“Não é adequado ficar em cima do muro”, diz Eduardo Jorge sobre apoio a Aécio

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ex-presidenciável do PV Eduardo Jorge usou as redes sociais na tarde desta quinta-feira (9) para justificar a adesão à campanha de Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da eleição.

Segundo o verde, foi uma decisão difícil, “porém do ponto de vista democrático, ficar em cima do muro não é adequado. Prefiro arriscar uma posição do que me esconder”, comentou ele.

Eduardo Jorge afirmou ainda que respeita as posições divergentes, “mas insisto, como o tempo todo na campanha, que não se julgue pelas manchetes, pelos slogans.” Ele indicou aos seguidores a leitura do documento do PV que explica porque o apoio à presidente Dilma foi descartado.

O GGN reproduz abaixo, na íntegra:

O PV É UM PARTIDO AMBIENTALISTA E INDEPENDENTE

1 – O PV é um partido democrático e antitotalitário que quer construir um Brasil melhor. A posição de neutralidade, no caso de um partido político como o nosso, não é aceitável. No segundo turno, que vai decidir os rumos do Brasil nos próximos anos, não podemos nos omitir.

Seria um egoísmo partidário. Uma posição até cômoda que preservaria o PV para futuros embates, porém não construtiva. Nós moramos no Brasil. Nossos filhos e netos vivem no Brasil. O que acontecerá aqui nos próximos anos também é de nossa responsabilidade.

Os dois partidos em disputa governam o Brasil há 20 anos. Possuem méritos que temos a tranquilidade de reconhecer, como também limitações e erros graves que apontamos nos últimos meses.

2 – Comparação dos finalistas com as ideias do PV

Os dois candidatos são da mesma família de partidos. Partidos do campo dito socialista. Um, social-democrata e outro marxista. Ambos com temperos liberais e neoliberais… Difícil classificá-los como mais direita ou mais esquerda, mesmo para aqueles que continuam vendo o mundo por essa classificação da Revolução Francesa.

Vamos olhar alguns temas que são importantes para nós do Partido Verde, um partido ambientalista.

2.1 – Mais democracia

Nós queremos parlamentarismo/ voto distrital misto/ voto facultativo/ suspensão de financiamento de campanha por empresas. Política para servir e não política como negócio. Mais democracia representativa e interação com a democracia participativa e direta.

O único ponto de contato que achamos no programa dos finalistas é a citação de Aécio do voto distrital misto.

2.2 – Descentralização e serviço público profissionalizado

Redivisão de recursos públicos para reequilibrar a federação em favor dos municípios. Corte severo do número de cargos de confiança. Corte de ministérios, de 39 para 14 (incluindo nos 14, um ministério para o Nordeste e outro para a Amazônia). Fim do loteamento político das estatais.

Sobre isso há poucas menções no programa Aécio. O governo Dilma radicalizou perigosamente o aparelhamento partidário e clientelista do estado e das empresas estatais, com graves consequências para o futuro da democracia no Brasil.

2.3 Desenvolvimento sustentável

Inclui economia verde / inclusão social / equilíbrio ambiental.

Queremos diminuir de forma sustentável a distância entre a riqueza e a pobreza no país. Investimentos para universalização da educação e saúde, recuperação do salário mínimo, jornada de 40 horas já, políticas focadas como Bolsa Família e cotas com estímulos para sua superação ao longo do tempo. Investimento em promoção da saúde e Programa Saúde da Família (PSF). Carreira nacional de base municipal para professores e profissionais de saúde do PSF. Previdência justa, equilibrada e igualitária.

Essas teses são compatíveis com um futuro governo Dilma ou Aécio.

Já no caso da economia verde e equilíbrio ambiental, queremos uma centralidade no combate às mudanças climáticas e preservação da biodiversidade. Precificação de carbono; redução progressiva dos combustíveis fósseis na nossa matriz energética; substituição do diesel e da gasolina por combustíveis limpos para purificar o ar das cidades. Além disso, eficiência energética; uma Petrobrás renovável; apoio ao etanol; investimentos em energia limpa, principalmente solar (solarização de um milhão de residências em quatro anos). Organizar comitês de bacias em todos os nossos rios e a partir delas fazer o planejamento urbano, rural e de saneamento básico. Desmatamento zero e recuperação de áreas degradas em todos os biomas. Reforma agrária com instalação dos cinturões verdes com agricultura familiar e orgânica em volta de cada cidade, para produção de alimentação saudável livre de agrotóxicos.

Reorientar a agroindústria e a indústria de alimentos para produção de alimentos mais saudáveis com a diminuição de gordura, aditivos, sal, açúcar e carne. Reorientar o agronegócio para um padrão sustentável de produção.

Habitação sustentável para todas as classes sociais. Conceito de cidade compacta e respeito às áreas de proteção permanentes (APPs) nos centros urbanos. Arborização e parques naturais lineares e urbanos. Prioridade máxima para o saneamento, inclusive para o cumprimento da lei dos resíduos sólidos. Lançar o desafio de Lixo Zero para indústrias e cidades.

Nesses assuntos de economia verde e equilíbrio ambiental, a colheita é relativamente escassa no campo dos dois candidatos. No entanto, o balanço é muito desfavorável a Dilma. Seu partido é pró-combustível fóssil e refém da indústria do petróleo e das multinacionais montadoras de veículos privados.

3 – Cultura de paz

Direitos humanos, direitos sociais, equidade.

Respeito e resgate de direitos para os indígenas brasileiros, superação de qualquer tipo de discriminação religiosa, racial, cultural, de idade ou de gênero. Inclusão das pessoas com deficiência.

Total respeito e direitos plenos para os que querem ver respeitados sua livre orientação sexual.

Revogação da lei que sacrifica às mulheres brasileiras que por algum motivo interrompem voluntariamente uma gestação.

Retomada da discussão do desarmamento de civis; redução de gastos militares; abolição do serviço militar obrigatório.

Uma nova administração penitenciária. Foco no sistema de alternativas penais na criação de uma estrutura poderosa para os regimes abertos e semi-abertos. Aplicação da lei das cautelares aos casos de prisão provisória visando retomar o controle das penitenciárias, humanizá-las e reduzir os índices de reincidência. Manter a maioridade penal em 18 anos como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Enfrentar a economia do crime com uma nova e inteligente política para reduzir os danos das drogas psicoativas, ditas ilegais. Legalização, regulação e orientação dos usuários pelo sistema de saúde.

Prevenção da violência no trânsito com apoio aos pedestres, IPI zero para estimular o uso de bicicletas nas cidades.

Bem-estar animal como uma nova política de convivência não antropocêntrica entre humanos e todos os outros seres vivos silvestres, de estimação, de trabalho, ou os que são criados em fazendas.

Estas pautas evidentemente são deficitárias ou ausentes, tanto no campo da Dilma quanto do Aécio.

Fique claro que são pautas das quais o PV não abrirá mão de lutar com denodo nos próximos anos, aconteça o que acontecer neste segundo turno.

4 – Este breve balanço mostra que Aécio e Dilma são igualmente deficitários e devedores nas políticas que o PV agrupa no capítulo Cultura de Paz.

Mostra que na questão da inclusão social são semelhantes e compatíveis com nossas ideias.

Mostra que na questão da economia verde/equilíbrio ambiental o pêndulo se inclina para o Aécio pela evidente aversão do PT por essa pauta.

Finalmente, nas questões democráticas de conformação da federação e da profissionalização dos serviços públicos e empresas estatais, o campo da Dilma deixou muito a desejar no último período de governo.

Com esse conjunto de comparações, o PV, respeitando os méritos, limitações e deficiências que existem nos dois campos em luta no segundo turno, decide pelo apoio crítico e independente ao candidato Aécio Neves.

Crítico, pois continuaremos sem qualquer recuo com as nossas bandeiras que não forem acolhidas por este candidato.

Independente, pois nada pedimos em troca do nosso apoio.

O PV cumpre sua obrigação política e democrática de se posicionar em um segundo turno decidido pelo povo brasileiro e preserva integralmente seu caráter e seu papel de partido ambientalista representante da corrente internacional dos partidos verdes no mundo.

Um partido necessário para construção de um Brasil justo democrático e sustentável.

Direção Nacional do Partido Verde

Brasília, 8 de outubro de 2014
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. A pior coisa é um sujeito

    A pior coisa é um sujeito conservador ficar fazendo média de esquerda, esse Eduardo Jorge enganou todo mundo.

    Ficou demonstrado que se trata de um ótimo ator. 

  2. Deboche

    A decisão do PV deve ser saudada pelo PT..  estar apoiado por um partido  que apresenta um documento histórico nesse nível, seria uma vergonha para a campanha da Dilma..

    Neste link da Carta Maior, uma amostra do que foi a “economia verde” do Aécio e do PSDB em Minas(não deixem de ler porque é muito esclarecedor):

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Marina-agora-trai-a-causa-verde/4/31959

    Eduardo Jorge se ajoelha, por fim, ao pés de Aécio, como já o havia servido durante a campanha; assim como fez o Sr Roberto Amaral, o covarde,  viagra do psdb .. ambos ao nível do Levy Fidelis e Pastor Everaldo, nanicos morais e partidários … 

     

     

     

  3. Desenvolvimento sustentável

    Desenvolvimento sustentável

    Inclui economia verde / inclusão social / equilíbrio ambiental.

    Queremos diminuir de forma sustentável a distância entre a riqueza e a pobreza no país. Investimentos para universalização da educação e saúde, recuperação do salário mínimo, jornada de 40 horas já, políticas focadas como Bolsa Família e cotas com estímulos para sua superação ao longo do tempo. Investimento em promoção da saúde e Programa Saúde da Família (PSF). Carreira nacional de base municipal para professores e profissionais de saúde do PSF. Previdência justa, equilibrada e igualitária.

    Essas teses são compatíveis com um futuro governo Dilma ou Aécio.

     

    Veio do DEM com suporte do PSDB a ação no STF pelo fim do Cotas, PROUNI e o Fundo de Financiamento Universitário, vem dos eleitores do PSDB a gritaria pelo fim do Bolsa Família e todos os avanços sociais que obtivemos nos últimos 12 anos.  E assim o moço ambientalista julgou equilíbrio de posição entre Dilma e Aécio.  Com todo o respeito: Ele deve estar de SACANAGEM!!!!!!!!!!!!  É preciso ser muito idiota para achar que o  texto acima mostra algum equilíbrio no julgamento, é apenas tendencioso para um lado.

    Lembro-me das acusações da Luciana Genro nos debates: O PV é um partido oportunista, quer crescer ou ao menos existir ao lado do PODER. 

  4. “Não é adequado ficar em cima do muro”

    Será que é por isso que Eduardo Jorge, desde o início da campanha pra presidente, abraçou a candidatura de Aécio?

  5. Dispensamos seu apoio !!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Este partido, com suas proposições, faz bem o jogo das Ongs que querem nos atrasar na caminhada para uma grande Nação!

    Então é melhor que fique com os perdedores, pois os votos de quem assim pensa, não nos faz falta nenhuma!!!!!!!! 

  6. A coerencia ecológica de

    A coerencia ecológica de Eduardo Jorge é grande e verde como o Hulk, mas atende pelo nome Dólar. Resumindo, a fidelidade dele ao Dólar é semelhante a da Marina Silva à boNECA do Itaú.

  7. 1 – O PV é um partido

    1 – O PV é um partido democrático e antitotalitário que quer construir um Brasil melhor. 

    Pronto. Pode parar já na primeira linha da primeira frase.

    Alguém em sã conciência, de plena posse de suas faculdades mentais, minimamente alfabetizado, acredita que apoiando Aécio Neves para a presidente da República está contribuindo para “construir um Brasil melhor”? Melhor do que se encontra hoje?

    1. Página triste

      Eduardo Jorge descobriu no voto distrital um ponto de tangência entre o “socialista” (???) PSDB e o PT, que classificou por marxista. O que tomo por elogio, embora a prática de não poucos dentro dele não correspondam à ideia. 

      Eduardo Jorge passa para a história (se é que um personagem farsesco desses vai passar para a história) como o verde mais laranja do Brasil. 

      Eduardo Jorge, magro, ciclista, ambientalista. E canastrão. Péssimo. 

      Mais um a se deixar seduzir pelo canto da sereia verde. Verdinha. 

       

       

       

  8. Adesão do PV de Eduardo Jorge ao candidato Neves

    Achei lamentável. As justificativas são tão malucas, entre o que se quer e o apoio ao candidato que (sabidamente) não dará o que se quer, que é densa a sombra do ressentimento. As derrotas internas quando todos eram do PT, as derrotas eleitorais quando fora do PT, as lideranças difusas e rarefeitas ficam decadentes, enquanto a de Lula é estável e se solidifica. Aprendizado para alguns e humilhação (daí a frustração) para outros, que se imaginavam num lugar que nunca chegaram e nunca conhecerão.

    Ai, eu lembro do falecido governador Leonel Brizola. Passou por todas estas “humilhações” – perdeu para o partido novo, perdeu para a liderança nova – não chegando ao lugar que sonhará e esperou tanto. Mas entendia quem eram os inimigos na politica, principalmente os inimigos do país e do povo deste país, e isto o guiou para longe do caminho do mesquinho e do ressentimento. Esta “bossa” de pessoas que defenderam x a vida inteira apoiarem y porque querem x, só pode ser explicada por aí. Marina e Eduardo Jorge (uma decepçao para quem o viu nos dois primeiros debates) estão fazendo isto – ajustando contas – com Lula e o PT, as custas do povo brasileiro – da propria incompetencia de exercer liderança no PT, e na sociedade, depois que sairam do PT. O maximo que chegam é serem uma caricatura fraca e atualizada de quem pateticamente trilha este caminho desde de 1989 –  Roberto “boquinha, mas só a direita” Freire, e a “Armatta Brancaleone” que o sustenta até agora.

    Mas o importante aqui é Leonel Brizola e não, como diria ele. a poeirinha citada acima. Que o exemplo dele oriente aos eleitores de Marina e Eduardo Jorge, parte do povo brasileiro, povo que ele tanto amava, já que suas lideranças ficaram senis, ou velhacas. .

  9. Nassif, vocês não estão dando

    Nassif, vocês não estão dando muita corda para esse sujeitinho, que só apareceu pelas palhaçadas que fez? PV não existe mais, se é que um dia existiu.

  10. Este cara é muito bom

    Um verdadeiro fenomeno.

    Secretario de Saude da Erundiana. Secretario da Marta, Secretario do Serra, Secretario do Kassab. Secretario do Picole

    Este cara é do DEM e voces não sabem, não pode ver um cargo

  11. Eduardo Jorge é filho de militar cujo pai foi reitor na Pb 1970

    Seria estranho Eduardo Jorge ñ apoiar Aécio. Na época da ditadura êle estudava medicina em João Pessoa foi preso na famosa reunião da UNE. Num piscar de olhos saiu da prisão, sendo q foi o único a voltar para faculdade de Medicina os outros só puderam retornar depois de muito tempo. Tomei um susto qdo soube q era deputado pelo PT. A seguir saiu do partido.  Êsse individuo nunca me enganou deve sentir falta da ditadura qdo seu pai mandava e desmandava na Universidade Federal de João Pessoa, eu estudava na época na Universidade e conheci a figura

  12. Só tenho uma coisa para falar

    Só tenho uma coisa para falar desse cara,se aliou com o Kassab que praticamente abandonou as Faixas de onibus,

    ai vamos lembrar aquele blablabla de privilegiar o transporte publico,apareceu num programa junto com Kassab e ficou calada,sobre o projeto do genericos.Como medico se calou sobre as mentiras dos Amas que não foram 24hs,como prometeram.

    prega a liberação da maconha ,sem aparecer aqui nas periferias. para  ter  uma ideia da realidade desses jovens. que se consomem, são nóias,playboyzinhos são usuarios.e apoia um cara que prega a redução da maioridade penal,sem ter uma contrapartida,eficiente para a juventude da periferia que são os que vão se f……,com essa história.

  13. Dudu, mas que decepção hein!

    Dudu, mas que decepção, hein! Acaso não sabe que o PSDB é a voz dos ruralistas do agronegócio, que por eles não deixariam uma árvore em pé, são contra os índios, os verdadeiros guardiões de nossas florestas, e ultra-inimigos dos sem terra que defendem uma agricultura sustentável e sem agrotóxicos. Me desculpe, mas isso pegou muito mal para o PV.

  14. Realmente, não é adequado

    Realmente, não é adequado ficar em cima do muro, aliás esse lugar sempre foi reservado para o Tancredo Neves que sempre foi malemolente ao vento. Mas, descer pelo lado errado, é pá acabar né cumpanheiro?

  15. Depois de uma ENORME besteira

    A nota do PV afirma: “os dois candidatos são da mesma família de partidos. Partidos do campo dito socialista. Um, social-democrata e outro marxista. Ambos com temperos liberais e neoliberais…”  Depois dessa IMENSA besteira pode-se esperar qualquer coisa do Eduardo Jorge.

  16. Não. “Não é adequado ficar em

    Não. “Não é adequado ficar em cima do muro!”…mas precisava JOGAR-SE NO PRECIPÍCIO, en praça pública, estabacando-se no chão?

    De ” Maluco beleza” a um despirocado das idéias…essa é a “trajetória” de EJ.

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