
A recente decisão do Supremo Tribunal de Hong Kong em ordenar a dissolução da corporação chinesa Evergrande encerra um capítulo sobre um dos maiores fracassos empresariais vistos no país desde a abertura econômica e as reformas iniciadas na década de 80.
“A Evergrande se tornou um símbolo do exagero em um setor imobiliário viciado em crescimento altamente alavancado, e um sinal da determinação chinesa em quebrar o molde dos resgates para empresas vistas como ‘grandes demais para falir’”, diz editorial do jornal South China Morning Post.
Para a publicação, “o fato de a China Evergrande ter conseguido acumular US$ 328 bilhões em passivos para se tornar a construtora mais endividada do mundo é, por si só, surpreendente”.
A construtora é alvo de processo pelos seus credores há 18 meses, e chegou a se safar em sete audiências anteriores, mas no final ficou claro que a paciência das autoridades chegou ao fim.
Ao afirmar que era “hora de o tribunal colocar um basta”, a juíza Linda Chan não só concedeu a ordem de liquidação da incorporadora como um liquidante provisório já foi nomeado.
Embora ainda exista espaço para recurso, um eventual fracasso na proposta pode levar ao início do processo da liquidação de ativos e o respectivo pagamento dos credores nacionais e offshore da China Evergrande.
De acordo com o South China Morning Post, “o desaparecimento da Evergrande é o fracasso de maior visibilidade de uma empresa chinesa desde que o primeiro-ministro Zhu Rongji fechou a Corporação Internacional de Comércio e Investimento de Guangdong no final da década de 1990”.
Contudo, embora a Evergrande tenha sido punida, as ações das empresas concorrentes que têm passado por suas próprias crises de dívida apresentaram valorização no mercado, em uma possível descoberta de um piso na longa crise imobiliária chinesa.

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