PMDB articula exclusão de Freixo na Band, por Marcelo Salles

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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PMDB articula exclusão de Freixo na Band
 
por Marcelo Salles
 
A Band fará o primeiro debate entre candidatos que disputam o cargo de prefeito do Rio de Janeiro na quinta-feira, dia 25. Para tanto, foram realizadas diversas reuniões com as assessorias dos candidatos. Pela lei de Cunha, a emissora é obrigada a convidar todos os candidatos cujas coligações tenham “mais de nove deputados federais” e pode convidar outros desde que 2/3 desses obrigatórios concordem.
 
Pois bem. A Band convidou o candidato Marcelo Freixo, que está em segundo lugar nas pesquisas. Os sete que possuem presença garantida tiveram que deliberar. E eles votaram da seguinte forma: sim para Freixo (Jandira, Crivella, Molon e Osório); não para Freixo (‪#‎pedropaulobatemasnaodebate‬, Índio da Costa e Bolsonaro).
 
Para ser aprovado eram necessários cinco votos dos sete. Diante do quadro, a Band fez nova consulta, perguntando quem concorda com todos os candidatos registrados – são onze. Disseram sim Jandira, Molon, Crivella, Bolsonaro e Índio da Costa. E votaram não #pedropaulobatemasnaodebate e Osório.
 
Então a Band decidiu fazer o debate com os onze. Chamou uma reunião com todos os partidos/coligações que registraram candidaturas, que aconteceu sexta-feira (19) na sede da emissora. As regras foram apresentadas a todos, em detalhes. Após o comunicado, a assessoria de Índio da Costa pediu a palavra.

 
Disse que não estava entendendo o que aconteceu, que saiu da reunião anterior achando que o debate seria apenas entre os sete. Abriu uma discussão sobre a redação da ata. Alegou que o texto permitia diversos entendimentos. Mas a ata era clara, defendeu a assessoria de Freixo: somam 5 dos 7 os que defendem a participação do deputado do PSOL ou debate entre os 11, e como a lei faculta à emissora o direito de convidar quem ela quiser, a Band havia decidido fazer com os 11.
 
A Band colocou em consulta o documento. A representação de #pedropaulobatemasnaodebate fez coro. E a Band abriu nova votação, com a pergunta específica sobre a participação dos 11. O representante do Índio fez de tudo para que o processo deliberativo fosse feito apenas na presença de sete assessorias. Queria que os representantes das candidaturas que não se enquadram na lei do Cunha não assistissem ao processo.
 
Mas a Band achou que não seria adequado que ninguém saísse. Então os representantes de Índio e #pedropaulobatemasnaodebate reuniram-se a sós numa salinha, que serve como metáfora para o que vem acontecendo no Rio nas sucessivas gestões do PMDB.
 
O resultado da votação para a participação dos onze candidatos foi o seguinte. Disseram sim Molon, Jandira, Crivella e Bolsonaro (este por facetime, sendo o último a votar, quando já estava certo que não era mais possível chegar aos 5 votos). Disseram não #pedropaulobatemasnaodebate, Índio e Osório.
 
Ao fim e ao cabo de todo esse processo, ficou claro que o maior interessado em retirar Freixo do debate é o PMDB de #pedropaulobatemasnaodebate. Índio foi apenas massa de manobra. Sua candidatura é inexpressiva, servirá apenas como linha auxiliar do candidato do partido golpista. Os outros que garantiram a exclusão de Freixo foram Bolsonaro e Osório. 
 
Bolsonaro foi enquadrado pelo partido, o PSC, pois nas primeiras reuniões votou sim para Freixo, e no final os advogados do partido impuseram a condicional de que o sim deveria valer apenas para os 11. Curte a fama de valentão mas foge ao debate.
 
A parte quente da campanha ainda não começou. Começará na semana que vem com a cobertura diária das emissoras e o horário eleitoral em rádio e tevê, passando pelas sabatinas e debates. Os que roubaram o Rio de Janeiro do povo querem tornar #pedropaulobatemasnaodebate prefeito. Estão investindo pesado. A máquina do PMDB – a mesma do golpe de Estado contra Dilma – vai fazer com que seu candidato cresça nas pesquisas. Além disso, querem aniquilar a candidatura com maior densidade eleitoral no campo progressista.
 
Essa máquina terá de conviver com o ônus de retirar do debate o candidato em segundo lugar nas pesquisas. As pessoas vão querer saber a razão. A imprensa carioca não fala de outra coisa. Freixo foi destaque a semana inteira nos jornais, rádios e tevês locais, além das redes sociais. No dia do debate estará na Cinelândia e comentará, ao vivo pelas redes sociais, o que falarem na Band. A própria Band enviará equipe para cobrir o ato público. O debate, em si, atinge 4 pontos de audiência, o equivalente a 120 mil domicílios. Por ter sido retirado do debate, Freixo já teve mais mídia do que toda essa audiência.
 
Ou seja: a estratégia do PMDB pode ter saído pela culatra. Porque além de não garantir menos mídia ao político que mais temem no Rio, terão de arcar com o ônus de colarem em seu candidato, o #pedropaulobatemasnaodebate, a fama de covarde. E esse é um perfil que o carioca tradicionalmente não elege para cargos executivos.
 
(*) Marcelo Salles é jornalista.
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. Não aprendeu nada

    O Índio da Bosta parece não ter aprendido nada com as vaias, enxotadas e apupos que tomou quando foi vice do Serra. Continua sendo um senhor bosta…

  2. A Band também terá que arcar

    A Band também terá que arcar com o ônus da falta no debate do segundo mais bem cotado candidato em intenção de voto.

    Claro que a firma de comunicação tentará explicar que a decisão foi dos outros candidatos mas sem Freixo os debates serão desinteressantes para a desejada audiência. Como se não estivéssemos em tempo de mídias alternativa à TV…

    O mesmo acontecerá em São Paulo. A falta de Erundina, segunda ou terceira na intenção de voto, não será debitada exceto da conta das emissoras.

    A ideia de Pedro Paulo “#pedropaulobatemasnaodebate” e da turma em São Paulo é que Freixo e Erundina sejam esquecidos. Seria bom Freixo e Erundina fazerem bastante barulho.

  3. podem roubar tudo de Freixo…

    seu tempo, sua presença e até mesmo as suas ideias

    mas os votos que ele já tem garantidos, jamais conseguirão roubar

    Freixo vai passsar a cidade a limpo

  4. Para um site que censura

    Para um site que censura qualquer um que critique o PT, fica feio criticar a “censura”.

    Não sei se quem comenta aqui sabe mas só passa o que é a favor do PT.

    Toda vez que vejo os ditos  defensores da democracia, eu acho que é uma ironia, uma piada ou auto enganom porque aqueles que dizem defender a democracia são os mais autoritários.

    Nem adianta escrever os “democratas” não deixarão passar. 

    1. Que estranho. Como estou

      Que estranho. Como estou lendo então o seu comentário? Será que foi uma falha do censor? Eita, Nassif. Vamos melhorar a qualidade da censura. Tem comentários passando batidos. </ironic>

      1. Chegou a ver os outros.
        Notou

        Chegou a ver os outros.

        Notou o “desaparecimento” de N criticos ao petismo.

        Antes permitiam porque achavam que era inofensivo.

        E se eu escrever para não censurar ele não censura.

        1. É você, Oneide? Talvez sua

          É você, Oneide? Talvez sua vida pregressa neste site não ajude muito a sua credibilidade. O fato de usar vários logins “fake”, certamente também não ajuda.

  5.  “…terão de arcar com o

     “…terão de arcar com o ônus de colarem em seu candidato, o #pedropaulobatemasnaodebate, a fama de covarde.”

    A covardia do rapaz com este episódio ganha um “upgrade”.

    Os dois B.O.da ex-mulher relatando com detalhes as agressões sofridas quando eram casados mostram bem o carater do camarada.

     O ex-casal deu entrevistas bem no estilo da famosa canção do Zeca Pagodinho*.Um tentando limpar a barra do outro, tudo muito conveniente.

    O caso acabou em pizza, já que o furioso Janot pediu o arquivamento. A velha mídia também enfiou a viola no saco. Não deram , tanto o PGR quanto os jornalistas, o destaque opressivo que costumam dar a petistas.

    A máquina pmdbista virá com força. Terão o apoio unânime da velha mídia carioca, mas não levarão desta vez.

    *https://www.youtube.com/watch?v=SPcfQKIeP5o

  6. esquerda não muda

    Com todo o respeito a Jandira e ao Molon que, mesmo na canoa da Marina, mantem minha admiração, não consigo entender esta falta de discernimento da corrente progressista, dita de esquerda. Não conseguem entender a gravidade da situação, que ocorre um claro ataque a democracia por parte de um grupo que representa o que tem de mais retrogrado e desumano na nossa sociedade? Ou será que os interesses pessoais e partidários são tão grandes assim que justifiquem esta insanidade? O momento é grave por demais, e faz-se necessário que todas as correntes ditas progressistas coloquem estes interesses um pouco em banho-maria, unindo-se, no pleito municipal, em torno daquela que apresente melhores condições de disputas, principalmente nas maiores cidades.

    As chances de concretização do golpe são gigantescas, colocando no pleito municipal deste ano, talvez, a única esperança, sem sangue, claro, de que o golpe tenha vida curta. Não posso fazer juizo de valor sobre o que acontece nos bastidores de cada sigla, claro, mas acredito que, independente dos interesses que travem esta unificação, o sucesso do golpe provocará uma catalepsia política nos partidos progressistas e que poderá ser assustadoramente prolongada. Imunes a isto, restarão apenas aqueles que possuírem DNAs semelhantes aos Freires e Cristóvãos da vida. E, claro, a revelação de mais personalidades de caráter tão deplorável como aquelas, em figuras de destaque na resistência ao golpe, seria a evolução para morte definitiva, né não?

  7. Manobra padrão Cunha

    Manobra gigantesca. Numa campanha reduzida, praticamente invisível, os debates ganham relevância enorme, mesmo para quem está em partidos estruturados. O horário eleitoral é menor, a campanha gráfica é limitada e candidatos. É a única oportunidade em que todos os candidatos possuem acesso igual aos recursos da mídia tradicional sem depender do poder econômico que acaba focando nos candidatos principais. E um debate pode mudar a eleição.

    As mídias sociais ajudam a equalizar, mas geralmente pregam para quem já está engajado .Muitas vezes o eleitor nem sabe quem são os candidatos, mesmo com alguns deles já exercendo mandato. E o debate ajuda a revelar candidatos desconhecidos. Em 1982, Brizola que estava isolado, no “traço”, conseguiu virar uma eleição contra todas as circunstâncias. Em 2014, o desconhecido Tarcísio Mota conquistou 8,92% pelo PSOL, numa campanha irreverente, mas muito firme, quase ultrapassando Lindbergh Farias. Isso despertou um medo enorme nos partidos já estabelecidos da direita.

    Nessa eleição, em que o PSOL tem chances reais de vitória, os candidatos da direita raivosa (Bolsonarinho e Índio da Costa) mais o establishment principal (Pedro Paulo) querem sabotar todos os candidatos que oferecem uma perspectiva nova. O PSOL na gestão de uma cidade como o Rio, São Paulo, Porto Alegre, dentre outras, pode trazer grandes inovações e uma perspectiva de retomada da esquerda. Por isso, essa fraude nos debates, com a participação apenas de candidatos dos maiores partidos, até mesmo de legendas de aluguel como o $olidariedade de Paulinho e Major Olímpio.

     

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