A estratégica rota para o Pacífico, sem TPP

Por Edson Marcon

Se a ferrovia seguir na direção de Pucalpa, como diz o texto da CartaCapital, essa seria a rota menos prejudicial em termos de impacto ecológico, pois já existe uma rodovia entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul (o estrago já foi feito), e a ferrovia atravessaria o parque da Serra do Divisor em seu ponto mais estreito, indicado pela seta, para depois alcançar Pucalpa.

Por esse caminho, o porto peruano ao final da ferrovia seria ao norte do Peru, como quer o presidente peruano, provavelmente a ferrovia seguirá para Piura.

Se a ferrovia seguisse para o sul a partir de Rio Branco, atravessaria muitas áreas de preservação no Peru, inclusive a de Manu, ainda intocada.

da Carta Capital

De olho no mercado asiático, uma rota para o Pacífico

Estrada de ferro que ligará Ferrovia Norte-Sul à costa do Pacífico será financiada pela China, com interesse nas matérias-primas do Brasil

Dentre os 35 acordos firmados entre Brasil e China durante a visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao Brasil em maio, o de maior magnitude é a Ferrovia Transoceânica.

Além da compra de 80% do banco brasileiro BBM pelo chinês Bank of Communications e acordos envolvendo 53 bilhões de reais, em áreas de planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia e comércio, o Brasil pode conseguir, através da China, realizar o sonho de ter uma porta de acesso ao Pacífico. Chamada de Ferrovia Transoceânica, Bioceânica ou mesmo Transcontinental, a estrada de ferro partiria do Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro, cruzando todo o País até desembocar nos portos peruanos.

O acordo envolvendo os três países está dentro do plano de cooperação Brasil-China até 2021 e tem custo estimado entre 4,5 bilhões e 10 bilhões de dólares. O projeto ambicioso da Transoceânica permitirá que o Brasil exporte via Oceano Pacífico soja e minério de ferro, dois dos seus principais produtos no comércio com a China.

Além de ser um alicerce importante na integração sul-americana, ao ligar a região centro-oeste ao Pacífico, a ferrovia é uma estratégia para o barateamento do frete e redução do tempo de escoamento de outros produtos brasileiros para exportação, como grãos e carne.

A ligação da capital de Rondônia ao Pacífico significa ainda aos produtores brasileiros uma alternativa ao escoamento via Atlântico e através do Canal do Panamá para o mercado chinês.

Considerada pela própria presidenta Dilma Rousseff como “estratégica para o Brasil”, a ferrovia é também importante para a China, uma vez que o gigante asiático é um grande consumidor de matérias-primas brasileiras. Sob o projeto da ferrovia, Pequim pretende aumentar sua presença econômica no continente e facilitar o acesso às commodities da região sul-americana, ponto de interesse também para o Peru.

A ferrovia que pode chegar a 3,5 mil quilômetros começaria no norte da costa fluminense, atravessando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes até terminar no litoral peruano banhado pelo Pacífico.

O projeto ganhou novo impulso com a visita de Li ao Brasil, Colômbia, Peru e Chile em maio, quando foram confirmados os estudos de viabilidade da conexão ferroviária entre o Atlântico e o Pacífico.

Mas a construção da estrada, que representaria um novo patamar nas relações China-Brasil, teria de superar grandes obstáculos não apenas em matéria de engenharia (ao passar pelos Andes, por exemplo), como também desafios ambientais e políticos. Pela provável rota que terá, é possível que a Ferrovia Transoceânica passe por locais próximos ou dentro de territórios indígenas e áreas de preservação ambiental.

De Rondônia até a cidade de Pucallpa, no Peru, há ao menos três reservas indígenas no Acre – a Terra Indígena Poyanawa, com 566 habitantes e duas aldeias; a Terra Indígena Jaminawa do Igarapé Preto, com 211 moradores e quatro aldeias das etnias jaminawá e jaminawá-arara; a Terra Indígena Nukini, com 672 habitantes e três aldeias –, além do Parque Nacional da Serra do Divisor, com mais de 846 mil hectares, 1.233 espécies animais, sendo algumas ameaçadas de extinção.

Os estudos finais sobre a viabilidade da Ferrovia Transoceânica só ficarão prontos em maio do ano que vem. Mas o governo brasileiro vem deixando cada vez mais claro que aposta no projeto.

No novo pacote de concessões, anunciado em 9 de junho, Dilma Rousseff ressaltou que o plano de privatizações de 198,4 bilhões de reais priorizará as ferrovias, que terão concessões no valor de 86,4 bilhões de reais.

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ressaltou em 17 de junho que a extensão da malha ferroviária, passando por Mato Grosso (maior produtor de grãos), Rondônia e Acre até chegar ao Peru, é de fundamental importância para o Brasil e pode movimentar o equivalente a 40 bilhões de reais em investimentos.

 

 

Redação

6 Comentários

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  1. É um projeto complicado e

    É um projeto complicado e polemico. Um corredor verdadeiro mais logico e mais curto seria de Santos a Iquique no Chile, ligaria o Sudeste brasileiro, coração da economia do Pais a um porto do Pacifico completamente pronto.

    A ferrovia do Peru só serve para levar soja do oeste brasileiro à China e o frete de retorno? Não há. O porto peruano é modesto e precisa ser adaptado a grãos.

    O Corredor Santos Iquique já tem pré-projeto pronto mas não será exequivel enquanto Evo Marales dominar a Bolivia com sucessivas reeleições que ele introduziu na Constituição boliviana. Morales não aceita porto chileno porque quer um pedaço do litorial chileno como parte da Bolivia, embora o Chile tenha oferico porto franco à Bolivia, como o Brasil faz com o Paraguai em Paranagua.. A Bolivia não quer porto franco, quer soberania boliviana no porto, como não há no horizonte essa possibilidade apoia a solução via Peru, que interessa muito menos ao Brasil. Exportar soja por essa rota não terá redução, se é que haverá, de custo de transporte. É muito mais logico embarcar soja no Rio Amazonas diretamente nos navios, como já está sendo feito pelo pelos terminais das tradings na Bacia Amazonica.

    O projeto dessa Ferrovia Transandina ( e não Transoceanica, nome inadequado, a ferrovia não atravessa oceanos) está sendo comandando pela Bolivia e não pelo Brasil, que vai a reboque.

    Quanto a atravessar terras dita indigenas onde tem meia duzia de indios e ate ridiculo comentar, se fosse porisso os EUA não teria unido a Costa Leste à California até hoje, se fossem familias brancas que lá morassem ninguem levaria em consideração , como é índio não pode? Francamente.

    Uma questão importante, quem paga o custo de financiamento da ferrovia? A Bolivia vai bancar sua parte ou tudo ficará por conta do Brasil?  Atravessa Peru e Bolivia, portanto beneficia esses paises, eles vão pagar seus trechos?

    1. Rota estratégica

      A ferrovia não atravessa a Bolívia, conforme alguns mapas já disponíveis e acessíveis pela Internet:

      http://sgc.com.br/noticias/radioalvorada/raupp-trata-ministerio-dos-transportes-sobre-investimentos-externos-na-construcao-da-ferrovia-transcontinental/

      http://sgc.com.br/noticias/radioalvorada/raupp-trata-ministerio-dos-transportes-sobre-investimentos-externos-na-construcao-da-ferrovia-transcontinental/

      A saída pelo extremo oeste em direção à Pucalpa no Peru possui um valor estratégico adicional de descentralização econômica, além de estimular a ocupação e integração de território.

      Uma possível ligação entre Santos e portos do norte chileno não estarão impedidas como salientou alexis em comentário acima.

       

  2. Muito bom

    Já o tramo interno de Brasil seria bom para o país.

    A saída por Peru é menos complexa politicamente (como indica AA noutro comentário) e também será importante, ao ponto que nada, no futuro, impeça a construção de novo ramal até o Chile, quando houverem melhores condições.

    Quero ver o Brasil nos trilhos, atravessando dezenas de cidades de 1 milhão, ao invés de poucas megacidades, onde tudo escorrega para Miami. O trem será o aparelho circulatório onde realmente o sangue irá irrigar todo o território.

  3. Porque essa rota?

    — A região entre o sul do Peru, Bolívia e norte do chile e da Argentina é onde a cordilheira dos Andes é mais larga e mais alta, portanto mais difícil de se construir uma ferrovia.

    — Já existem ferrovias construídas ou em projeto até Rondônia.

    — Brasil e Peru querem desenvolver o norte de seus países.

    — Nessa região não existem disputas por fronteiras.

  4. ….eu tenho a purga atrais

    ….eu tenho a purga atrais da oreia com este projeto !

     

       E o Evo Morales já tá interpelando a China pela participação no projeto e a passagem da rede pelo território boliviano.

          …se não; …onde ficaria a integração dos paises socialistas sul-americanos.

       Se você olha o trageto da malha, vê claramente a economia que seria se a rede passase pela Bolivia.

       O que é altamente temeroso.

                   Já tô imaginando aqui o Evo Morales instalando uma cancela pra cobrar o pedagio do trem em cima do preço da carga.

         Guenta ai !!!

        

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