Macron vence Le Pen, mas extrema-direita saiu fortalecida, diz Jamil Chade

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Marine Le Pen conseguiu a façanha na chamada ‘França das Sombras’, distante de Paris e sem diploma de escolaridade. Entre os de nível universitário, Marine conseguiu somente 12%.

Reprodução CNN

Emmanuel Macron foi reeleito na França por mais cinco anos, vencendo a candidata da extrema-direita Marine Le Pen, de extrema-direita, nas eleições presidenciais. Mas a votação expressiva de Le Pen contraria a república, entende Jamil Chade, em sua coluna no UOL.

Marine Le Pen é filha do fundador do movimento de extrema-direita na França e sua votação, de 12 milhões de votos contra 17 milhões de Macron, normaliza seu movimento na política e torna-se o principal partido de oposição ao poder.

Ecologistas e socialistas perderam espaço nesta eleição e Le Pen conseguiu 33% dos votos.

Em sua última tentativa, Le Pen também conquistou33% dos votos o que significaria 42% de apoio, um recorde.

Marine Le Pen conseguiu a façanha na chamada ‘França das Sombras’, distante de Paris e sem diploma de escolaridade. Entre os de nível universitário, Marine conseguiu somente 12%.

Macron conquistou 69% dos votos em Paris, mas apenas 45% no meio rural. Segundo analistas, Marine seduziu esse eleitorado com o discurso de sobrevivência diante do aumento de preços e de renda em queda.

A candidata, no segundo turno, pediu votos à direita e à esquerda, em nome da justiça social. ‘Ela, que sempre se pautou em dividir o país por meio do ódio, se deu a função de ‘unir a França’’, pontua Chade.

E ela, efetivamente, conseguiu angariar votos de outros partidos. Segundo sondagens, cerca de 17% dos eleitores de direita migraram para Le Pen e 16% dos votos de Mélenchon também.

A conclusão de Chade é que ainda há ressonância a Marina Le Pen e ela consegue, com novo discurso, voltar à cena.

A vitória de Macron foi um alívio para os demais países europeus em cenário conturbado com a Guerra na Ucrânia. Mas foi o alerta de que a extrema-direita não é mais um acidente, acolhendo 40% de apoio entre os militares e 70% entre policiais.

Fora isso, Marine Le Pen sequestrou a agenda política, obrigando os demais partidos a entrarem no debate que ela impôs.

Apesar da vitória de Macron, a pergunta que fica no ar é quem vai parar a extrema-direita em cinco anos?, diz Jamil Chade.

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. Não é verdade. O atual presidente da França não ganhou as eleições. foi sua oponente,que apesar de tentar adocicar seu discurso fascistóide,perdeu.
    Os dois são atores de uma mesma peça ,e se um come com garfo e faca e não arrota à mesa,são defensores do mesmo expediente acumulativo de riquezas,independentemente de diferenças discursais.
    Não tivesse havido uma polarização coordenada pelo establishment entre esses dois,desde antes do primeiro turno,o candidato Melechon poderia ter ido ao segundo turno e com grandes possibilidades de vitória .
    Também,é sempre bom lembrar,os votos que ambos tiveram com suas próprias pernas,são aqueles que receberam no primeiro turno e,dessa forma,pode-se dizer que ambos tiveram praticamente a mesma votação da eleição passada sendo que,o atua presidente cresceu 3,6% percentuais e a filhota do facistão,somente 2%
    A eleição do segundo turno não se deu entre eles.
    A votação foi contra os fascistas de um lado e,ainda que seja difícil acreditar,contra um governo que vem esquecendo de grande parte de sua população e beneficiando a acumulação de capital.
    A esperança é que o mandatário reeleito parece ter entendido o recado e,mesmo com suas posições “centristas” (é incrível como essa gente nunca é extremista),admitiu não ter sido eleito com suas propostas e,talvez,a partir daí,possa dar uma migalhas aos pobres,ou quem sabe,um brioche.

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