Haddad escancara polêmicas: ao contrário de Bolsonaro, com a gente, equipe do Temer sai

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Com base em comparações diretas, campanha eleitoral de Haddad expõe fragilidades de Bolsonaro
 

Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – Com o intuito de provar a extremidade do projeto de governo de Jair Bolsonaro (PSL), a última estratégia adotada pela campanha de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial vem sendo escancarar as diferenças de propostas em contrapontos. 
 
Nesta segunda-feira (15), usando como ponte a data que é comemorada o dia do professor no país, Haddad aplicou a tática aos projetos para a área de educação.
 
Expos que enquanto seu adversário defende o ensino à distância no ensino fundamental como forma de baratear o Orçamento e que quer acabar com o Ministério da Educação, o presidenciável do PT quer aumentar a permanência do jovem para 7 horas na escola e aumentar para 10% do PIB o investimento em educação.
 
O tema foi reforçado durante o dia em outras declarações e entrevistas concedidas.
 
“Já comparou hoje?” é a mensagem junto ao vídeo divulgado nas redes sociais
 
Nesta terça (16), o candidato à Presidência da República usou como temática a contradição da campanha de Bolsonaro que se apresenta com a bandeira do “novo”, mas que o economista do PSL, Paulo Guedes, admitiu que deve manter membros da equipe econômica do atual governo impopular de Michel Temer.
 
A declaração de Guedes, que foi escolhido por Bolsonaro, caso eleito, para assumir o Ministério da Fazenda, foi na contramão do que vem sendo defendido pelo próprio presidenciável, que se diz contra o “velho” da política.
 
Ao blog de Andreia Sadi, Paulo Guedes disse que poderá manter integrantes da pasta de economia do atual governo do MDB, escolhidos por Temer, em uma possível transição ao governo de Bolsonaro, caso eleito. “Alguns são muito bons”, disse, sobre a equipe do impopular governo de Michel Temer.
 
Mas a declaração de Guedes não teve tanta repercussão na imprensa quanto a crítica de poucos segundos de Cid Gomes criticando o Partido dos Trabalhadores.
 
“Coletiva de Haddad, o candidato que debate”, escreve em outro vídeo sobre a ausência de Bolsonaro em debates
 
E como as declarações que envolvem o PT e Haddad assumem mais espaços nas manchetes dos jornais do que as de Bolsonaro, o que a campanha de Haddad busca fazer é escancarar as polêmicas e as tomadas de decisão do candidato da extrema direita.
 
Dessa forma, neste caso específico, Haddad afirmou nesta terça (16) que, se for eleito, não vai manter no governo nenhum integrante da equipe econômica de Michel Temer. 
 
“Em primeiro lugar, nós tomamos uma decisão importante, que é o seguinte: ao contrário do Bolsonaro, nós decidimos não manter ninguém da equipe econômica do Temer no nosso governo”, foi a declaração inicial de Haddad, na coletiva à imprensa em um hotel de São Paulo.
 
“A partir do dia 1º de janeiro, a equipe do Temer sai e entra uma nova equipe. Bolsonaro disse que vai manter. Nós não vamos manter ninguém do alto escalão da equipe econômica do Temer”, ressaltou Haddad.
 
Questionado, então, quem ele escolheria para formar a equipe econômica, o presidenciável respondeu que está fazendo essa sondagem de pessoas que respeita “independentemente de partido político”. 
 
“Convite, eu ainda não fiz nenhum, eu estou fazendo sondagens, estou conversando com pessoas de alta respeitabilidade. Quero fazer um governo mais amplo possível, o Brasil precisa disso”, afirmou, acrescentando que pretende “montar a melhor equipe que o país já teve”.
 
Leia também: Últimas cartadas: Haddad alinha campanha e abre para mais alianças
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Estratégia inteligente e pesquisa do Ibope

    Penso que a estratégia mostra inteligência. Se vai funcionar ou não, só saberemos mais perto da data fatídica. Recomendo prestarem atenção na pesquisa do Ibope (deixemos esta polêmica evocada pelo inoportuno discurso de Cid Gomes para depois do segundo turno do pleito…..): a maioria corretamente identifica Haddad como candidato dos mais pobres, mas quanto às mulheres incrivelmente há divisão. E pior ainda: o instituto aponta equilíbrio no que se refere à compreensão da candidatura que seria melhor para o meio ambiente! Tem que ser explicado, de forma didática, o quanto o Ibama e os ativistas ecologistas podem sofrer em um governo de extrema direita! O campo progressista dispõe de tempo para a virada? Provavelmente, não, mas há que tentar!

    Outra coisa: o Haddad – na hipótese do adversário ainda aceitar debater – precisa arrasá-lo no(s) confronto(s). Não quanto ao que já se sabe dele (isso vai aparecer também, porém é menos importante), mas escancarando a diferença de preparo intelectual, se comunicando do modo mais franco, apelando diretamente a quem ainda não se deu conta do salto na escuridão que o país está prestes a dar. No mínimo, este fator poderá provocar um equilíbrio maior nas urnas.

     

     

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