“Os artistas temem”, diz cineasta brasileiro em Paris sobre chances de Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Bolsonaro nos vê como inimigos do Estado, vagabundos que não fazem nada, o que remete a uma época muito sinistra [ditadura]”, disse Fellipe Barbosa à agência de notícias internacional
 

Gravação do filme Domingo / Fellipe Barbosa, segundo da esquerda para a direita, atrás da câmera – Foto: Divulgação reproduzida por ‘Pipoca Moderna’
 
Jornal GGN – Durante a apresentação do seu último filme “Domingo” em Paris, França, o cineasta Fellipe Barbosa afirmou que os artistas brasileiros têm medo da possibilidade de o candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) vencer as eleições presidenciais no país. 
 
“Porque Bolsonaro nos vê como inimigos do Estado, vagabundos que não fazem nada”, afirmou à agência de notícias francesa AFP. Essa visão, lembrou o cineasta, remete ao período da ditadura do regime militar no Brasil, de 1964-1985, “uma época muito sinistra”, disse. 
 
E, de maneira similar ao retrato de seu longa-metragem com estreia em Paris, a real possibilidade de Bolsonaro assumir o poder no Brasil se deve, em parte, ao desejo “de vingança da burguesia”. 
 
Questionado, Fellipe explicou à agência de notícias internacional que se trata de uma resposta da burguesia aos governos de Lula e de Dilma Rousseff, frente aos avanços destes governos a classes mais pobres do país, e uma mistura de ódio com os escândalos de corrupção revelados.
 
“No Brasil, há um ódio entre as classes e um dos seus motores é a vingança”, disse Fellipe, que em seu terceiro filme, “Domingo”, o retrato é de uma burguesia amargada, com pano de fundo a data de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003.
 
“Domingo” é codirigido por Clara Linhart e narra a história de uma família com seus empregados domésticos, refletindo a tensão entre as classes sociais quando o ex-presidente Lula assumiu o poder, provocando receios entre os mais ricos e esperança aos mais pobres.
 
“Agora, é a esquerda quem teme”, concluiu Fellipe Barbosa à AFP.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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