Cabo eleitoral? O “efeito Bolsonaro” nas eleições 2020

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Balanço feito pelo GGN revela que a grande maioria dos candidatos bolsonaristas à Prefeitura de capitais do país não puxaram votos

Foto: REUTERS/Adriano Machado

Jornal GGN – Jair Bolsonaro não é cabo eleitoral. É o que mostra, pelo menos até agora, o resultado das pesquisas eleitorais com os candidatos às Prefeituras das capitais do país, nas eleições deste ano.

Ao contrário do “efeito Bolsonaro” visto em 2018, com fileiras no Congresso sendo fechadas por candidatos não conhecidos do meio político, somente por anunciar em suas campanhas que apoiavam o então presidenciável, este ano o apoio dado diretamente pelo mandatário ou anunciado pelo postulante não vendo sendo suficiente para puxar votos.

Balanço feito pelo GGN revela que a grande maioria dos candidatos à Prefeitura de capitais do país que receberam ou deram este apoio declarado não conseguiram se sustentar entre os preferidos nas intenções de votos. A exceção ficou na capital cearense, Fortaleza, onde o primeiro no ranking das pesquisas, o deputado federal Capitão Wagner (PROS), é bolsonarista.

Confira, abaixo, os candidatos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro:

São Paulo

O apoio explícito de Jair Bolsonaro a Celso Russomanno (Republicanos), na capital paulista, tampouco trouxe diferenças no avanço das pesquisas eleitorais. Ele sofreu, inclusive, queda de anteriores 20% para hoje 14% das intenções de voto, segundo o Datafolha desta quarta (11). Ele está atrás de Guilherme Boulous (PSOL) e de Bruno Covas (PSDB), que é o preferido, com 32% das preferências.

Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o atual prefeito não melhorou sua imagem desde que a família Bolsonaro anuncia a preferência para Marcelo Crivella (Republicanos). Em segundo lugar, com 14% das intenções de voto, segundo o Datafolha divulgado nesta quarta (11), 73% dos cariocas afirmam, segundo o Ibope, querer uma mudança de gestão.

Recife, Pernambuco

Em Recife, Bolsonaro apoia a Delegada Patrícia (Podemos), que segundo o Datafolha de 11 de novembro está em quarto na disputa, com 15% das intenções de voto. Joao Campos, do PSB, tem 29%; Marília Arraes, 22% e Mendonça Filho (DEM), 18%.

Bolsonaro declarou que só entrou na campanha da Delegada Patrícia porque foi bem votado em Recife em 2018. No 1º turno, o hoje presidente teve 43% dos votos em Recife. Fernando Haddad (PT) teve 30% – 383 mil votos (Bolsonaro) ante 267 mil (Haddad).

Fortaleza, Ceará

Capitão Wagner (PROS) conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2018, pelo estado, somente por anunciar em suas campanhas o apoio a Jair Bolsonaro. Este ano, disputando a Prefeitura da capital cearense, o parlamentar é o preferido das pesquisas, que o colocam com 30% das intenções de voto, segundo o Datafolha, divulgado nesta quarta (11). 

Mas a disputa não está garantida para ele, e divide embate com outros dois candidatos de Fortaleza, o deputado estadual Sarto (PDT), nome de Ciro Gomes e que detém 27% das intenções. Em seguida, a ex-prefeita da cidade, Luizianne Lins (PT), tem 15% na disputa.

E, apesar de apresentar o melhor desempenho entre todos os candidatos bolsonaristas das capitais, o deputado Capitão Wagner curiosamente não incluiu o nome de Jair Bolsonaro em seus programas eleitorais. 

Maceió, Alagoas

O segundo colocado nas pesquisas de Maceió também mostra alinhamento com o presidente. Não apelando explicitadamente a bandeira bolsonarista, o deputado federal João Henrique Caldas (PSB), juntamente com o candidato a vice Ronaldo Lessa (PDT) – ex-prefeito, ex-governador e atual deputado federal, afirma somente que tem “boa relação com o governo federal”.

Ele tem 22% das intenções, segundo a última pesquisa Ibope, e está atrás do candidato do MDB, Alfredo Gaspar Mendonça, que tem 26% das intenções.

Curitiba, Paraná

O deputado federal Fernando Francischini (PSL), que foi eleito graças ao apoio declarado a Bolsonaro, passou por rumores de uma ruptura com o presidente, mas se mantém afirmando “aliado” do mandatário, o que não angariou preferência dos curitibanos, com somente 8% das intenções, segundo o Ibope do dia 22 de outubro. É também o que tem a maior rejeição da população, de 33%.

Salvador, Bahia

Em Salvador, o único candidato declaradamente alinhado ao bolsonarismo na capital baiana, Cézar Leite (PRTB), tem 1% das intenções de votos, segundo o Ibope do dia 30 de outubro.

São Luis, Maranhão

Da mesma forma, em São Luis, o único candidato bolsonarista declarado, Sílvio Antônio (PRTB), tem 2% de votos, segundo Ibope desta sexta (13). A disputa na capital maranhense está mais centrada entre apoiadores ou oposição ao governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB).

É o caso de Eduardo Braide (Podemos), que está na liderança, com 41% das intenções de votos, e se opõe a Dino. Em segundo e terceiro lugares aparecem Duarte Júnior (Republicanos) e Neto Evangelista (DEM). ambos com 19% das intenções, que afirmam apoiar Dino.

Natal, Rio Grande do Norte

Os candidatos potiguares que se alinham à Jair Bolsonaro não têm obtido sucesso nas pesquisas. O Delegado Leocádio (PSL) já havia colado sua imagem à de Bolsonaro para disputa à vice-governador em 2018, sem sucesso, e desta vez não foi diferente. Ele está com 7% das intenções de votos, segundo o Ibope do dia 26 de outubro.

Aracaju, Sergipe

O candidato bolsonarista que publicou arte com os slogans “LucioNaro” e “BolsoFlávio“, Lucio Flavio (Avante) está com somente 3% das intenções de votos do Ibope desta quinta (12).

Belém, Pará

O deputado federal do Republicanos que declarou apoio a Bolsonaro, Vavá Martins, está em quinto lugar para a Prefeitura de Belém, com somente 7% das intenções de votos.

Manaus, Amazonas

Em Manaus há alguns candidatos que apoiam Jair Bolsonaro para disputar a Prefeitura. O que tem maiores intenções de voto é o militar Coronel Menezes (Patriota), com 8% das intenções, segundo Ibope desta quarta (11), que o distanciam das possibilidades.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Com tanto governador e prefeito de grandes cidades contras, sem a falta de apoio de Trump (vai perder o amor da vida, mas não faz diferença no voto), com a família e sua longa capivara exposta e com tudo o que pode acontecer de crise sanitária e econômica Bolsonaro não vai aguentar muito 2021, com suas tantas dores de cabeça e as diversas dores de barriga a levá-lo para a mesa de cirurgia.

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