJEs], porque tiraria Bolsonaro e Mourão junto, e deixaria o Congresso eleger um governo interino até o ano que vem.”

Assista ao recorte na TVGGN:

A entrevista completa de Eugênio Aragão, com participação do ex-deputado José Genoíno (PT) e dos jornalistas Marcelo Auler e Luis Nassif, pode ser vista abaixo:

LEIA TAMBÉM:

1- 7 de Setembro: a República prostrada, por Aldo Fornazieri

2- O teatro de insanidade brasileiro, por Fábio de Oliveira Ribeiro

3 – É hora de balançar o galho, por Luis Felipe Miguel

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Como todo político liberal e covarde, o Bolsonaro na hora que a situação se tornar insustentável, irá negociar sua renúncia em favor do Mourão, em troca de imunidade para êle e os filhos, assim agradará a terceira via, a mídia venal, o judiciário cúmplice das barbáries desde o mensalão e que possivelmente indicará um vice, dará satisfação aos seguidores mentecaptos sob o argumento que os partidos progressistas não o deixaram governar.
    Aguardar e conferir.

  2. Aragao tem toda razao, mas como ex-procurador ele sabe que isso vale para as AIJEs (haja!) que foram rejeitadas. A questao e porque agora seriam aceitas e como o supremo danca conforme a musica.

    `A Corregedoria do Tribunal instaurou um processo contra o presidente da República, justamente por espalhar fake news contra as urnas eletrônicas durante suas entrevistas e lives no Facebook.`

    Para afirmar que e fakenews a douta Corregedoria precisa provar que as urnas sao indevassaveis. Nao existem maquinas perfeitas, como qualquer cientista honesto sabe e diz, mas a Empresa Brasileira de Eleicoes nega, porque e parte e juiz do processo eleitoral ao mesmo tempo, como o ilustre promotor tambem sabe.

    A vulnerabilidade do voto eletronico nao foi resolvida ainda em nenhum lugar do mundo. O que ha sao sistemas diferentes com segurancas diferentes, mas nenhum deles e indevassavel, como tambem nao ha cofres indevassaveis como todo arrombador (hacker) sabe muito bem.

  3. Aragao tem razao, mas a rejeicao de todas as AIJEs ate agora confirmam o apoio judicial ao golpe. Admitir agora vai revelar que a justica danca conforme a musica.

    `A Corregedoria do Tribunal instaurou um processo contra o presidente da República, justamente por espalhar fake news contra as urnas eletrônicas durante suas entrevistas e lives no Facebook`.

    O presidente fraudulento espalhou milhares de fakenews antes e depois da eleicao sem ser incomodado. Para ser fake e preciso comprovar a mentira. Para isso corregedoria da Empresa Brasileira de Eleicoes SA – vulgo Tribunal Eleitoral – devera provar que seu produto e uma maquina perfeita e infalivel. Uma aberracao da ciencia passivel de ser punida por infracao ao Codigo de Defesa do Consumidor.

    A seguranca do voto eletronico e uma questao mundial que ainda esta por ser resolvida. Bolsonaro nao inventou nada, apenas revelou que ha muitas formas de fraudar uma eleicao e de se aproveitar disso.

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