Autoridades sabiam do risco de apagão no AP, diz jornal

ONS, Aneel e governo federal sabiam que subestação incendiada operava no limite da capacidade há cerca de dois anos, e não possuía backup

Dúvidas ainda rondam a investigação do ONS, que não vê razão para o problema encontrado ter gerado um impacto tão grande. Foto: Reprodução

Jornal GGN – Os órgãos responsáveis pelo controle do sistema elétrico brasileiro sabiam da situação da situação da subestação destruída no Amapá, ainda que parcialmente, há pelo menos dois anos.

A revelação foi feita pelo jornal Valor Econômico, a partir de documentos do Ministério de Minas e Energia, do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A subestação atingida, a SE Macapá, operava no limite de sua capacidade e sem condições de ser imediatamente religada caso dependesse de um transformador sobressalente, e a indisponibilidade foi apresentada ao ONS há 11 meses.

Segundo o jornal, um dos problemas com a segurança pode ter ocorrido ainda no desenvolvimento do projeto. Em 2004, antes de o grupo espanhol Isolux arrematar o projeto em leilão, o Comitê Técnico de Expansão da Transmissão do Ministério de Minas e Energia (MME) já indicava a necessidade de a SE Macapá ter “três transformadores trifásicos de 230/69/13,8 kV-150 MVA e uma unidade reserva”.

Em outras palavras: dados preliminares mostraram a necessidade de instalar quatro grandes transformadores na subestação, sendo que três deveriam operar em conjunto e o quarto ficaria como backup.

O projeto foi contratado pela Isolux no leilão da Aneel em 2008. Na ocasião, o edital apenas exigiu que fosse reservada uma área para abrigar quatro transformadores, mas que três deveriam ser comprados para “instalação imediata”.

Além dos problemas com a rede de transmissão, o Amapá teria outro problema de limitação de backup – o suporte viria com a geração suplementar de energia e, em 2019, a Aneel autorizou o desligamento de uma usina termelétrica da Eletronorte que atendia o Estado. E o operador só tomou conhecimento da indisponibilidade do terceiro transformador na estação do Amapá no final do ano passado.

 

 

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Redação

4 Comentários

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  1. O braZil privatarista continua surpreendendo (e caracuzando os brasileiros)
    Segundo se lê em portais de notícias:
    1) A concessionária privata espanhola Isolux está em recuperação judicial desde 2017
    2) Não cumpriu as condições (investimentos, projetos, manutenção, etc.) da concessão assumida
    3) Tenta vender desesperadamente seus ativos no braZil a grupos de investidores.
    4) Depois deste desastre anunciado, o socorro vem da Eletrobrás, estatal.
    5) TODOS os prejuízos internos e externos serão socializados (um empresa em recuperação na Espanha não pagará nem as multas daqui). Sem contar os prejuízos pessoais e empresariais dos amapaenses.
    6) Um juiz decretou que a “União” (NÓSOTROS TODOS) deverá estender o pagamento de “auxílio” ao pobre povo amapaense. Notem: não é a concessionária que vai pagar, somos nós!
    7) Isso só demonstra que as privatarizações de serviços públicos MONOPOLIZADOS, além dos enormes riscos à população, é feita sempre de forma a gerar dinheiro rápido com a operação e dane-se o resto.
    8) Gostariamos de saber se e quanto a Isolux pagou (financiado por nós?) e quanto ganhou até hoje.
    9) A Aneel serve para que, além de proteger os empresários, como de resto todas as demais agências?
    Como de fato:
    Viva o capitalismo que privatiza os lucros e socializa os prejuízos.

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