China está mais preparada para guerra fiscal do que EUA, diz analista

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Para economista, dados levantam questionamentos sobre se a guerra comercial dos EUA com a China está atendendo interesses norte-americanos

Foto de toter yau via pexels.com

A guerra comercial contra a China lançada pelo presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump em 2018 buscava reduzir a dependência norte-americana de itens chineses, proteger a manufatura e conter o avanço global do país oriental. Contudo, o cenário apresentado seis anos depois é bem diferente.

“Longe de isolar a China, as tarifas dos Estados Unidos – muitas das quais o governo Biden manteve – inadvertidamente aumentaram sua pegada global”, diz Keyu Kin, professora de economia da London School of Economics.

“A estratégia de contenção dos Estados Unidos se tornou um trampolim para as empresas chinesas diversificarem, inovarem e expandirem”, explica a articulista em texto publicado no site Project Syndicate.

Essa conjuntura ajuda a explicar por que a China não mostra tanta preocupação com as novas ameaças feitas por Trump em um segundo mandato. Segundo a articulista, o país não só ganhou experiência com as negociações feitas anteriormente com Trump como “vem preparando há muito tempo sua própria estratégia de redução de riscos (…)”.

A primeira guerra comercial com os Estados Unidos gerou um “frenesi de globalização” chinesa, com muitas empresas realocando produção para contornar tarifas, o que aumentou a eficiência dos gastos realizados e também ajudou a realizar acordos comerciais com mercados regionais em grande crescimento.

Diante dessa conjuntura, a economista questiona se a guerra comercial está atendendo aos interesses norte-americanos, uma vez que fabricantes norte-americanos tiveram de lidar com alta dos custos dos insumos e redes de produção interrompidas.

“Ao forçar a China a se afastar dos EUA, as tarifas corroeram ainda mais a alavancagem e a influência americanas, o que se reflete no uso internacional crescente do renminbi. Muitos dos parceiros comerciais da China agora liquidam transações em sua moeda”, pontua.

Segundo a articulista, a guerra comercial também não afetou a competitividade chinesa, uma vez que a presença chinesa nas exportações tem aumentado conforme a participação norte-americana está em queda.

“Em uma economia que, de outra forma, estaria em dificuldades, as exportações chinesas têm sido um raro ponto positivo, com média de crescimento anual de 11,7% entre 2019 e 2022. Alguns setores, como baterias de lítio e módulos fotovoltaicos, cresceram exponencialmente nos últimos três anos”, explica Keyu Kin.

Além disso, dados recentes mostram que 90% das empresas chinesas estão considerando expandir para o exterior, com 86% das pequenas e médias empresas especializadas já implementando planos concretos para isso.

“Entre 2015 e 2023, 89% das empresas automotivas e de peças chinesas começaram a operar globalmente, e o setor de equipamentos médicos deve ter crescido mais de 30% ano a ano em 2024”, ressalta a economista.

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