“Fascismo cresce”, diz Tarso Genro após evento em Universidade ser censurado

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Foto: EBC
 
Jornal GGN – O ex-governador Tarso Genro publicou uma mensagem no Twitter afirmando que o “fascimo cresce”, após um evento suprapartidário e “contra o fascismo e em defesa da democracia” ter sido proibido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
 
O juiz Rômulo Pizzolatti acolheu ação movida por deputados do PP e do Novo e entendeu que o evento, em verdade, seria “político-eleitoral, a seja favor do candidato Fernando Haddad, seja contra o candidato Jari Bolsonaro.”
 
“Dei aulas, proferi conferências em Universidades da França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Alemanha, Argentina e aqui, mesmo na ditadura. Respeitei sempre os protocolos legais dessas casas de ensino. Hoje, censurado para falar na UFRGS, no RS que governei. Fascismo cresce”, escreveu Genro.
 
Segundo o portal Sul21, o magistrado anotou que o encontro não poderia ocorrer apenas das dependências da UFRGS. “Na página do evento no Facebook, surgiram sugestões de outros lugares para a mobilização após a decisão do TRE, como o Viaduto do Brooklyn ou o Largo Zumbi dos Palmares.”
 
Leia, abaixo, a nota dos membros da UFRGS:
 
NOTA PÚBLICA DAS PROFESSORAS E PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UFRGS
 
Nós, professoras e professores do Departamento de História da UFRGS, apresentamos nossa posição quanto ao quadro político atual e às eleições para presidência da República e manifestamos expresso repúdio à candidatura de Jair Bolsonaro. Nossa formação e nossa atividade profissional nos colocam cotidianamente em contato com acontecimentos e processos históricos que têm aparecido nas disputas políticas (como é o caso do fascismo, dos direitos humanos, do anticomunismo, da ditadura, da escravidão, da conquista de direitos por diferentes grupos, da legislação trabalhista brasileira).
 
Em nossas tarefas cotidianas de pesquisa, orientação, ensino e extensão e na convivência com estudantes, com colegas da universidade (docentes, servidoras/es técnico-administrativas/os e terceirizadas/os) e com a comunidade de historiadoras e historiadores, temos contribuído para a elucidação de processos como os acima mencionados e nos sentimos na obrigação de repudiar as manifestações negacionistas, preconceituosas, anti-intelectuais e violentas que têm marcado a campanha do mencionado candidato e endossadas por parte do eleitorado que o apoia. Entre tais manifestações estão a defesa da ditadura e do uso da tortura, as posturas machistas e racistas, a intolerância em relação à diversidade sexual, o despropositado do discurso anticomunista, o desprezo pelo conhecimento como valor, as ameaças à liberdade de ensinar, a desvalorização dos direitos trabalhistas e, ainda, a conivência com atos violentos que têm atingido cidadãs e cidadãos que se opõem ao projeto representado por Bolsonaro ou a omissão frente os mesmos. Por fim, repudiamos propostas de revisão da história brasileira visando a imposição de uma interpretação do passado que dignifique ou relativize o nosso passado ditatorial. Frente a esse quadro, defendemos:
 
– a democracia como valor;
– a educação como espaço de liberdade e diversidade, de partilha de conhecimentos e transformação social;
– os direitos humanos e, em particular, os direitos mais recentemente reconhecidos das mulheres, da livre orientação sexual e de gênero, dos negros, quilombolas e indígenas;
– os direitos trabalhistas e as políticas sociais que permitiram a diminuição da desigualdade social;
– o debate político respeitoso e a garantia do direito de livre manifestação sem ameaças, repressão e violência;
– a universidade como espaço autônomo de produção de conhecimento e formação profissional e a autonomia didática e de pesquisa dos profissionais da área de História em seus diversos campos, particularmente da História do Brasil.
 
Registramos, finalmente, nosso apoio à candidatura de Fernando Haddad e Manuela D´Ávila, por vermos na mesma o comprometimento com os valores que defendemos.
 
Porto Alegre, 23 de outubro de 2018.
 
 
Adolar Koch
Adriana Schmidt Dias
Anderson Zalewski Vargas
Alessander Mário Kerber
Arthur Lima de Ávila
Benito Bisso Schmidt
Carla Brandalise
Carla Simone Rodeghero
Caroline Silveira Bauer
Céli Regina Jardim Pinto
Cesar Augusto Barcellos Guazzelli
Clarice Gontarski Speranza
Cláudia Mauch
Cláudia Wasserman
Cybele Crossetti de Almeida
Eduardo Neumann
Enrique Serra Padrós
Francisco Marshall
Fábio Kunh
Fernando Felizardo Nicolazzi
Helen Osório
Igor Salomão Teixeira
José Rivair Macedo
Jurandir Malerba
Luiz Alberto Grijó
Luiz Dario Teixeira Ribeiro
Mara Cristina de Matos Rodrigues
Mathias SeibelLuce
Natalia PietraMendez
Regina Célia Lima Xavier
Regina Weber
Sílvia Regina Ferraz Petersen
Temístocles Américo Correa Cezar
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. JUSTIÇA ELEITORAL CORRUPTA E FRAUDADORA

    Hoje aconteceu fato semelhante na Faculdade de Direito do RJ. Está mais do que claro que a justiça eleitoral está participando ativamente da FRAUDE ELEITORAL EM CURSO.

  2. RS sem Justiça

    Não entendo o porquê do Tarso Genro não usar uma plataforma digital como youtube para fazer esta palestra.

    É só pegar a lista dos estudantes interessados.

    Quando a Esquerda vai aprender e se modernizar?

  3. A guarda judicial das elites
    O judiciário está defendendo seu curral corporativo.
    Uma sociedade igualitária e diversa ameaça o poder de casta do judiciário, a última das capitanias hereditárias ainda mantida longe do alcance da/o cidadã/o comum. É autoritário e retrógrado por natureza de sua composição, em todos os países a última barreira das elites econômicas para preservar as relações de desigualdade.
    Deve existir um censo sócio-econômico e genealógico do judiciário, em especial dos juízes. Precisamos conhecer e divulgar. E exigir a sua democratização e controle social transparente.

    Sampa/SP, 25/10/2018 – 00:11 (alterado às 00:14).

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador