“Foi uma campanha eletrizante”, diz Cláudio Couto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O cientista social e político Cláudio Couto, em entrevista ao vivo cedida a Luis Nassif, antes dos resultados das eleições presidenciais, previa o cenário que Dilma enfrenta agora: “com um grau de imprevisibilidade, de incerteza muito grande”. Não estava claro quem a presidente e candidata à reeleição pelo PT enfrentaria no segundo turno. Aécio Neves (PSDB) alcançou uma distância de mais de 10 pontos percentuais de Marina Silva (PSB): 33,70% e 21,29%, respectivamente. 
 
“Foi uma campanha eletrizante. Desde 1989, nós não temos na eleição presidencial com uma disputa tão diferente, tão difícil, tão acirrada como essa que vimos agora. Inclusive, com um grau de imprevisibilidade, de incerteza muito grande. Uma série de variações, candidato que sobe, candidato que desce. Em 1989 teve isso, era de se esperar que essa eleição fosse realmente muito disputada, como que ela foi de alguma forma, o que não dava para prever é que ela seria tão oscilante. De que teríamos tantas idas e vindas, tantas reviravoltas como acabaram, de fato, se verificando”, disse Couto, também professor da FGV e colunista do Valor Econômico.
 
Ainda que não soubesse que esse seria o resultado final, Cláudio Couto forneceu argumentos que sustentam a queda de Marina pelo eleitorado brasileiro. Sem fazer parte do domínio do conhecimento da população, o Banco Central, ainda assim, foi tema decisivo. 
 
“Quem trabalha com pesquisas qualitativas tem relatado que a grande parte do eleitorado não entende muito bem essa discussão de Banco Central independente. Isso é um tema muito abstrato, mas diria que acabou virando uma “casca de banana”, na qual a Marina Silva escorregou nessa campanha. Porque mais importante do que dizer se o Banco Central independente é útil ou inútil para a sociedade brasileira, é saber se, afinal de contas, ela tem certeza do que quer fazer em relação a isso. E na campanha ela acabou transmitindo uma certa imagem de vacilação, de dúvidas a esse respeito”, explicou. 
 
Outra dúvida que Marina jogou sobre o eleitorado, e que possivelmente piorou o efeito “insegurança” em seu projeto de governo, de acordo com o cientista político, foi a proposta do 13º Bolsa Família. “É uma coisa que durante todo o tempo anterior da campanha, seja do Eduardo Campos, seja de Marina Silva, jamais havia sido mencionado. Quando você chega faltando três, quatro dias para a eleição e diz que vai fazer isso, acaba transmitindo uma imagem de certo oportunismo”. 
 
Sob as dúvidas que a campanha de Aécio e de Dilma terão que enfrentar no segundo turno, sobre de onde sairiam os votos para decidir a disputa presidencial, Cláudio Couto explicou que, entre aqueles “de direita” ou “de esquerda”, convivem junto os eleitores que são a favor do PT e os que são contra o partido. “Eu diria que nós temos, sim, um eleitorado anti-petista e pró-petista, em que há uma certa sobreposição com um eixo esquerda e direita”, afirmou Cláudio Couto. 
 
Ouça a entrevista completa:
 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Eletrizante em termos.
    O PSDB

    Eletrizante em termos.

    O PSDB continua com os 30% eleitores declarados  +3 % antipetista.

    A Dilma 30% eleitores declarados + 10% indeciso.

    Quem irá decidir as eleições será os eleitores de Marina.

    A Dilma só precisa de 10% desse eleitores.

  2. com 99 por cento da apuração

    com 99 por cento da apuração concluída, segundo o g1,

    dilmat em 41m49 por cento – 43.241.206.

    aécio: 33,55 por cento –         34.889.473

    diferença de mais de oito milhões de votos para dilma.

    por isso, concordoom o gilson.

    se  dilma conseguir 10 a 15

    por cento dos quase

    22 milhões de votos de marina,

    vence no segundo turno.;

     

  3. Todas as eleições tem suas particularidades

    Mas no geral temos novamente uma disputa PT e PSDB. com o PT tendo que busca no segundo  cerca de 35% dos votos que foram dos demais candidatos no primeiro turno, difícil mas impossível.

    No mais não teremos nenhuma novidade, uma eleição em segundo turno muito difícil para o PT, que vai enfrentar novamente um candidato do PSDB apoiado pela maior parte da grande mídia.

    Do ponto de vista eleitoral Marina Silva seria uma candidata mais difícil de ser vencida no segundo turno, apesar da estrutura partidária do PSDB.

    Aécio Neves é candidato que mais resgata as heranças de FHC ao se comparar com a candidatura de Geraldo Alckmin em 2006, e de José Serra em 2010.

    Basta lembrar que Aécio Neves já anunciou Armínio Fraga como Ministro de Fazenda em caso de vencer as eleições, este pode ser considerado o maior erro de Aécio Neves na atual disputa eleitoral.

    Além disso precisamos considerar que em caso de vitória de Aécio Neves, José Serra e Geraldo  Alckmin estarão fora da disputa presidencial em 2018, o que não é pouca coisa no ambiente de disputa interna do PSDB.

    Basta lembrar as atitudes de Aécio Neves em 2010.

  4. Compare o desempenho de 2014 com 2010

    Dilma vence em 15 estados, Aécio em 9 e no DF, e Marina, em 2; veja mapa

    G1—Domingo, 05/10/2014, às 22:44,por Rosanne D’Agostino

    Com 99% das urnas apuradas, Dilma Rousseff (PT) venceu em 15 estados, Aécio Neves (PSDB) em nove e no Distrito Federal, e Marina Silva (PSB), em dois. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dilma e Aécio disputarão o segundo turno da corrida presidencial. Veja no mapa a seguir o desempenho dos candidato em comparação com 2010 e acesse aqui o mapa com os dados da apuração.

    arte presidente mapa

    URL:

    http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/blog/eleicao-em-numeros/post/

  5. Sem dúvida, no segundo turno

    Sem dúvida, no segundo turno será  PT avaliado, e não os candidatos. Quem é contra ou a favor do PT cravará seu voto na na urna, e pronto. em razão disso pode-se afirmar que a campanha daqui pra frente será mil vezes mais agressiva, sobrando pra Dilma o enfrentamento de muitos detalhes que virão por aí, como os factoides de sempre, CPMI da Petrobrás, mensalão petista mais destacado que nunca, dessa feita sem que Aécio tenha piedade de quem já está pra lá de sacrificado. Os discursos serão outros por part de Aécio, e Dilma terá que se reinventar. No momento, sinto pena dela, que já demonstra cansaço, porque não é fácil para uma jovem que ultrapassa seus 65 enfrentar um play-boi sarado, acobertado por grandes figurões do Brasil, e por uma mídia tucana, tão afeita a acarinhar as penas dos bichinhos. Dilma contará com Lula, em primeiro lugar, e tem que está de olho nos votos ganhos dos nordestinos e nortistas, porque o abutre, que se lixa para os pobres, sabe que também carece deles em algum momento da vida.

  6. Dilma pode derrotar Aécio

    Dilma pode derrotar Aécio vindo de Minas!

    Obs. Muitos  usuários do SUS-AMA  etc..sofreram verdadeira

    lavagem cerebral de médicos e atendentes. A bronca com 

    o “mais médicos” se mantem, o ressentimentos  idem.

  7. SEGUNDO TURNO
     
    Preocupado

    SEGUNDO TURNO

     

    Preocupado com a derrota da seleção canarinho na Copa do Mundo durante o governo Dilma Rousseff, o cãodidato a presidente do PSDB prometerá programa “É-bola no Brasil”?

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