EUA: Bolsonaro promete “libertar o Brasil da ideologia nefasta da esquerda”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do jantar com os ultraconservadores em Washington, saiu a promessa do presidente brasileiro de "acabar" com o "socialismo" e "comunismo" no Brasil

Jornal GGN – Sendo chamada de “Santa Ceia da Direita”, o jantar realizado na noite deste domingo (17), em Washington, foi o primeiro gesto da visita de Jair Bolsonaro para selar a aliança do mandatário brasileiro ao radical Donald Trump. Como um dos maiores entusiastas do radical, Bolsonaro teve ao seu lado, na mesa, figuras ultraconservadores, tanto brasileiros, como norte-americanos.

De lá, saiu a promessa do presidente brasileiro de “acabar” com o “comunismo”: “O que eu sempre sonhei foi libertar o Brasil da ideologia nefasta da esquerda”, disse, em meio a uma plateia de admiradores de Trump e Bolsonaro.

“O Brasil não é um terreno aberto aonde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos que desconstruir muitas coisas, desfazer muita coisa, para depois começar a fazer. Que eu sirva para que o Brasil, pelo menos, possa fazer um ponto de inflexão, já estou muito feliz”, continuou, expondo a sua “missão” no comando do país.

No encontro, Bolsonaro explicitou a devoção que tem aos Estados Unidos e como introduzirá o Brasil aos interesses de Trump: “Estou me sentindo quase em casa. Sempre tive um profundo orgulho, sempre tive muita admiração para com o povo americano, para mim, em muitas coisas, sempre serviu como exemplo”, iniciou.

Contraditoriamente, o mandatário não mediu palavras para elogiar o escritor Olavo de Carvalho, a quem o descreveu como “um dos grandes inspiradores meus”, ainda que em meio a uma grave crise interna entre os chamados “olavistas” e os militares dentro do Ministério da Educação, que ocasionou no pedido pelo próprio Olavo para que seus alunos abandonem o governo Bolsonaro.

“É um inspirador de muitos jovens do Brasil, em grande parte devemos a ele a revolução que estamos vivendo”, acrescentou na sua fala, nomeando “revolução” em referência à guinada política à ultra-direita no Brasil. Diante do elogio, Olavo consentiu com o presidente, mostrando agradecimento.

Com o claro teor de atacar a esquerda brasileira, Bolsonaro alarmou que “o nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”. E acredita “à vontade de Deus” que quis que ele salvasse o Brasil. “Dois milagres aconteceram: um é a minha vida, outro é a eleição”.

Disse que, “nessa missão”, ele terá coragem e “boas pessoas”, ao fazer menção aos ministros e figuras brasileiras que o acompanharam na viagem internacional.

Além de Olavo, que foi convidado ao jantar, também estavam presentes uma grande comitiva que quis visitar Trump: Sérgio Moro, ministro da Justiça; Paulo Guedes, ministro da Economia; Tereza Cristina, da Agricultura; Bento Albuquerque, de Minas e Energia; Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia; general Augusto Heleno, da Segurança Institucional; o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS); e o filho do mandatário, Eduardo Bolsonaro, que é o mais novo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

“Todos aqui são importantes, os que vieram aqui, porque têm um sentimento, um algo que une à minha pessoa, humildemente”, completou.

Bolsonaro também aproveitou o encontro para tentar romper o conflito com o embaixador Sérgio Amaral, que foi o anfitrião do jantar, mas será trocado do posto após a visita de Bolsonaro: “Parece que estamos em direção opostas, mas não, estamos caminhando para um mesmo lugar”, disse o mandatário.

Entre os mais cotados para substituir Amaral, o diplomata Nestor Forster, apoiado pelo Itamaraty hoje de Ernesto Araújo, e também está sendo avaliado o consultor Murillo deAragão, da Arko Advice.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Na boa, mano…
    Além de vagabundo, Jair Bolsonaro é um idiota contumaz.
    Ele concedeu honras de estado a um maníaco que Trump chutou da Casa Branca.
    O outro convidado dele é um velho sifilítico que pode acabar preso nos EUA por sonegação de impostos.
    Essa promessa do Bozo é apenas mais uma bravata.
    Como a popularidade dele está em declínio, ele precisa desesperadamente receber aplausos de uma platéia seleta.
    O problema é que ele selecionou todas as maçãs podres e colocou no mesmo balde. Coitado…

  2. ENQUANTO UM SENTA-SE AO LADO DA RAINHA E O PRESIDENTE DOS EEUU. FICA EM PÉ ATRÁS. O OUTRO VAI BATER continência PARA OS EE.UU. ENQUANTO UM É CHAMADO DE DE ESTE É O CARA O OUTRO TERÁ 20 MIN. PARA FALAR COM O PRESIDENTE.
    Continência é a saudação militar e uma das maneiras de manifestar respeito e apreço aos seus superiores;

  3. o sujeito sofre evidentemente de distúrbios psicóticos. E a “culpa” é de Deus que fez dois milagres: concedeu a vida dele e sua eleição baseada nos fake news (difama até Deus, que se coloca como a Verdade nas escrituras). Seria bom analisar as atitudes dele nesta viagem e o que trazem cada uma de futuro para o Brasil. Já não basta o filho usando boné de campanha para Trump 2020, E se dá outro? E depois o tratam como embaixador. Se embaixador for aquele que rebaixa um país, tá certo

  4. Infelizmente seremos obrigado a aturar as sandices deste incompetente por mais algum tempo.
    Para o bem do Brazil (por enquanto com “z”), esperamos que este (des)governo que não chegue à seis meses, como previsto pelo aloprado “guru” desta trupe hoje aboletada no poder e que chega a ser digna de pena, devido a sua total ignorância sobre tudo aliada a subserviência ridícula aos EUA.

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