Eleições 2014: as maiores probabilidades

Uma coisa é quase inconteste para quem acompanha o cenário político: Dilma é franca favorita para a reeleição. Razões para crer nisso não faltam: há uma tendência de longo prazo favorável a reeleições quando não há maiores problemas no plano econômico (não somente para presidentes, mas para governadores e prefeitos de quaisquer partidos também.) Mesmo que a mídia e analistas independentes apontem para questões reais como a falta de plano sustentável para a manutenção de crescimento e a dependência do setor externo, o fato é que o desemprego é historicamente baixo e que com EUA, Europa e China crescendo simultaneamente, como deve acontecer em 2014, não haverá grandes surpresas.

Mas isso não é razão para se imaginar que o debate se encerrou. Ainda mais faltando nove meses para as eleições.

Em primeiro lugar não se deve subestimar o advento de um novo discurso oposicionista, como o representado por Campos. Dado o ambiente econômico estável, as pesquisas de opinião eleitoral (a maioria das quais aponta para vitória em 1º turno) e as pesquisas sobre popularidade do governo, é claro que a grande probabilidade de reeleição de Dilma é óbvia.

Mas tomemos como ponto de partida os 56% de votos válidos que Dilma recebeu no 2º turno de 2010. Naquele ano o cenário geral era parecido e francamente governista também. Como ponto positivo extra, agora, temos o conhecimento do nome da presidenta e inéditos 50% de tempo de TV.

Mas há pontos que podem ser favoráveis a um discurso “nova oposição”: a) quem olhar com maior atenção as simulações de 2º turno de algumas pesquisas perceberá que Marina Silva tem sim potencial de transferir votos para Campos, basta observar como os resultados mudam quando nos discos de pesquisa os nomes de prováveis vices são apresentados junto; b) o aprofundamento da aliança do governo com partidos de matiz ora conservador moral ora ruralista abre um flanco para um discurso de oposição que passa além de questões de classe ou de economia; c) há um certo esgotamento em relação ao discurso ‘polarização’, feito tanto por PT como por PSDB, que pode favorecer marginalmente os discursos em estilo conciliatório.

Além disso, o governo não tem mostrado razões para agregar novos grupos de simpatizantes, mais bem administra corretamente a popularidade já conquistada. O que leva à seguinte dúvida: se um candidato tido como desagregador e quase monotemático em seu discurso ‘udenista’ chegou a receber, em 2010, 44% dos votos em 2º turno, que motivos haveria agora para que esses eleitores venham a preferir Dilma vis-a-vis um eventual opositor mais conciliador e mais comprometido com a herança dos programas sociais?

A aposta, assim, ainda é a da reeleição, mas talvez em um percentual mais próximo de 50%. O que não é em absoluto incomum: recentes eleições, como Chile-2009, Peru-2011, EUA e França-2012 e Venezuela-2013 foram todas definidas com o vencedor com menos de 52% dos votos válidos.

Um outro ponto a observar é o novo Congresso que emergirá das urnas. Muito provavelmente as mudanças serão poucas, como, aliás, têm sido desde 1982, primeiras eleições pluripartidárias. Partidos vão se dividindo, mudando de nome e de aliados, mas é inescapável observar que por todo esse tempo congressistas identificados com centro-direita seguem sendo 70% ou mais. Partidos como PMDB, PP, PR e PSD podem formar coligação com PT, PDT e PCdB, mas seu apoio em plenário se dará na burocracia da governabilidade (aprovar-se LDOs, por exemplo), mas não para mudanças efetivas em estamentos tradicionais (como, de fato, não houve nenhuma nos últimos 10 anos.)

Há até razões para imaginar que um partido como o PT possa vivenciar redução de sua bancada: por um lado há um descontentamento (marginal, é fato) com o distanciamento desse partido de seus projetos do passado (processo que PMDB e PSDB já viveram também, mas há mais tempo e com mais ampla percepção pelo eleitorado), que pode favorecer algum aumento da bancada de partidos com discurso menos conservador; por outro lado, partidos como o PSC e PRB alardeiam abertamente a intenção de aumentar suas bancadas… Ora, um eventual crescimento de bancadas conservadoras em um Congresso já tão conservador se daria às custas de quem?

Em outras palavras, sucesso na reeleição de presidente não indica maior facilidade na governabilidade, ao contrário. O eleitorado brasileiro tradicionalmente deposita muitas expectativas nos cargos executivos, esquecendo-se de como a divisão constitucional de poderes se dá na prática, o que pode acabar levando a frustrações.

Finalmente, um outro foco de atenções deverá ser destinado às eleições estaduais. Certamente, como em 2010, o governismo será o grande vencedor. Mas sob quais de suas legendas? Em 2010 o PT elegeu 5 governadores, sendo 2 nos 10 mais populosos estados (BA e RS), fora o emblemático DF. Como será em 2014? É claro que é muito cedo para dizer, pois vários pré-candidatos ainda deverão ter seus nomes mais conhecidos. De qualquer modo, não pode deixar de ser observado que nas mais recentes pesquisas estaduais (realizadas no 4º trimestre/2013), somente um nome do PT aparece como favorito nos 10 maiores estados, no caso MG.

Não é raro que os eleitores misturem em suas cédulas partidos que são oposição e situação no plano federal. Os fenômenos “Lulécio” e “Dilmalckmin” como exemplos. Tanto é assim que os partidos que não participam da polarização aberta PSDB vs PMDB/PT se coligam com grande liberdade nas eleições estaduais, dando preferência ao mais provável vencedor em cada disputa (o comportamento do PSD nas eleições para prefeitos de capitais em 2012 é exemplar a respeito.)

Resumindo, poderemos ter em 2014:

– uma eleição para presidente semelhante à de 2010, disputada até o final, não obstante o evidente favoritismo do governo;

– um Congresso que pode ser menos dócil que o atual;

– espaços no âmbito estadual para manutenção da ‘velha oposição’ (ex.: PSDB em SP e PR); crescimento da ‘nova oposição’ (bancadas estaduais do PSB); alternância (PT em MG, DEM em BA) ou mesmo redivisão de espaços dentro do campo governista (ex.: PP em RS, PRB em RJ.)

Será, enfim, embora sem grandes surpresas, ainda um ano interessante.

Redação

24 Comentários

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    1. De fato é cedo para avaliar

      De fato é cedo para avaliar discursos.

      Agora, eu assinei as páginas de 5 pré-candidatos no facebook e Campos é o único que faz campanha regularmente por essa mídia e até que bem feita.

      De qualquer modo, o que individualmente aspiramos não é o ponto agora, mas se a candidatura dele terá ou não chances de ir para 2º turno. 

      Eu acho que terá. E, com apoio de parte da classe média, mídia e empresariado, poderá até obter uma votação melhor que aquele eterno nome.

      O que cabe por em perspectiva agora é isso, se o governismo não é tranquilo demais.

      E é como Brandes falou, acho, em qualquer circunstância Campos sairá bem. Se for 3º mais votado, vira fiel da balança e será cortejado. Se for para 2º turno, a participação do PSB não será rejeitada em um 2º mandato Dilma (como não foi no pós-2002)

  1. Boa análise

    Bem diferente dos palpites de torcedor que estamos acostumados a ver por aqui.

    Mas ainda acho que a presença de um nordestino, de família de tradição política, com alto índice de aprovação em seu estado ( o melhor do país ) e, principalmente, que andou de braços e abraços com Lula por 8 anos irá fazer um estrago tremendo na votação do nordeste que foi o que decidiu as eleições de 2010 em favor de Dilma.

    Poderemos até, quem sabe, ter o aprofundamento de campanhas regionalizada, com o candidato concentrando boa  energia da campanha presencial na região de seu eleitorado em detrimento de outras, que ficariam por conta do horário de TV. Visitar 3 vezes mais, numa campanha, Fortaleza, Recife ou Salvador, faz muita diferença.

    Se não puder levá-lo ao segundo turno, o nordeste poderá fazer de Campos o fiel da balança de uma disputa entre Dilma e Aécio.

  2. Só para a gente entender…

    Quem é o(a) seu(ua) candidato(a), Gunter?

    Aproveito para perguntar: qual é a novidade no discurso oposicionista do Eduardo Campos? A única coisa de novo que consigo ver nele são os olhos azuis (não me lembro de nenhum(a) candidato(a) a presidente(a) que tivesse os olhos azuis).

    Aliás, peintencio-me já, por ter dito que Eduardo Campos havia atravessado o Rubicão. Na verdade, ele tentou atravessar o Rubicão, mas conseguiu a proeza de se afogar nas águas rasas do riacho político.

    1. Por ora é Campos. Mas a

      Por ora é Campos. Mas a observar como será o discurso ao longo do ano.

      Não acho que tenha novidades além do discurso conciliatório (que +/- Marina explorou em 2010.)

      De qualquer modo, não sou dos que depositam muitas expectativas em ocupantes de executivo, acho mais interessante pensar no Congresso mesmo.

      1. Qualquer pessoa, com o mínimo

        Qualquer pessoa, com o mínimo de inteligência, sabe que você é o típico reacionário escondido atrás da suposta causa LGBT.

        Você apoiaria até o Hitler, bastava ele fazer qualquer declaração vaga  “a favor” dos “direitos” lgbt. 

        Mas eu sei que teu título de eleitor nem do Brasil é, teu título está lá em israel.

  3. Ótima análise.

    Não acredito que Eduardo Campos tenha chance real de vencer essa eleição. Parece-me que fará o papel da Marina em 2010, o de levar para o segundo turno. Nesse ponto, penso que haverá um “certo sincronismo” entre Campos e Aécio. Espero ainda algum tipo de golpe (rasteira), pra cima da Dilma. Pode ser manifestações contra a copa, ou algo desse tipo. Enfim, como diz um amigo tudo pode acontecer, inclusive nada.

  4. Uma “nova” espécie

    RAMPHASTOS TOCO CASOU-SE COM A COLUMBA LIVIA – Ano novo, velhos dilemas. Em que pese a distância relativa que separa o primeiro dia do novo ano e o quinto dia do mês de outubro (primeiro turno), é praticamente impossível fugir do tema das campanhas políticas. Há o impasse em relação a suposta candidatura de Joaquim Barbosa, que tem prazo até o dia 05 de abril para largar a toga e concorrer, se assim desejar (tomara que largue a toga e enfrente a urna!).

    Tirando este impasse, o cenário apresenta-se com Dilma Rousseff desfrutando de uma condição melhor (aprovação popular) que a de FHC no início do ano de 1998 e melhor que a de Lula no início de 2006. Ela comanda um país que desfruta de pleno emprego, inflação plenamente controlada e em trajetória descendente, continua trilhando e aperfeiçoando a senda iniciada por Lula com desenvoltura até surpreendente para alguém que sempre foi um quadro técnico e não público.

    A oposição, entre esquálida e perdida, continua sem apresentar um projeto alternativo ao que se desenvolve atualmente. Da parte do PSDB, Aécio Neves consegue a proeza de ser um pré-candidato insípido, incolor, inodoro, reativo, displicente e que parece ter especial predileção pelo suicídio político (é o maior defensor do “legado” de FHC, só falta convencer a população dos “benefícios” deste suposto legado…).

    Marina Silva viu seu personalista projeto de poder naufragar nos mares da incompetência e também da displicência. Pensou, do alto da sua pretensa sabedoria política, que o povo brasileiro iria se ajoelhar aos seus pés e ofertar centenas de milhares de assinaturas em apoio a Rede, em apenas seis meses e meio de empreitada. Foi um fiasco temperado pela arrogância de quem se vê como a pitonisa de um “novo tempo” na política verde-amarela.

    Sem a Rede, Marina resolveu agir de forma pragmática e fisiológica, deitando na rede “socialista” de um dos mais pragmáticos partidos políticos existentes hoje no país, que é o PS(D)B¹. O governador pernambucano, eleito na onda Lula que dominou todo o Nordeste em 2006, destronando e pulverizando o então PFL, Eduardo Campos, segue em sua tática de angariar apoios entre os principais inimigos políticos de Lula e do PT.

    A tática mal calculada do Calabar dos olhos verdes começou em 2012, nos pleitos municipais. Ele procura se “diferenciar” de Dilma apresentando-se como alguém mais ‘competente e preparado’ para as agruras da administração pública. É o mesmo estilo retórico vazio e pueril utilizado por José Serra em 2010, quando o mesmo iniciou a campanha se apresentando como alguém mais ‘Lulista’ que a própria candidata de Lula, Dilma Rousseff.

    O fato é que Eduardo Campos segue com extrema dificuldade para atravessar as fronteiras do estado natal de Luiz Inácio Lula da Silva. É por enquanto, e talvez permaneça assim até o final, uma candidatura tipicamente regional a do neto de Miguel Arraes.

    O que tem surpreendido os inocentes e os distraídos é a veloz aproximação e o flagrante contubérnio entre a pomba “socialista” e o tucano neoliberal. O PS(D)B já é base de apoio do PSDB em estados importantíssimos do Brasil como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Antes de ontem o PSDB anunciou que integrará a base de apoio do governo de Eduardo Campos em Pernambuco e estes partidos já articulam chapas conjuntas no Rio Grande do Sul, na Paraíba e em vários outros estados, além dos já citados.

    Ano passado o vice presidente do PS(D)B, Roberto Amaral, verbalizou que seu partido não seria o “viagra” do PSDB. Os fatos desmentem e desmontam a tese do ilustre vice presidente do PS(D)B. Resta saber o que o povo brasileiro irá achar do giro de 180º empreendido por Eduardo Campos…

    Como o PS(D)B explicará que ficou durante 11 anos na base de apoio de Lula e Dilma e que, de uma hora para outra, resolveu cerrar fileiras com os neoliberais do PSDB e com vários outros dos mais significativos inimigos políticos de Lula e do PT?

    E Marina? Foi tragada e almoçada pelo PS(D)B. Caiu da rede e seu pseudo discurso de “novas práticas políticas” está indelevelmente comprometido pelo fisiologismo e pelo pragmatismo alucinante de seus amigos “socialistas”.

    Por tudo isto é que Dilma Rousseff está bem postada para vencer em 2014 (na primeira ou na segunda volta). A oposição apresenta-se com desvarios e platitudes, devidamente acrescidos pela ausência de um projeto autêntico e popular, além de submeter-se à tutela vexaminosa dos ‘grandes’ meios de comunicação.

    ¹ PS(D)B é a resultante histórica deste ilustre casamento atual existente entre o Ramphastos Toco (tucano neoliberal) e a Columba Livia (pomba “socialista”).

  5. Quem usa o facebook?

    Em 2010 os políticos ainda mal usavam, mas este ano o quadro é outro.

    Um modo de acompanhar as propostas de cada pré-candidato é pelas páginas mantidas pelos partidos em nome deles. Recebe-se os posts e pronto.

    Só em observar a evolução de ‘curtidas’, no entanto, pode-se perceber quem apresenta maior ou menor dinamismo (ainda que a amostragem de facebook seja evidentemente viesada.)

    Veja-se como são diferentes os ritmos de ‘novas curtidas’ (indo de 2 mil/semana para Marina Silva a 90 mil/semana para Dilma Bolada – sim: aparece ‘Dilma Bolada’ no levantamento pela grande popularidade dessa página, muito maior que a página *séria*, o que mostra como humor em redes sociais também pode ser marketing político.)

    https://www.facebook.com/SiteDilmaRousseff/likes

     

    https://www.facebook.com/DilmaBolada/likes

    https://www.facebook.com/eduardocampos40/likes

    https://www.facebook.com/eduardocampos40/likes

    https://www.facebook.com/marinasilva.oficial/likes

  6. Crescimento do PT: maiores probabilidades

    Discordo desta análise. Acredito que o cenário pré-eleitoral nunca foi tão favorável ao PT. Observe:

    1) Nunca teve tanta chance de levar a eleição presidencial já no primeiro turno. 

    2) Nunca teve tanta chance de vencer nos 3 estados centrais: Minas, São Paulo e Rio.

    3) Nunca teve tanta chance de eleger a maior bancada de deputados federais, pelos seguintes motivos:

    – candidatos fortes a governador (mesmo quando não se elegem) puxam votos para deputado federal;

    – a prioridade que o partido está dando para a ampliação da bancada federal – deixando de ceder tudo aos aliados em troca da eleição presidencial, por isso o PMDB está tão preocupado;

    – a redução do desgaste do partido com o dito “mensalão”, quando comparado ao preço que vem sendo pago de 2006 para cá.

    Por tudo isso, acredito que o cenário mais provável é que o PT cresça mais um pouco, como fez em todas as eleições desde a sua fundação. 

    Mas uma surpresa que pode sim acontecer é o crescimento desta vez ser bem maior. Isto porque os partidarios e simpatizantes petistas superaram a perplexidade causada pelo dito “mensalão”, sairam das cordas e querem o contra ataque. Se tiverem sucesso poderá aparecer agora o crescimento potencial que ficou represado nas eleições posteriores a crise de 2005.

     

  7. Pequenos contrabandos.

    Prezados,

    Não há neste texto nenhuma novidade para quem acompanha o desenrolar de cenários e conjunturas eleitorais.

    Salvo alguns pequenos contrabandos e omissões, propositais ou não:

    01- Fator Lula: na análise, um dos maiores componentes e capital político do PT e do governo (Lula) não é citado. Eu não imagino que qualquer comentário eleitoral pode prescindir desta inclusão. Ainda que as dimensões da disputa estejam em outro patamar (tanto o fato de Dilma contar com reconhecimento que não tinha, como o fato de Marina estar em posição delicada, pendurada no partido alheio.), é fato que mais que votos (a Dilma já os teria em boa quantidade) Lula transfere apoio e credibilidade a sua candidata. Este patrimônio não se mede em números e pesquisas.

    Infelizmente para alguns, o câncer não cumpriu seu acordo.

    Não há na disputa atual, nenhum outro político capaz de manter uma interlocução direta e ampla com vastos setores populares como Lula. Isto é crucial quando se tem necessidade de extrapolar nichos e ganhar escala eleitoral.

    Alguém lembra de Garotinho? Pois é, chegou a terceiro colocado nas eleições (acho que de 2002?), e sem partido, mídia e pouco dinheiro (para os padrões tradicionais), teve 15 ou 17 milhões de votos (não me recordo ao certo).

    Era “A” novidade. E daí?

    02- O Senhor Gunter faz um raciocínio curioso: ele desconsidera que o crescimento do PT desde 1982 ajuda a empurrar o parlamento da direita para o centro, reconhecendo os limites de uma bancada que saiu de 2 deputados e está hoje com mais de 80(?), não sei ao certo.

    Algumas mudanças ocorreram, em ritmo menor que o desejado, mas o fato é que, já dissemos isto à exaustão, o Parlamento reflete o conservadorismo da sociedade, e o (re) alimenta como relação de causa-e-efeito, assim temos: Estatuto do Desarmamento, Lei Maria da Penha, aprovação dos royalties para educação e saúde, Estatuto da Igualdade, Código Florestal, etc.

    Mais do que o resultado normativo em si (que repito, não foram sempre até onde alguns esperam), estes debates trouxeram à tona as diversas faces da nossa sociedade, que travaram disputas que amadureceram a Democracia.

    03- Já em relação a possibilidade de manutenção do establishment conservador, hoje, esta possibilidade é dada pelo “novo” arranjo Eduardo Campos – Marina e um Aécio, este último que já acena em um grande acordão para evitar o desaparecimento do PSDB e DEMOS. Parte do DEMOS já embarcou no PSB(Heráclito e Bonhausen).

    É esta “novidade” apresentada pelo Senhor Gunter, mas que, de fato, é a grande boia da pior direita que existe no espectro nacional.

    04- Quanto a usar o feiceburro e outras ferramentas fetichistas para medir densidade política das campanhas, me desculpem, mas eu acho a mais pura tolice.

    A política, por mais que troçamos o nariz, se dá nas ruas, e infelizmente, hoje em dia, com caminhões de dinheiro e marqueteiros, gestos e trejeitos ensaiados.

    Neste contexto, quem está no governo sai sempre na frente. Se houver um minigolpe com a decisão do STF pelo financiamento público, aí então é só passar a régua na nova direita.

    Um breve adendo:

    Não sei como isto se dará juridicamente, porque declarar inconstitucionalidade não coloca outra no lugar, ou seja, não quer dizer que nova lei será votada, e se for, não poderá vigorar este ano, devido ao princípio da anualidade eleitoral

    É óbvio que o governante também paga o preço de ter que ajeitar suas alianças regionais, ficando refém de acertos instáveis, como imposições da base, conflitos internos, equilibra-se entre subordinar os projetos locais ao nacional, mas evitar o sufocamento de novas lideranças, o que lhe rouba fôlego para encerrar a fatura no primeiro turno, como raramente aconteceu (Nem com Lula, só FHC em 1998, mas com ingredientes que nem é bom lembrar).

    Enquanto isto a oposição respira dia e noite a próxima eleição, assim como o governo, mas sem a responsabilidade pelos resultados do que faz ou diz.

    Paciência. É o jogo.

    05- Enfim, o texto diz que há um esgotamento da polarização PT x PSDB. Ora, meus caros, o esgotamento se dá porque o PSDB periga ficar devendo votos nesta próxima eleição, junto com o DEMOS. Mas o que move esta disputa está aí, vivíssima (luta de classes) em editoriais do PIG, que faz as vezes de partido estepe.

    O que o Senhor Gunter não diz, é que o cetro do discurso proferido pelos tucanos & Cia passou ao PSB e a Marina, que, é bem verdade, ainda não acertaram o tom, principalmente porque fica muito difícil bater em um governo que lhes deu substância política que apresentam hoje.

    Eu não duvido que a oposição tenha mais flancos que o governo.

     

    Cordialmente.

  8. Mudança para melhor ou modismo suicida?

    Existe em alguns cidadãos esclarecidos uma estranha ansiosidade por mudança política. Cabe perguntar existe no outro lado alguém confiável para conduzir os destinos da República melhor do que, apesar de alguns pesares, os atuais ocupantes.

    Para nós que finalmente vimos um governo que incluiu na cidadania milhões de brasileiros que estavam excluidos, que temos indicadores econômicos altamente auspiciosos ficamos ressabiados com tanta vontade de mudança que pretende trazer velhos políticos, perfeitamente conhecidos por suas práticas pouco apreciadas, travestidos de novos!

    Novos?!? Inocência tem limite, cara pálida…

  9. Olha o novo aí, gente!!!!!

    Aliança Campos-Aécio não é só em Pernambuco, é Brasil afora. Marina foi jantada no Fasano

    Por Fernando Brito, no Tijolaço.

    Não é uma aliança de governo, como seria até compreensível pela eventual necessidade de formar maiorias parlamentares, sem as quais administrar é complicadíssimo.

    A entrada do PSDB no Governo Eduardo Campos  em Pernambuco tem outra nítida natureza.

    É uma aliança eleitoral, preparatória da esperança da oposição de haver um segundo turno.

    Ela vai se repetir em São Paulo, Minas, Paraná e outros estados.

    Os “marineiros” vão ficar sem espaço, sem candidatos e sem televisão.

    A “nova política” vai ficar debaixo dos velhos acordos.

    Foi servida, com porcelana inglesa e guardanapos de linho, num jantar no Fasano.

    Marina Silva pode até dizer que não apoia as alianças tucano-campistas.

    Mas como se descolar dos pactos conservadores?

    Vai convocar as ruas para apoiar Alckmin, Richa, Anastasia?

    Ou fingir que não tem nada com isso?

    O muro, agora, foi pintado de verde.

  10. Há exatos 4 anos ( 01/01/10 )

    Há exatos 4 anos ( 01/01/10 ) o favorito era José Serra, em pesquisas de opinião e de opinião ‘pigática’. A Dilma era desconhecida do grande público. Mas contava com a força do PT na largada e de Lula na chegada.

    A Marina contou com a campanha serrista comandada pelo guru indiano espalhando boatos na internet, e agora o pontencial de transferência de votos para Eduardo seja proporcional a perda de apoio gerado pela união dos dois, a carolice explícita da Marina,  o secretário Damásio e mais os socialistas Bornhausen e Heráclito, tendem afugentar o voto progressista.

    Quanto ao PT, o Gunter pegou pesado. ” o PT pode reduzir sua bancada”, “só um nome do PT é favorito nos 10 maiores estados”.  É provável que o PT aumente muito a bancada, o fato do PT  enfrentar a oposição política, e sozinho encarar a fúria da máfia-midiática e setores retrógrados do judiciário tende a trazer mais apoio e votos ao partido. Já ouvi muita gente dizer que a partir de agora votará PT de ponta a ponta.

    E o PT não é favorito só em MInas, o Tarso tem enorme chance de se reeleger no RS, Padilha e Lindenberg são nomes fortes em SP e Rio. E na Bahia vamos disputar as eleições sem medo . Somando-se ao PR, CE e PE notamos que o PT é competitivo nos 8 maiores estados. Ganhará todos? Improvável. Mas mostra que está décadas à frente dos demais partidos políticos. 

  11. Eleição ou plebiscito ?

    O que o nosso sábio e articulado analista Gunter coloca, está a kms. de distancia da realidade constatada nas ruas, aonde qualquer pesquisador, que não seguir a cartilha encomendada pelo instituto contratante do mesmo, que o povo não vota mais em partidos, nem em nomes, por mais famosos e/ou confiáveis, que estes pareçam-lhes. Hoje a intenção de voto(e o voto na urna) é comandada pela mudança ou não, na sua qualidade de vida, e na sua confiança nas instituições governantes(Poderes Executivos federais e Estaduais) e daí, o voto é pela continuidade ou não deste atual status quo, ou a aposta numa aventura.

    Vai ser assim. 

  12. Gunther fez uma analise bem

    Gunther fez uma analise bem centrada, nitida, os outros torceram pela sua candidata, Gunther pode ganhar a vida como

    analista politico, os demais podem trabalhar na campanha do PT, nem precisam de treinamento.

  13. Se houver 2ª turno ela pode perder …

    Mas tomemos como ponto de partida os 56% de votos válidos que Dilma recebeu no 2º turno de 2010. Naquele ano o cenário geral era parecido e francamente governista também. Como ponto positivo extra, agora, temos o conhecimento do nome da presidenta e inéditos 50% de tempo de TV.

    O Serra fez um péssima campanha. Moro no RJ, e não conheço ninguém (0%), de qualquer classe social, que tenha votado nele, seja no primeiro, seja no segundo turno. O cenário agora é muito diferente. Não há (pelo menos no RJ) rejeição claríssima aos nomes da oposição. Aliás diversos eleitores dela não repetirão o voto. Discordo de você quando diz que ela era desconhecida e isso era desvantagem. Ela era a candidata de um projeto de continuidade de um governo altamente bem sucedido, apresentada como uma gerentona. Mesmo assim, um péssimo candidato, tremendamente desgastado, com uma campanha horrível (bolinha de papel, aliado do Malafaia etc) levou 44% dos votos válidos no segundo turno.

    Ainda acho que ela pode ganhar no primeiro turno. Mas se tiver segundo turno, o jogo vai ser duríssimo, podem ter certeza, acho até que perde. Esse modelo dá sinais claros de desgaste. A inflação só não estourou a meta porque todos os preços administrados estão presos. O crescimento médio do PIB só não é inferior ao do governo Color. Quanto ao aspecto de gerentona, sinceramente, quem realmente acredita que esse governo sabe gerenciar alguma coisa? Lemos hoje um comentário sobre contabilidade criativa que chega a ser cômico. Qualquer dono de padaria sabe que as palavras “contabilidade” e “criativa” jamais podem estar juntas. O nome disso é fraude ou incompetência. O pior é que não engana ninguém, todos já viram que nossa situação externa é péssima, e ela só está queimando as reservas acumuladas no período Lula.

  14. A probabilidade é uma dama volúvel.

    As maiores probabilidades para as eleições de 2014 são duas:

    1  Dilma vence no primeiro turno.

    2  Dilma vence no segundo turno.

    Uma terceira probabilidade dependera da eficácia da atuação terroris… perdão, da atuação logística das forças golpist…. perdão, das forças oposicionistas. Por enquanto está três a zero.

     

  15. Acho que tem tudo para se repetir os números da última eleição..

    Será que Dilma perderá votos no nordeste para o Eduardo Campos? O nordeste cresceu a médias maiores que o resto do país nos últimos anos, o salário mínimo de R$724,00, o maior em poder de compra dos últimos anos, tem forte impacto no nordeste, o programa Mais Médicos, aliado ao Minha Casa Minha Vida favoreceu muito a população mais carente, o maior reduto de votos do PT no nordeste. Em Pernambuco Campos será muito bem votado, mas não creio que o seja nos demais estados do nordeste.

    Quanto ao resto do país acredito que os votos Dilma e anti-PT se manterão bem próximos do que aconteceu na última eleição. Não vejo pessoas que votaram em Dilma falarem que se arrependeram e vão mudar seu voto e o inverso também é verdadeiro.

    O comportamento da economia neste ano de 2014 poderá influir um pouco nos votos a favor ou contra Dilma.

    Acho que tem tudo para se repetir os números da última eleição, com provável segundo turno.

  16. Mais do mesmo…

    Gunter, como vc pode afirmar que Dudu Fields pode representar o novo?  Vc corre o risco de comprometer seu prestígio fazendo essa avaliação acerca do que realmente é e o que representa Dudu Fields.

    Veja só: ele aceita aliar- se àqueles que deveria conhecer e bem, que são incapazes de pensar o Brasil. Ficam perseguindo o próprio rabo, incapazes de produzir idéias, de pensar Brasil e sua gente.

    São perdedores e de véspera que apenas sabem destilar ódio e raiva e não têm tempo nem interesse em fazer a coisa certa.

    Veja só, no exato momento em que fala de humildade, Dudu se junta aos que não se importam em pregar abertamente políticas de terra devastada. Gente que ele combateu quando achavamos que ele estava aprendendo o bom combate.

    Agora, ele se parece mais com a idéia de ex-fumante: vai tornar-se insuportável, como Blablarina Silva.

    Tudo que podia ter sido e que não foi. Uma pena mesmo.

    1. Campos já é um novo discurso oposicionista,

      tanto que incomoda um bocado.

      E ninguém está dizendo que ele ganhará a eleição de presidente, mas que pode ter resultados tão bons ou melhores que Serra.

      E que com isso sairá bem. Nenhum presidente abrirá mão de convidá-lo a formar parte do governo.

      Aí todos os que o estão criticando agora ficarão mudando seus discursos para se adaptar a isso? Omessa…

      E PSDB e PSB têm 14 governadores hoje, por que não dar relevância a esa circunstância também?

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