Bolsonaro tenta explorar delação, Ciro abre confronto e Haddad segue campanha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Montagem: CartaCapital
 
Jornal GGN – Logo após a divulgação pelo juiz Sérgio Moro das acusações do ex-ministro Antônio Palocci à Polícia Federal (PF) contra Lula e a divulgação da nova pesquisa Ibope favorecendo o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL) explorou estes episódios para tentar se sobressair na sua campanha.
 
“A questão ideológica é tão, ou mais grave, que a corrupção no Brasil”, disse Bolsonaro. “São dois males a ser combatido. O desaparelhamento do Estado, e o fim das indicações políticas, é o remédio que temos para salvar o Brasil”, continuou, em publicação no Twitter.
 
 
A referência era direta às acusações de Palocci contra a cúpula do PT. O candidato busca mais intenções de voto, agora sob a bandeira de “combate à corrupção”. 
 
Por outro lado, já com a manifestação do PT em nota pública e da própria presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffmann, Haddad seguiu sua agenda de campanha como programado, sem tratar do tema. Na manhã de hoje (02), visitou o laboratório Fiocruz, no Rio de Janeiro, e seguiu por atos políticos em Duque de Caxias e Nova Iguaçu.
 
Haddad, em visita a Fundação Oswaldo Cruz
 
Tampouco Haddad tratou de abrir confronto com o outro candidato da esquerda Ciro Gomes (PDT), que com cada vez menos intenções de votos nas pesquisas eleitorais, tenta ainda atrair o eleitorado de Haddad, criticando-o.
 
“Se o Brasil continuar dividido, a crise só vai aumentar. Por isso, tá na hora de unir o Brasil. As pesquisas mostram que eu ganho com folga tanto do Bolsonaro quanto do PT no segundo turno. Mas pra chegar lá, preciso do seu voto já no próximo domingo, dia 7. Não vote contra ninguém. Vote a favor do Brasil”, disse Ciro, em vídeo nas redes sociais.

 
 
Ciro está paralisado na terceira posição, de acordo com as últimas pesquisas Ibope e Datafolha. Após os ataques a Haddad durante o debate na TV Record, na noite deste domingo (30), o candidato busca agora visitar nichos tradicionais do eleitorado do PT, como o ABC Paulista, berço dos sindicatos e de Lula, além de Bahia e Pernambuco.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Título Falso

    O título desta matéria é falso. No vídeo que é apresentando, Ciro não confronta ninguém. Apresenta-se como terceira alternativa e justifica porque é melhor.

    Diz ao final: não vote contra ninguém, vote a favor do Brasil”. Onde está o confronto ?

    1. Confronto

      “Não é preciso votar no coisa ruim nem no coisa pior”;

      Aí, o confronto.

      Para alguém cujo futuro político é ser ministro no governo Haddad, é uma declaração surpreendente.

      E burra.

  2. CIRO E HADDAD: A OPOSIÇÃO ENTRE DOIS PROJETOS
    CIRO E HADDAD: A OPOSIÇÃO ENTRE DOIS PROJETOS Há uma recorrente retórica dentro do campo progressista que tenta igualar a candidatura de Haddad e Ciro Gomes, colocando ambos como “igualmente bons” para combater o bolsoasno. Embora muito bem intencionado, esse pensamento é falacioso e nocivo ao país, já que ignora uma diferença fundamental de projeto entre os dois. Tal diferença é o desenvolvimentismo emancipador de um, com enfoque na Indústria (PDT), e a subordinação ao Agronegócio e ao Capital Financeiro do outro, adverso à criação de um parque industrial (PT). Tal oposição é de longa data, desde Brizola (aliás, as similaridades destas eleições ao pleito de 1989 são inúmeras). No geral, o PT produziu uma das maiores (para não dizer mais criminosas) desindustrializações da história do capitalismo moderno (de 20% do PIB, em 2002, para 10%, em 2017, menor taxa desde 1950), aprofundou nossa posição subordinada na cadeia produtiva internacional como exportador de commodities, e expandiu como nunca o agronegócio (23.5% do PIB). A faceta social do PT, importantíssima para populações mais carentes, fora apenas um meio para o mais descarado loteamento do país ao rentismo, vista no campo macroeconômico. Somos, literalmente, uma fazenda do Atlântico Norte: tragicamente resultado, em grande parte, do projeto PTista.Tal ‘projeto’ sempre foi a democratização do consumo pela moeda de troca das commodities, ou seja, trocar soja bruta por Iphones. Sobe o preço da matéria prima no mercado internacional, tudo é “lindo” (Lula). Cai o preço, crise avassaladora (Dilma). Este “modelo” (porque chamar isso de “projeto de nação” é ridículo) é insustentável. Não rompe a subordinação na cadeia produtiva global. Não produzimos tecnologia, não produzimos remédios, não temos patentes, não temos NADA, e importamos TUDO. A política de 12 anos do PT foi essa. Não dá mais. Apoiar Haddad sabendo de tudo isso é puro masoquismo. A questão é simples: não existe soberania nacional sem Indústria. Daí que PDT e PT estão um para o outro assim como nacionalismo e entreguismo, respectivamente. A única forma de sair desse atoleiro é a democratização da PRODUÇÃO, do parque Industrial, com um crescimento autossustentável do consumo. E aí entra a Estratégia Nacional de Desenvolvimento de Ciro Gomes. O desenvolvimento das forças produtivas nacionais é, e sempre será, a principal bandeira da esquerda. Então, sem ilusões, o projeto de Ciro é muito mais à esquerda que aquele que Lula e seus presidentes por procuração podem jamais pensar em fazer. Não importa o quão guturalmente tentem atrair as massas. E enfatizo: isto não é antipetismo, é enxergar a realidade. Mikhael Lemos Paiva

    1. Josimar, sabe o problema que

      Josimar, sabe o problema que eu tenho com o Ciro? É sua capacidade de transformação, ou seja, um “Camaleão Politico”. Passou por mais de cinco partidos, PDS (Arena/partido representante da ditadura) a PSB (dito socialistas), com parada intermediaria no PSDB, dificil de saber o que realmente ele é por dentro, ou seja, muito INCONVIAVEL! 

      Agora, entre ele e o Coiso, voto nele!

  3. A hora da decisão: todos contra o fascismo
    A hora da decisão: todos contra o fascismo É chegada a hora da eleição mais importante da moderna democracia brasileira. Pela primeira vez, temos um candidato abertamente fascista, defensor da tortura, inimigo dos direitos humanos, propagador de fake news, disposto a tudo para vencer. E pior, temos pela primeira vez uma direita fascista com base de massas, que conseguiu se impor frente a setores de direita liberal, e que vai estar no 2º turno, em um momento de ascenso do fascismo em nível mundial. Nesta conjuntura, defendi desde o início que se construísse uma Frente Ampla Democrática, que unisse todos os defensores da democracia da esquerda até o centro democrático. Para a construção de uma Frente deste tipo, o critério não poderia ser ter na cabeça o partido com mais votos ou base social. Teria que ser um candidato que tivesse clareza sobre o momento político, sobre o golpe e o papel da Lava Jato, e que assumisse um programa de recuperação dos estragos da era Temer e de superação dos limites da experiência petista de 13 anos no governo. Este candidato existe, e se chama Ciro Gomes. A opção do PT não foi essa. A opção foi a de manter uma candidatura inviável até o último momento, e então tirar da cartola Haddad, o candidato do Lula. A decisão foi tomada pelo ex-presidente, sem debate, sem balanço das experiências petistas de governo, seus erros e acertos. Não se discutiu os motivos do golpe, e como enfrentá-los. Não se resolveu a esquizofrenia petista, de ser um partido socialdemocrata nos governos que assume, e manter internamente e em algumas resoluções um discurso saudosista de um socialismo que nunca se realizou, mas que serve para a disputa partidária.  Nessa conjuntura, a tendência é de um 2º turno entre Bolsonaro e Haddad. Do fascismo social disseminado, contra o Lulismo das conquistas sociais da era Lula. O fascista já tem um dispositivo militar-judiciário-empresarial montado, a candidatura representa interesses bem demarcados e institucionalmente situados. A candidatura de Haddad, por enquanto, não tem nada além do voto popular, precisará construir sua base de sustentação entre o 1º e o 2º turnos, enquanto tenta ganhar uma eleição duríssima. Não tenho ilusões de que esse quadro irá mudar. Mas nunca me omiti em afirmar minhas posições políticas, e não farei isso desta vez. Sempre votei no 13 para a Presidência, desde o meu primeiro voto, em 1989. Desta vez, votarei no 12 com convicção de que é o melhor candidato, tanto programaticamente quanto eleitoralmente, para enfrentar o mais difícil e grave desafio eleitoral de todos os tempos no Brasil. Esta é a minha declaração de voto, com respeito a quem pensa de outra forma. Que a sorte e a providência estejam conosco até o final do mês de outubro.  Agora é #Ciro12

  4. Para além das eleições de
    Para além das eleições de outrubro…

    https://outraspalavras.net/brasil/polemica-duas-formas-do-mesmo-poder/

    Polêmica: duas formas do mesmo poder
    POR INÊS CASTILHO
    – ON 02/10/2018
    CATEGORIAS: BRASIL, DESTAQUES, ECONOMIA, POLÍTICAS

    Nas eleições deste domingo, está em disputa apenas a forma política de gerir a crise brasileira: o PT oferece a ordem na conversa; Bolsonaro, a ordem na porrada

    Por Fabio Luis Barbosa dos Santos | Imagem: Maria Blanchard (1881-1932)

    Na superfície, a eleição presidencial brasileira parece complexa. Apesar do golpe e da prisão, o PT desponta como favorito a dez dias do pleito, enfrentando uma temível cria da ditadura. O que está em disputa nesta eleição? Quem é o candidato do capital? Qual a estratégia da burguesia? E a resposta da esquerda? A seguir, enfrentarei estas questões.

    1.
    Para a burguesia brasileira, a economia não está em disputa nas eleições: quem vencer enfrentará os problemas do neoliberalismo, com mais neoliberalismo. Seja pela via utópica de um “neoliberalismo inclusivo” pregado pelo PT, seja pelo ultraneoliberalismo dos tucanos ou de Bolsonaro.

    O que a burguesia disputa é a forma política de gestão da crise brasileira. Qual será a cara do arranjo institucional, jurídico e cultural que substituirá a Nova República, definitivamente condenada.


    No plano imediato, há duas vias colocadas.

    Segundo suas próprias palavras, Lula oferece credibilidade e estabilidade. A credibilidade de que fala não é com os de cima – duramente afetada, mas com os de baixo: o que Lula falar, a sociedade aceitará. Em outras palavras, o lulismo oferece sua capacidade de convencimento e neutralização popular, como via da ordem. Se Dilma foi a sombra de Lula, Haddad se projeta como o avatar desta política.

    No polo oposto complementar, está Bolsonaro. Como entendê-lo? Bolsonaro é a resposta assustadora de uma sociedade assustada. Quem está sem trabalho tem medo da fome, e quem trabalha, tem medo do desemprego. Todos têm medo da violência, e também têm medo da polícia.

    Em um contexto de desprestígio das formas coletivas de luta, Bolsonaro promete a ordem pela truculência. Como Trump nos Estados Unidos, Erdogan na Turquia, Modi na Índia, o uribismo na Colômbia ou o fascismo na Itália – todos atualmente no poder. Portanto, Bolsonaro não está sozinho: é uma tendência, não uma aberração.

    Em síntese, trata-se de vias distintas para gerir a colossal crise brasileira: o PT oferece a ordem na conversa, enquanto Bolsonaro propõe a ordem na porrada.

    2.
    Na impossibilidade de Alckmin, Meirelles ou Amoedo, qual destas vias é preferível para o capital?

    Se vencer Haddad, será um problema governar. O dilema do poder será como entocar de volta a cobra do antipetismo. Como convencer aqueles que embarcaram na correria do impeachment e da prisão de Lula a aceitar que tudo isso desemboque em Haddad?

    Vencendo Bolsonaro, será um problema para os governados. Sua base entre os poderosos é frágil, sua rejeição popular é alta e sua índole, imprevisível. A questão é: quem disciplinará o disciplinador?

    Haddad como Bolsonaro são respostas provisórias e necessariamente instáveis de uma burguesia que se reorganiza.

    3.
    Para além do imediato, o sentido da movimentação burguesa é na direção Bolsonaro. Pois o fim da nova República também compromete os tucanos. É isso o que explica o NOVO – tão “novo” na política quanto é “democrata” o DEM. Expressa uma burguesia intuindo que novos tempos exigem novas respostas: é o Bolsonaro que ainda não saiu do armário.

    Porque o que a direita está incubando é um bolsonarismo sem Bolsonaro.

    Na França, a fascista Marine le Pen se queixa daqueles que se uniram para derrotá-la no segundo turno. Porque, afinal, diz uma Le Pen inconformada, elegeram alguém que implementa suas políticas, mas sem fazer alarde.

    Por baixo da poeira das próximas eleições, a burguesia brasileira forja seu Macron. O cruzamento de Bolsonaro e Amoedo pode ser João Dória.

    4.
    Entre a derrocada do lulismo, que se configurou na rebelião de junho de 2013, e um bolsonarismo confiável, que está no forno, a burguesia brasileira se repagina. Este reordenamento se expressa na dispersão de candidatos. Como em 1989, quando começava a Nova República, a burguesia busca um caminho, mas agora para enterrá-la.

    No meio tempo, especula qual o melhor esparadrapo para estancar a sangria desatada pelo golpe. Racionalmente, parece Ciro Gomes: o antipetismo se sentiria contemplado e o “ele não”, respiraria aliviado.

    Mas as cobras soltas pelo golpismo desafiam a razão. Qualquer governo que vier será necessariamente instável – como foi Collor.

    Neste contexto, os tucanos fazem sua autocrítica: melhor teria sido deixar Dilma sangrar, do que conspirar pelo golpe e compor com Temer. Foram com muita sede ao pote, e agora estão condenados à paciência.

    A burguesia e os tucanos calculam quem é mais útil para queimar e ser queimado, na expectativa de fundar sobre esta terra arrasada a nova ordem à sua semelhança.

    5.
    E a esquerda nisso tudo?

    Paradoxalmente, revela mais dificuldade em captar a mudança. Para a direita, está claro desde junho: o tempo do neoliberalismo inclusivo se foi. Transitou-se da conciliação para a guerra de classes. É esse o pano de fundo da agonia lulista.

    Que o próprio Lula não se dê conta do seu anacronismo, é esperado. Que o PSOL seja tragado por este autoengano, é uma trágica miopia. Em lugar de se diferenciar do PT tateando o novo pela esquerda, a candidatura Boulos vai na direção da simbiose, em condições cada vez mais rebaixadas.

    O lulismo é uma política que navega nas águas da ordem. Neste momento, só o que pode ressuscitá-la como alternativa burguesa é o ascenso das massas. O paradoxo é que isso só acontecerá se rompidas as amarras do lulismo – como em junho. Mas quando isso ocorrer, os revoltosos perguntarão: toda essa correria para Lula-lá?

    Se a cobra do antipetismo é difícil de guardar, o além do petismo será muito mais. Por isso não interessa, nem a Lula, o povo na rua.

    Ao resignar-se a coadjuvante do ex-presidente, a candidatura Boulos corrobora o sequestro da esquerda na lâmpada mágica do lulismo. Para além de suas contradições internas, esta política perdeu o lastro na história: por isso não se repetirá, senão como farsa.

    O lulismo não é o antídoto ao fascismo, mas um entorpecente que dificulta a compreensão do que se passa. Só com luta escaparemos da barbárie, não com morfina.

    6.
    Independentemente do resultado, o vencedor desta eleição já é Bolsonaro. Porque foi quem pautou o debate. O eixo da discussão deslocou-se para a direita, insulando ainda mais o debate estrutural. Por outro lado, este pleito a esquerda já perdeu, porque nem entrou no jogo.

    Para voltar à primeira divisão da política, precisará atualizar diagnóstico e estratégia. Enquanto isso, assistiremos as derrotas se acumularem, sem sequer disputar os rumos da história.

    Fabio Luis Barbosa dos Santos. Professor da UNIFESP, autor de “Além do PT. A crise da esquerda brasileira em perspectiva latino-americana”.

  5. Haddad fora da ratoeira dos marinho

    Haddad pelamordedeus não vá ao debate dos marinho!!

    E: Ciro vá se ferrar!

    Ciro X bolsonauro: voto bolsonauro!

    Que o circo pegue fogo de vez e exploda na fuça da classe-média!

  6. O problema do Bostonaro não é

    O problema do Bostonaro não é ser de direita, mas BURRO. Essa redação não passa no Enem. Nem se existisse cota para BURRO! 

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