“Somos viciados em auto-sabotagem”, diz José Murilo de Carvalho

Jornal GGN – A Folha de S. Paulo falou com o historiador José Murilo de Carvalho sobre o momento atual da política nacional. Ele afirmou que somos um país “viciado em auto-sabotagem”. “Um governo destrói o que o outro fez. Tudo gira em torno de consequências imediatas, em geral eleitorais. É o imediatismo oportunista. O passado perde-se no Alzheimer coletivo, o futuro a Deus pertence, o presente é o carpe diem. A consequência é descontinuidade, mau governo, frustração”, disse.

Para ele, a economia é fator crucial para a má vontade com o governo. E o único fator que estava segurando a revolta, o pleno emprego, começa a enfraquecer.

Na comparação com golpes do passado, ele disse que o único mais parecido foi o impeachment de Collor, em 1992, mas lembrou que Dilma tem mais apoio e não está envolvida diretamente em malfeitos. “Isto significa que o embate será mais longo e o resultado mais incerto. A atuação firme do Ministério Público e do Judiciário no mensalão, que parece continuar agora no petrolã, pelo menos no que se refere ao Ministério Público, é um fator que favorece uma saída demorada, mas menos traumática”.

No Brasil, um governo destrói o que o outro fez, diz historiador

Por Lucas Ferraz

Da Folha de S. Paulo

Um dos mais respeitados historiadores brasileiros, José Murilo de Carvalho, 75, afirma que o país, “ciclotímico”, é viciado em “auto-sabotagem”.

“Um governo destrói o que o outro fez. A consequência é descontinuidade, mau governo, frustração.”

Membro da Academia Brasileira de Letras, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e autor de livros como “Os Bestializados” e “Cidadania no Brasil”, Carvalho diz que a atual “situação é de extrema delicadeza e exige muita capacidade de negociação”. “Resta agora ver o que dirão as ruas”, ressalta.

O historiador José Murilo de Carvalho durante evento em São Paulo, em 2013

Folha – O que acontece com o Brasil? 

José Murilo de Carvalho – O país é ciclotímico. Está na fase depressiva. Somos viciados em auto-sabotagem. As mesmas pessoas e partido que há poucos anos pregavam o oba-oba do ‘nunca antes na história deste país’ o levaram ao fundo do poço. Somos um país de cigarras, como na fábula. Não há planejamento de médio, para não falar de longo prazo.

Um governo destrói o que o outro fez. Tudo gira em torno de consequências imediatas, em geral eleitorais. É o imediatismo oportunista. O passado perde-se no Alzheimer coletivo, o futuro a Deus pertence, o presente é o carpe diem. A consequência é descontinuidade, mau governo, frustração.

O que explica o atual mal-estar?

A queda da economia é fator crucial. O bolso comanda o humor nacional. O único trunfo do governo, o alto índice de emprego, está começando a fazer água. Não faltaram alertas. O maior deles foi o de junho de 2013, que foi ignorado assim que cessaram as manifestações. Ele apontou a frustração dos que subiram a escada social nos anos anteriores.

Agora, sua própria ascensão está em jogo. Há uma velha teoria das revoluções, ou perturbações sociais, que diz que elas não se dão na riqueza nem na pobreza. Sua causa mais comum é a ascensão seguida de queda. Quem ascendeu provou o fruto do bem-estar e não admite ser expulso do paraíso.

O que esperar destes dias de tensão política?

É hora de muita sensatez por parte das lideranças, sobretudo da oposição. Apoiar o impeachment não é sensato nem eficaz, só vai dar motivo de acusações de golpismo, embora em si ele seja iniciativa legítima e legal já tentada pelo PT. Mas o impeachment tem forte dimensão política, sua oportunidade depende de ampla demanda social. Não creio que a conjuntura esteja madura para ele. É adequado e justo que a presidente eleita seja condenada a descascar o abacaxi que plantou.

O sr. vê esgotamento no projeto político do PT?

Esgotamento talvez não. O projeto do PT no que se refere à inclusão social era e continua sendo um objetivo inegociável. Mas o partido está perdendo, se já não perdeu, a condição de ser seu portador.

Há um vácuo de liderança?

Há um vácuo, sempre perigoso quando se trata do exercício do poder. A presidente recém-reeleita não tem base parlamentar sólida para fazer as reformas que renegou na campanha e agora se vê forçada a levar adiante e nem mesmo o apoio decidido da ala lulista do PT. Perdeu força e credibilidade. A situação é de extrema delicadeza e exige muita capacidade de negociação, produto escasso no mercado político. Resta agora ver o que dirão as ruas.

O sr. vê paralelo entre o atual momento e crises como as de 1954, 1964 ou 1992?

Nos três casos, houve campanha virulenta contra presidentes eleitos. Mas em 54 e 64 havia dois ingredientes importantes inexistentes hoje, a Guerra Fria e os militares. Alguma semelhança há com 1992, quando já não havia Guerra Fria e os militares se mantiveram à distância. Mesmo assim, a presidente tem hoje mais apoio do que tinha Collor e não está, pelo menos por enquanto, envolvida diretamente em malfeitos, como costuma dizer.

Isto significa que o embate será mais longo e o resultado mais incerto. A atuação firme do Ministério Público e do Judiciário no mensalão, que parece continuar agora no petrolão, pelo menos no que se refere ao Ministério Público, é um fator que favorece uma saída demorada, mas menos traumática.

Redação

20 Comentários

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  1. Agora deu para entender por que o brasileiro não se interessa e

    não gosta de história, e de sua história.

    A entrevista é um primor de lugares comuns e bajulação ao “status quo”.

  2. O momento é das cabeças

    O momento é das cabeças pensantes e de estrategia, seria bom já lançar a ideiar de uma assembleia constituinte para a reforma politica, com peblicisto e ampla participação popular; e o governo se voltar aos que realmente o sustenta, os menos favorecidos, enfrentamento do golpismo midiatico já que é manisfestamente ilegal, se ficar paralisado o governo cai.

    1. Reforma Política

      É a única solução de ação política, de largar as bases, nãosó  do governo, mas do bloco político progressista como um todo.

  3. Fui ler, crente que era um

    Fui ler, crente que era um progressista e, frustrado, percebi que se trata de mais um do mesmo. Entrelinhas, defende o impeachment e coloca toda a culpa do status político no PT.

  4. a globo, novo troll da praça

    O esquema deve ser como de costume e por demais conhecido, ou seja, quanto pior na divulgação melhor.

    Pois então aquele meu amigo dentista a se queixar que os clientes estão desaparecendo, aos demais profissionais na mesma linha de reclamação, aquela menina a se queixar que a verba para a Ong da Petrobras para as pesquisas agora contingenciadas e não mais disponível para a sua boa pesquisa, o caminho está no aeropóteor do psdb em minas.

    Pobre normalmente não é muito sabido, rico que se acha rico e é remediado muito mais fácil na manipulação, portanto eu tenho espero não sofrer como estes burros querem querem.

  5. Fora fora dilma

    Car os debatedores,

    confesso-lhes: fui na manifestação de hoje.

    Fui com a camisa branca.

    Fui ver e vi.

    Vi camisas “fora dilma” sendo vendidas.

    Vi faixas  de “impitiman já

    Vi pessoas falando mal do imposto. Sim, do imposto. O imposto esta alto e o dinheiro é nosso. Mais ou menos isso que ouvi.

    Vi faixas pro intervencao militar.

    e obviamente, fora PT e fora Dilma.

    Portanto, posso concluir sem a necessidade dos helicópteros que filmam, mandam imagem para “cometaristas” criarem o que eles nao viram.

    Concluo que foi uma  espécie de estupidez generalizada. Uma torcida de futebol sem controle.

    Algo inacreditável de se ver num pais que se diz democratico.

    Vou esperar para ver, ler e ouvir as “interpretaçoes” dos nossos adoráveis intérpretes midiáticos, isto é, “cientistas políticos, ou melhor, vendedores de ideiais.

    Esse pessoal está fomentando a barbarie. Estao desmoralizando nossas instituiçoes. Estao pedindo Fora Dilma, forma Temer ( vi isso tambem) Logo, querem o Cunha, que por sinal, encontra-se na lista do STF.

    Por outro lado, sou a favor de protestos. Protestemos para melhorar e ampliar a democracia.

    Protestemos para que possamos efetivar cada vez mais a nossa Constituicao da republica de 1988.

    Mas hoje, o que eu mesmo vi, causou-me tristeza. Um bando de manipuladores manipulando uma turma de manifestantes desinformados ou , flagrantemente, enviesados para o próprio umbigo.

    Este país aqui, baseando-se no que vi hoje – e eu já suspeitava disso -,   nunca será uma naçao.

    Francamente,

    1. O mais exdruxulo da situação

      O mais exdruxulo da situação é ver os tais “analistas” acharem normal gente pedidndo a “volta dos militares”, isso deveria ser rechaçado todas as vezes que aprarecesse mais parece que esse pessoal entrou no controle remoto, estão entorpecidos, vivemos um teatro do absurdo em que é “normal e democratico” pedir a volta da ditadura.

  6. Historiador,75 anos e o mesmo discurso de coxinhas?

    Decididamente, a ABL tornou-se o trono do conservadorismo e do nihilismo ao progressos conquistados pelos governos petistas.Triste paradoxo. Ou tristes tropicos?

  7. Intelectual

    Dizem que o intelectual deve ser isento, para que possa fazer sua analise e dar seu parecer. No entanto nestes últimos tempos parece que tem surgido uma cisão na sociedade eles e nós. O PT a trancos e barrancos tem criou aumentou classe média, tirou milhares da linha da miséria, aumentou o salário mínimo, o pleno emprego, teu liberdade ao Ministério público e a Justiça. No entanto essa sociedade e os beneficiados não reconhecem isso. Preverem a negritude de um governo de Direita ou até mesmo uma Ditadura.

    Parece que Murilo de Carvalho escolheu um lado, no entanto ele tem razão essa elite gota de tiro no pé. Bom sempre é o lá fora, basta ver que houve manifestação no exterior.

    1. Que amor!

      Uma ezquerda que jura que é Robin Hood (versão Ridley Scott claro) e uma dereita que não sabe contra o que protestar e quando protesta fica aprissionada ao padrão global de alienação e burrice!

      “Tamo f………”

      De qualquer forma o brotinho é um xuxuzinho (uma brasa mora!). Valeu Gilson! rsrsrsrsrs

       

  8. O meu ponto de vista desse

    O meu ponto de vista desse atual momento é a de que nenhuma dessas crises mencionadas na entrevista tiveram de fato um desfecho. Como por exemplo a “Ditadura Militar”, não existe um consenso de que realmente ouve ditadura, como por exemplo há um consenso de que o nazismo foi ruim. Tudo bem há ainda quem seja nazista no mundo inteiro, mas são grupos pequenos e irrelevantes, que não atuam na politica alemã, porquê o consenso da sociedade não só alemã como mundial é a de que nazismo é ruim, é destruidor, é mal, enfim. Ai então essa história não acabou, tem gente ai que odeia o PT e a Dilma e seus aliados são guerrilheiros que destrioram o “regime certo para o páis que foi vítima de golpe”.

    É isso, ta tudo vindo á tona. Vivemos um momento em que todas essas coisas estão vindo á tona, existe a direita, existe a esquerda, existem seus adeptos, existe sua guerra que não acabou.

    Nem direita, nem esquerda estão certos – mesmo eu sendo esquerdista nato, reconheço que a nova politica é a solução e acredito que o desfecho desse momento será esse: o fim dessa guerra ideologica que rege a nossa politica.

    E acredito que essa crise vai piorar, tendo impeachment, não tendo e tendo protestos e ataques até 2018, PSDB ganhando nas próximas eleições presidenciais, enfim o quanto essa crise durar vai exigir da nossa politica que ela arranje uma solução. Solução essa que serão novos rumos para a nossa politica. Uma nova politica.

    Ps: Sim eu estou sobre efeito de remedios.

  9. Autosabotagem e descontinuidade, o vício que nos consome

    Lamentável que o autor não tenha rechaçado de forma contundente esse terceiro turno que está ocorrendo em mão única uma vez que se trata de campanha levada a cabo pelos meios de comunicação e sem a menor possibilidade de debate uma vez que se trata de uma ação golpista que chamam inoportunamente de pedido de impeachment, uma vez que não há crime, não há dolo em qualquer ação ou  ilícitude em qualquer ato que tenha sido praticado pela presidente.  Discordo também da visão do missivista quanto a atuação do MPF e Judiciário em processos judiciais nos quais filiados ao PT foram ou são réus,  pois que seletivos como tem sido, sabemos muito bem o desfecho que nunca é o mesmo para tucanos, mesmo que contra estes existam provas aos montes.  Quanto a economia, não creio que tenha sido autosabotagem a interrupção da política neoliberal e de desmonte do Estado por FHC, muito pelo contrário.

    Fora isso, é bastante acertado o termo autosabotagem para definir esta patologia coletiva,  parece  déficit de atençao da criança que que se encanta com o brinquedo  mas que, por algum motivo,  nao demora dele sentir-se enjoada e trata logo de joga-lo fora, claro para deleite de alguém que saberá muito bem aproveitá-lo. A continuidade do Brasil enquanto Estado nos dá tédio.   

    Em se tratando de Estado brasileiro, esse brinquedo pode ser a Petrobrás, a Vale vendida na bacia das almas por 3 bi, o Sistema Telebrás cujos imoveis valiam mais de 100 bi de reais, mas tudo foi vendido por uma ninharia, sem falar na Embratel com seu sistema de satélites. Seriamos nós entao eternos meninos tolos…termo foi usado por Bresser Pereira para se referir a Privataria Tucana, periodo em que nossos “brinquedos” foram desvalorizados e jogados no lixo para o desfrute  dos abutres de plantão, gente como George Soros que já demonstrou que está salivando quando ouve falar em Petrobrás

    Quando assisti ao video mostrando Guido Mantega sendo expulso do hospital com sua mulher vitima de cancer vi que eu havia passado por constrangimento identico o q me leva a crer que nao se trata de caso isolado e sim de uma tendencia fascitoide instalada no pais e sem sombra de duvida que, graças a imprensa, avança a cada dia. Pensam eles que agindo assim estão sendo o suprassumo da civilizaçāo… nos bares  falam da corrupçao do outros e nao nas contas q os sonegadores  tem nos paraisos fiscais pra burlar o fisco na casa de alguns trilhões de reais nos últimos anos,só em 2014 foram 502 bilhões de reais. Eles adotam os EUA como modelo mas se esquecem que os americanos costuma colocar os interesses de seu pais acima de tudo para evitar a desintegração da nação . Eles devem saber que é bem melhor  crianças alimentadas do que ve-las aos montes com pais desempregados pelo furor asseptico mas antes de tudo seletivo de um certo Lava Jato dos Moro da vida. Ai percebo que o brasileiro adoramos apressar a roda da criaçāo e destruiçao ou, noutras palavras, acabar com tudo para recomeçar do zero: De 1954 prá cá, quando a midia começou a meter o bedelho na politica, o sonho de um pais desenvolvido parece ter-se tornado impossivel. 

     

    Voltando á questão da continuidade…. Quando foi mesmo a ultima vez que os EUA destituiram um presidente? Refiro-me á derrrubada do governante lá, pois cá, pelo menos a partir daria dėcada de 50 nao temos ultrapassado a barreira dos 30 anos sem derrubar o presidente e sempre com as mãos invisiveis do Tio Sam ..Soros deve estar pensando: Olá brasileiros, me passem  logo essa  Petrobras como tem sinalizado vossa imprernsa a partir de 1954 quando os baroes da midia passaram a se imiscuir nos vossos destinos…de coraçao a Globo ja deu seu premio a Moro por causa da Lava Jato uma especie de montanha construida com muito estardalhaço e intensa exposição na midia para ao final parir um rato ….afinal de contas a emenda ficou pior que o soneto: os ladroes roubaram 2.1 bi da Petrobras….mas os prejuizos causados ao pais por causa do show do Lava Jato ja chegam perto de 1 trilhao de reais…e com a agravante de que as causas da corrupcao serao mantidas intactas…

     

    O nosso  sistema judicial segue por séculos e séculos o modelo que atende a lógica Casa Grande & Senzala. Dias atrás presenciei no hall do Forum dois advogados comentando que ultimamente somente os filhinhos de papai teriam acesso teriam acesso aos cargos da magistratura via concurso publico,  isto devido ao tempo livre que tem para estudar enquanto que aqueles de classes inferiores teriam que ficar fo ados na labuta para sobreviver…ouvi um deles comentando que só conheciam o caso de uma pessoa que trabalha e que havia sido aprovada para juiza: uma escrivā do civel..por ai se explica pq as Instituiçoes ocupadas pelo bacharelado estao a reboque de um odio de classe propagado a todo momento por uma imprensa com seus interesses inconfessaveis…

     

    Vide bloqueio do Congresso aos mecanismos legais da democracia participativa…vide PEC da bengala…vide pec do financiamento privado de campanhas eleitorais…vcs brasileiros sao tao engraçados…kkkkk…diria Obama…, Ou no minimo incoerentes….quem nos fez assim ou melhor: Que espertalhoes nos molda assim nós bobinhos no dia-a-dia? Quem nos torna assim? Apoiemos sem pestanejar e no primeiro clique da midia incluido aqui o whatsup pegando fogo por causa da proliferação de hoax de todos os tipos…

     

    Aquela que nos impede de abrir a cachola para o conhecimento pq estar atento é um perigo às classes abastardas que fazem de suas marionetes teleguiadas as massas ignaras, como o coxinha desvairado que dias atrás de forma descontrolada começou a giritar discursos de ordem do pig sobre a Lava Jato: Ele evidenciava ser um fascistinha que nao conseguia conviver com a democracia…É disso que se trata.

  10. Um domingo nada aprazível

    Eu nunca me senti tendo as mesmas emoções que senti no dia 31 de março de 1964, quando adolescente, fã da Revolução Francesa, pois as outras (Mexicana, Russa, Espanhola, Cubana) eu ainda não conhecia, com o ouvido pregado no rádio, esperava pela reação que não viria. Garoto ainda, tinha que esconder meu desapontamento do pai, um pobre idiota que estava a apoiar o Golpe. No fim as notícias, Goulart fugira do país e deixara o posto de Presidente vago, as tropas “legalistas” aderiram ao golpe. Sai da cozinha e fui para o quintal chorar escondido.

    As cinco verdades deste domingo.

    1-O sentimento de urgência está no ar. Nunca vimos no Brasil uma rede de televisão se jogar tão profundamente na derrubada de um poder Constitucional. Eles sabem, pelas do mercado que dizem defender, que o tempo é inexorável e que seu fim está próximo. Por outro lado, por menor que seja este tempo, ele é maior do que o tempo que o Poder Constituinte tem para se defender. O tempo joga contra a Democracia e não contra os Golpistas.

    2- Cada vez mais Dilma se assemelha a Goulart. Aquele fugiu como um mão-pelada quando se viu diante do grande desafio. Sua desculpa, evitar um “banho de sangue”, colocaria o Brasil em uma longa noite de 21 anos tristes e sofridos, marcados pelo fim da Democracia e pela violência do Estado contra os cidadãos. Esta oferece uma fala branca, mansa e facebuquiana aos que desejam destituí-la dos poderes conferidos pela maioria democrática.

    3- Cada vez mais Dilma se assemelha a Marina. Marina, em uma atitude messiânica, se coloca como a messias capaz de salvar a política da política. Dilma se coloca como a Presidenta cujo poder emana de sua virtude em ser a boazinha, trabalhadora, honesta. Esquece-se que foi escolhida pela maioria como sua representante, e que a ela foi dado o grande poder legal de dirigir este país segundo os sonhos da maioria. Seu poder Constitucional é tanto que até as Forças Armadas lhes devem obediência.

    4- O papel dos homens/mulheres na História não é nada desprezível. Não podemos fazer nada além do que o Momento Histórico nos permite, mas muitas vezes fazemos muito menos do que podemos. Esta é a ironia da História. Ela nos julgará pelo que deixarmos de fazer, não pelo que fizermos.

    5-Comentando Engels, Marx disse: Todos os fatos e personagens de grande importância na História ocorrem duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Se Marx está certo, Dilma deveria se preocupar que o seu papel na História. Ela será lembrada não como a Tragédia, mas como a Farsa.

  11. Respeito o José Murilo,

    Gosto dos seus livros. Li quase todos. Primorosos, elegantes, moderados. Os Bestializados é uma obra prima. Mas agora,  quem ficou bestializada com essa entrevista foi eu. Nunca vi tanta abobrinha sair da boca de um intectual desse calibre. “Uma saida demorada mas menos traumática”?? O que é isso cara palida? Saida de quem? “Resta ver o que dirão as ruas”?? O samba do crioulo doido. Em 1992 ninguem pediu a volta dos militares em ingles, nem em portugues. Agora a elite loira esta clamando por uma intervenção militar dos Estados Unidos. Só pode. É isso que “dirão”as ruas. E o Zé Murilo ainda vem dar ares de seriedade a essa meleca golpista da Globo?? Esclerozou.

    1. A luta é pela renúncia, vão

      A luta é pela renúncia, vão ser longos e negros estes próximos 4 anos. A auto sabotagem não tem limites, corta-se fora o braço à altura do ombro pela verruga a secar na ponta do mindinho.

      Esperemos que os ânimos se esfriem, mas ontem vi pessoas que tinha em alta estima em selfies do facebook. O ressentimento por qualquer coisa martelada na cabeça destes é grande.

      A única saída é a catarse do minuto de ódio.

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